24.5.25

NISA: Conheça os poetas do concelho (XXV) - António Borrego


Raízes 

Quando o sol da meia tarde

corta as esquinas

(como um laser)

suspendo as mágoas

ponho-as a flutuar

para se tornarem leves

e, este brilho que tenho nas mãos

não são pirilampos

é o teu espírito

que veio até mim

com a luz, que te veste

se não te inventar...

a "trama do dia"...desfaz-me

as estátuas tremem de abandono

se não te recordar

uma "angústia que envelhece"

restringe a visita da luz

dessa luz que invoco

em todas as madrugadas

no inicio das preces

só depois me entrego

aos momentos que te reclamam

e, confirma-se!

Deus fez tudo perfeito!

depois, "fecho a consciência"

tento ter paz...

sentir a brisa...

polvilhada de todos os perfumes

e, descortinar, cada um deles

neste silêncio...

em que, ressoa a nostalgia da utopia

que faz esquecer

os momentos insuportáveis

de um quotidiano

demasiado violento

demasiado trágico

esta oscilação entre a ignomínia e o sublime

faz pensar numa Babel feliz

onde as línguas coexistem

e as palavras cantam

(sem desfigurarem)

revestidas por luz intensa

como a mensagem...

nelas inculcada.

A.B.---2017