23.2.14

CRÓNICAS DO REGABOFE (27): Kafka à beira-mar: Haruki Murakami

(Ouvindo Miles Davis “round about midnight”; Patti Smith)
Confesso. Gosto da escrita deste gajo, porra! E depois já viram o sainete que não dá andar um mânfio, por entre as carruagens da linha de Sintra, com um livro de 1 kg, ainda por cima escrito por um tipo japonês!!!
Mas pesporrices à parte, Haruki Murakami escreve mesmo bem. Pelo menos, para o meu gosto.
O livro que vendeu muito, por vezes quando assim é, o caso é para desconfiar, mas não, Murakami prova afinal que se podem escrever bons livros que tenham venda.
Nestes casos, autor japonês, mas podia ser de outra proveniência exótica para os ocidentais, costuma gostar-se da cena por isso mesmo, pelo exotismo. Quanto a mim é aqui que Murakami ganha o jogo. Não deixando de ser japonês, nele podemos encontrar o substrato da sua “japoneidade”, atinge um invulgar nível de cosmopolitismo que a mim me agrada, demonstrando que a abertura de espírito a outras culturas só nos faz é bem e com isso eleva-se a grau elevado no panteão da escrita.Não vos vou contar a história pois tirar-vos-ia o interesse pela descoberta e o desvendar do mistério, passo a passo. Mas sempre vos digo que lá podemos encontrar os sons das melodias que também nos embalam a nós. E não deixa de ser giro ouvir Miles, Bach, Beatles, pela escrita japonesa.
Jaime Crespo