24.10.25

ÉUMAVEZ. Artes e Visualidades na Universidade de Évora


EXPOSIÇÃO

Curadoria de Filipe Rocha da Silva

De terça-feira a domingo, 10h00-13h00 / 14h00-18h00 | Entrada livre

Inauguração: 1 de novembro

No ano de 2025, a Universidade de Évora comemora o cinquentenário da primeira aula após a sua refundação, enquanto Instituto Universitário de Évora (1973), e o quadragésimo quinto aniversário da sua existência contemporânea com a atual designação.

O ímpeto para a (re)criação de uma instituição de ensino superior na capital alentejana deve-se sobretudo à vontade e à visão do ministro Veiga Simão que, em 1973, lançou a base para a criação de cinco novas universidades no país. Não obstante, a estreita ligação entre a recém-fundada universidade e o precedente ISESE – Instituto Superior Económico e Social de Évora, implementado anos antes pelo Engenheiro e benemérito Vasco Maria Eugénio de Almeida e pela Companhia de Jesus, não pode deixar de ser assinalada. Em grande medida, entronca nessa colaboração a profícua e benéfica relação de proximidade e convergência que tem marcado, ao longo de décadas, a interação entre a Universidade de Évora e a Fundação Eugénio de Almeida.

A celebração das referidas efemérides não poderia deixar de considerar, por um lado, a história desta que foi a segunda instituição de ensino superior fundada em Portugal há 466 anos, nem a sua projeção no futuro, assente nas múltiplas gerações de estudantes que nela se têm formado ao longo dos últimos 50 anos, e que nela continuam a desenvolver as competências de que necessitarão no exercício da sua atividade futura.

A Universidade de Évora dispõe de um conjunto de obras de arte, algumas datadas dos sécs. XVII e XVIII, outras contemporâneas. As primeiras provêm, possivelmente, de um esforço de renovação e decoração dos espaços do Colégio do Espírito Santo, que terá resultado na construção do frontão da fachada principal, na azulejaria das salas de aula do Claustro Maior e numa extensa série de pinturas que se encontram atualmente nos corredores do terceiro piso. Por outro lado, e desde os anos 40 do século passado, a Universidade de Évora é depositária de algumas obras artísticas que fazem parte das coleções do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo. Já as obras de arte contemporânea, expostas em parte na Sala de Docentes, foram adquiridas ou doadas durante os mandatos dos ex-reitores António Santos Júnior e Jorge Araújo. Um outro núcleo integra obras produzidas por técnicos e estudantes da Escola de Artes da Universidade de Évora, fundada na viragem para o séc. XXI, e cuja dinâmica cultural tem sido, nos anos recentes, amplamente reconhecida e apreciada ao nível municipal, regional, nacional e internacional.

A exposição ÉUMAVEZ: Artes e Visualidade na Universidade de Évora resulta, em primeiro lugar, de uma política de valorização do património artístico dessa instituição (ou nela exposto), desde 2024, que tem passado pela inventariação, catalogação e musealização das obras em causa, bem como pela publicação de um roteiro alusivo, que contará com contributos fundamentais de investigadores e especialistas nas respetivas áreas. Esta iniciativa enquadra-se nas comemorações acima referidas e assenta numa profícua parceria com a Fundação Eugénio de Almeida, cujo acolhimento no seu Centro de Arte e Cultura se traduz na primeira mostra pública deste impressionante conjunto de obras, e no seu reconhecimento como coleção de arte contemporânea.

Pela mesma ocasião, pretendeu-se contribuir para a criação de fontes sobre a história da referida coleção, através do registo videográfico de entrevistas com José Alberto Machado, Professor Catedrático Jubilado da Universidade de Évora e Pró-Reitor para a Cultura nas últimas décadas do séc. XX, a cuja iniciativa se deve a compra e/ou cedência de várias obras que integram a exposição; a Arlete Alves da Silva, que trabalhava então na Galeria 111, fundada pelo seu marido, Manuel de Brito, e nos confia as suas recordações sobre o mercado de arte de então; e a António Cândido Franco, escritor, docente aposentado da Universidade de Évora e amigo de Artur do Cruzeiro Seixas, que tornou possível a doação de um extenso conjunto documental e artístico à Biblioteca da referida Universidade.

