Curadoria de Filipe Rocha da Silva
De terça-feira a domingo, 10h00-13h00 / 14h00-18h00 | Entrada livre
Inauguração: 1 de novembro
No ano de 2025, a Universidade de Évora comemora o cinquentenário da primeira aula após a sua refundação, enquanto Instituto Universitário de Évora (1973), e o quadragésimo quinto aniversário da sua existência contemporânea com a atual designação.
O ímpeto para a (re)criação de uma instituição de ensino superior na
capital alentejana deve-se sobretudo à vontade e à visão do ministro Veiga
Simão que, em 1973, lançou a base para a criação de cinco novas universidades
no país. Não obstante, a estreita ligação entre a recém-fundada universidade e
o precedente ISESE – Instituto Superior Económico e Social de Évora,
implementado anos antes pelo Engenheiro e benemérito Vasco Maria Eugénio de
Almeida e pela Companhia de Jesus, não pode deixar de ser assinalada. Em grande
medida, entronca nessa colaboração a profícua e benéfica relação de proximidade
e convergência que tem marcado, ao longo de décadas, a interação entre a
Universidade de Évora e a Fundação Eugénio de Almeida.
A celebração das referidas efemérides não poderia deixar de considerar,
por um lado, a história desta que foi a segunda instituição de ensino superior
fundada em Portugal há 466 anos, nem a sua projeção no futuro, assente nas
múltiplas gerações de estudantes que nela se têm formado ao longo dos últimos
50 anos, e que nela continuam a desenvolver as competências de que necessitarão
no exercício da sua atividade futura.
A Universidade de Évora dispõe de um conjunto de obras de arte, algumas
datadas dos sécs. XVII e XVIII, outras contemporâneas. As primeiras provêm,
possivelmente, de um esforço de renovação e decoração dos espaços do Colégio do
Espírito Santo, que terá resultado na construção do frontão da fachada
principal, na azulejaria das salas de aula do Claustro Maior e numa extensa
série de pinturas que se encontram atualmente nos corredores do terceiro piso.
Por outro lado, e desde os anos 40 do século passado, a Universidade de Évora é
depositária de algumas obras artísticas que fazem parte das coleções do Museu
Nacional Frei Manuel do Cenáculo. Já as obras de arte contemporânea, expostas
em parte na Sala de Docentes, foram adquiridas ou doadas durante os mandatos
dos ex-reitores António Santos Júnior e Jorge Araújo. Um outro núcleo integra
obras produzidas por técnicos e estudantes da Escola de Artes da Universidade
de Évora, fundada na viragem para o séc. XXI, e cuja dinâmica cultural tem
sido, nos anos recentes, amplamente reconhecida e apreciada ao nível municipal,
regional, nacional e internacional.
A exposição ÉUMAVEZ: Artes e Visualidade na Universidade de Évora
resulta, em primeiro lugar, de uma política de valorização do património
artístico dessa instituição (ou nela exposto), desde 2024, que tem passado pela
inventariação, catalogação e musealização das obras em causa, bem como pela
publicação de um roteiro alusivo, que contará com contributos fundamentais de
investigadores e especialistas nas respetivas áreas. Esta iniciativa
enquadra-se nas comemorações acima referidas e assenta numa profícua parceria
com a Fundação Eugénio de Almeida, cujo acolhimento no seu Centro de Arte e Cultura
se traduz na primeira mostra pública deste impressionante conjunto de obras, e
no seu reconhecimento como coleção de arte contemporânea.
Pela mesma ocasião, pretendeu-se contribuir para a criação de fontes
sobre a história da referida coleção, através do registo videográfico de
entrevistas com José Alberto Machado, Professor Catedrático Jubilado da
Universidade de Évora e Pró-Reitor para a Cultura nas últimas décadas do séc.
XX, a cuja iniciativa se deve a compra e/ou cedência de várias obras que integram
a exposição; a Arlete Alves da Silva, que trabalhava então na Galeria 111,
fundada pelo seu marido, Manuel de Brito, e nos confia as suas recordações
sobre o mercado de arte de então; e a António Cândido Franco, escritor, docente
aposentado da Universidade de Évora e amigo de Artur do Cruzeiro Seixas, que
tornou possível a doação de um extenso conjunto documental e artístico à
Biblioteca da referida Universidade.
Esperamos que a exposição ÉUMAVEZ: Artes e Visualidade na Universidade
de Évora permita encerrar com chave de ouro as comemorações do cinquentenário
da refundação da Universidade de Évora, dando a conhecer à comunidade, senso
lato, as obras de arte desta instituição (ou a ela confiadas), num dos espaços
expositivos mais dignos e prestigiados da região e do país, cumprindo
simultaneamente os desígnios da Universidade de Évora, da Fundação Eugénio de
Almeida e do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo. Sobretudo, que ela
estimule os interessados a olhar, fruir e deixar-se inspirar por um conjunto de
obras de arte de superlativa qualidade, contribuindo decisivamente para a
valorização desta coleção e para a sua abertura à comunidade em geral, para
usufruto de todos quantos queiram e possam visitá-la.
Ana Telles - Vice-Reitora para a Cultura e Comunidade da Universidade de Évora
Esta exposição visa reunir algumas obras marcantes de Desenho, Pintura
e Escultura que estão à guarda ou pertencem ao espólio da Universidade de
Évora. Trata-se da primeira exibição pública destas obras e acontece por
ocasião das comemorações da refundação da Universidade de Évora, enquanto
Instituto Universitário de Évora (entre 1973 e 1975), que culminam em 1 de
novembro de 2025.
Simbolicamente, enquanto Évora se prepara para ser Capital Europeia da
Cultura em 2027, a Universidade abre as suas coleções ao grande público, em
sinergia com um dos seus interlocutores de relevo, a Fundação Eugénio de
Almeida. Ambas as instituições fazem parte da Assembleia Geral da Associação
Évora_2027 e partilham objetivos no que respeita à valorização e à promoção da
Cultura, enquanto agente transformador das pessoas e das sociedades, tanto na
cidade em que se implantam, como no Alentejo e ainda a nível nacional e
internacional.
Daí o título desta exposição: É Uma Vez. A distorção do tempo verbal
causada pelo inesperado presente, chama a atenção para a inusitada sobreposição
entre épocas diferentes num único percurso visual. Através de obras
significativas, esta reunião vai confrontar três momentos determinantes da
história da Universidade de Évora: o passado notável das artes na antiga
Universidade jesuíta (sécs. XVI-XVIII); a sua expansão, aquando da refundação,
na segunda metade do século XX; e ainda a explosão criativa, através do que
viria a ser a Escola das Artes, na transição para o século XXI, com os olhos
postos no futuro.
A exposição incorpora ainda investigação histórica, consubstanciada em
documentos biográficos doados por um artista à Universidade e depoimentos em
vídeo, determinantes para a origem dos materiais expostos.
Filipe Rocha da Silva - Curador da exposição
