16.2.14

TRADIÇÃO ORAL: As Alcunhas de Nisa (7)

Já morreu o J. Velhinho,
Que tocava bem guitarra;
Também morreu o Valerinho,
Nada consegue quem não se agarra.

Ainda ahi anda o Formiguinha,
Que só gostava do figo Inchado;
Apoiado à bengalinha,
Está quasi cego, coitado.

Há por ahi muito Veneno,
Até Barbas há, d´essa gente;
Anda o lavrador pouco contente,
Por haver, est´ano, pouco feno.

Passei por um Montezinho,
Vinha à Villa comprar rêlhas;
Trazia no braço um Saquinho,
Com meia dúzia de queijos d´ovelhas.

Só n´uma casa “Mil Homens” há,
Não comem Galuchos, Pastéis;
É bom artista o Padá,
Acabaram já os Cinco Réis.

Há muita cachopa Bonita,
Nas Relvas poisou o Pacau;
Rebenta-Calções, o Catita,
Jogou bilhar, o Picáu.

Como toda a gente costuma ter férias,
Também eu agora, as quis ter;
Oiçam lá mais umas Lérias,
Nada ficará por vos dizer.

São, talvez, já uns 300,
Quási metade da coleção;
Mas d´aqui por uns momentos,
Continuarei esta função.

Ahi vão já: o Cananão e Pastelinho,
O Veredas e Bugalhão;
O Bufa-Fina e o Patrão,
O Canhoto e Vermelhinho.

Trata-se um Hespanhol por tu,
Papa-Azeite o Masculino;
Guarda-se a roupa n´um Bahú,
Marra-Manso o Zé Menino.

Campeia livremente o deboche,
Todos teem Pena da Morte;
Há por ahi muito Fantoche,
E alguns com muita sorte.

Quando haverá pão a pataco,
Como apregoou o Bandarra;
Quando quererá o Zé Macaco,
Fazer as pazes com o Barra?

Há em Niza muito Doutor,
Mas só houve um de Cappêllo;
Por aos estudos não ter amor,
Não se formou o Má- Cabêllo.

Mal vae a quem não tem manha,
Pr´a se livrar d´intrugisses;
Dos q´untam o cabêllo com Banha,
E que não merecem meiguices.

Há muito bolo, muita queijada,
Muito ovo se gastou;
Foi muita forneira multada,
Pelo grã crime que praticou.

Traz-nos, em pé, a comida,
Pouco mais nos é preciso;
Que bem se levaria a vida,
Com mais saúde, dinheiro e juízo.