 À Fundação Eugénio de Almeida, e especialmente a Marisa Guimarães, coordenadora do Centro de Arte e Cultura, é devido um agradecimento muito especial, pela visão, cumplicidade, competência, disponibilidade e empenho em levar este projeto a bom porto. Ao Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, na pessoa da sua atual diretora (e docente da Universidade de Évora), Sandra Leandro, agradecemos a cedência de uma peça-chave desta exposição, o retrato do Cardeal D. Henrique, que habitualmente se encontra exposto na Sala dos Atos. A Filipe Rocha da Silva, docente jubilado da Universidade de Évora e um dos fundadores da Escola de Artes, estamos profundamente gratos pela curadoria da exposição, que constitui garantia inabalável da respetiva qualidade artística. A João Cordeiro, docente no Departamento de Artes Visuais e Design, e a Teresa Maluenga, técnica no mesmo departamento, devemos e agradecemos a realização dos registos videográficos de entrevistas que integram a própria exposição.

Esperamos que a exposição ÉUMAVEZ: Artes e Visualidade na Universidade de Évora permita encerrar com chave de ouro as comemorações do cinquentenário da refundação da Universidade de Évora, dando a conhecer à comunidade, senso lato, as obras de arte desta instituição (ou a ela confiadas), num dos espaços expositivos mais dignos e prestigiados da região e do país, cumprindo simultaneamente os desígnios da Universidade de Évora, da Fundação Eugénio de Almeida e do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo. Sobretudo, que ela estimule os interessados a olhar, fruir e deixar-se inspirar por um conjunto de obras de arte de superlativa qualidade, contribuindo decisivamente para a valorização desta coleção e para a sua abertura à comunidade em geral, para usufruto de todos quantos queiram e possam visitá-la.

Ana TellesVice-Reitora para a Cultura e Comunidade da Universidade de Évora

Esta exposição visa reunir algumas obras marcantes de Desenho, Pintura e Escultura que estão à guarda ou pertencem ao espólio da Universidade de Évora. Trata-se da primeira exibição pública destas obras e acontece por ocasião das comemorações da refundação da Universidade de Évora, enquanto Instituto Universitário de Évora (entre 1973 e 1975), que culminam em 1 de novembro de 2025.

Simbolicamente, enquanto Évora se prepara para ser Capital Europeia da Cultura em 2027, a Universidade abre as suas coleções ao grande público, em sinergia com um dos seus interlocutores de relevo, a Fundação Eugénio de Almeida. Ambas as instituições fazem parte da Assembleia Geral da Associação Évora_2027 e partilham objetivos no que respeita à valorização e à promoção da Cultura, enquanto agente transformador das pessoas e das sociedades, tanto na cidade em que se implantam, como no Alentejo e ainda a nível nacional e internacional.

Daí o título desta exposição: É Uma Vez. A distorção do tempo verbal causada pelo inesperado presente, chama a atenção para a inusitada sobreposição entre épocas diferentes num único percurso visual. Através de obras significativas, esta reunião vai confrontar três momentos determinantes da história da Universidade de Évora: o passado notável das artes na antiga Universidade jesuíta (sécs. XVI-XVIII); a sua expansão, aquando da refundação, na segunda metade do século XX; e ainda a explosão criativa, através do que viria a ser a Escola das Artes, na transição para o século XXI, com os olhos postos no futuro.

A exposição incorpora ainda investigação histórica, consubstanciada em documentos biográficos doados por um artista à Universidade e depoimentos em vídeo, determinantes para a origem dos materiais expostos.

Filipe Rocha da SilvaCurador da exposição