CANTO
CIVIL
Este
é o meu canto civil
canto
cívico graduado
desde
um tempo antigo que vivi
entre
poemas de aço camuflados e algemas de silêncio
Esse
era o tempo do assalto às casernas
mas
já então eu escrevia o que devia:
a
cartilha da guerrilha do amor e da paz
para
ser ensinada à luz das lanternas
nas
escolas nas igrejas na parada dos quartéis
Este
é o meu canto civil
canto
cívico desfardado
escrito
a vinte e cinco e oito de abril
do
ano passado à noite
de
punho cerrado com alegria e sem espanto
canto
para ser cantado de dia
por
todos por muitos por mim ou por ninguém:
Soldado
raso
ao
cimo da calçada
em
guarda
de
flor e farda
a
flor que te damos
é
pão da madrugada
É
pão amassado
sem
liberdade
é
gesto de guerra
em
nome da paz
É
flor de canção
em
terra mar e ar
rubra
flor popular
num
só cano de espingarda
Soldado
raso
em
sentido na memória
lembra-te
de novo e sempre
a
flor que te damos
é
da terra é do povo
é
pão da madrugada.
Orlando
da Costa