Raízes
Quando o sol da meia tarde
corta as esquinas
(como um laser)
suspendo as mágoas
ponho-as a flutuar
para se tornarem leves
e, este brilho que tenho nas mãos
não são pirilampos
é o teu espírito
que veio até mim
com a luz, que te veste
se não te inventar...
a "trama do dia"...desfaz-me
as estátuas tremem de abandono
se não te recordar
uma "angústia que envelhece"
restringe a visita da luz
dessa luz que invoco
em todas as madrugadas
no inicio das preces
só depois me entrego
aos momentos que te reclamam
e, confirma-se!
Deus fez tudo perfeito!
depois, "fecho a consciência"
tento ter paz...
sentir a brisa...
polvilhada de todos os perfumes
e, descortinar, cada um deles
neste silêncio...
em que, ressoa a nostalgia da utopia
que faz esquecer
os momentos insuportáveis
de um quotidiano
demasiado violento
demasiado trágico
esta oscilação entre a ignomínia e o sublime
faz pensar numa Babel feliz
onde as línguas coexistem
e as palavras cantam
(sem desfigurarem)
revestidas por luz intensa
como a mensagem...
nelas inculcada.
A.B.---2017