Depois de os pais de Manu terem pedido ao Ministério Público a abertura de inquérito para apuramento de eventuais responsabilidades criminais da Associação Académica da Universidade do Minho, a quem pertence o bar que estava concessionado, do gestor e de um segurança do espaço, é agora a vez da família da jovem avançar com uma ação contra o suspeito da tentativa de viciação da bebida e os responsáveis do bar.
Este trágico episódio deixa-nos duas importantes reflexões. A primeira é um alerta para os perigos que se escondem numa saudável noite de copos: a aparente facilidade com que se recorre a drogas que deixam as vítimas, mulheres principalmente, vulneráveis a crimes como violação e roubo. A segunda é uma nota de esperança. Vivemos num mundo extremado pelo individualismo em que a competição derrubou a cooperação e o oportunismo venceu a empatia. Num tempo em que as redes sociais são palco fácil para vedetismos tão instantâneos quanto fúteis. Estamos todos, enquanto sociedade, mais egoístas. Mas ainda há quem arrisque defender a pessoa do lado. Quem ouse levantar a voz para denunciar uma injustiça. Quem não tenha medo de fazer o que está certo. Manu morreu a defender uma colega de uma possível violação. Era um dos bons. Não estivesse a palavra gasta pelo mau uso, diria que um verdadeiro herói.
• Helena Norte – Jornal de Notícias - 12 maio, 2025