(Ouvindo Miles Davis “round about midnight”; Patti Smith)
Confesso. Gosto da escrita deste gajo, porra! E depois já
viram o sainete que não dá andar um mânfio, por entre as carruagens da linha de Sintra, com um livro de 1 kg ,
ainda por cima escrito por um tipo japonês!!!
Mas pesporrices à parte, Haruki Murakami escreve mesmo bem. Pelo menos, para o meu gosto.
O livro que vendeu muito, por vezes quando assim é, o caso é
para desconfiar, mas não, Murakami prova afinal que se podem escrever bons
livros que tenham venda.
Nestes casos, autor japonês, mas podia ser de outra
proveniência exótica para os ocidentais, costuma gostar-se da cena por isso
mesmo, pelo exotismo. Quanto a mim é aqui que Murakami ganha o jogo. Não
deixando de ser japonês, nele podemos encontrar o substrato da sua
“japoneidade”, atinge um invulgar nível de cosmopolitismo que a mim me agrada,
demonstrando que a abertura de espírito a outras culturas só nos faz é bem e
com isso eleva-se a grau elevado no panteão da escrita.Não vos vou contar a história pois tirar-vos-ia o interesse
pela descoberta e o desvendar do mistério, passo a passo. Mas sempre vos digo
que lá podemos encontrar os sons das melodias que também nos embalam a nós. E não deixa de ser giro ouvir Miles, Bach, Beatles, pela escrita japonesa.
Jaime Crespo