Entre as comemorações do 25 de Abril e o 1.º de Maio passámos por um apagão elétrico que assustou muita gente e infelizmente causou uma vítima mortal. Mas o 25 de Abril não foi apagado, apesar do momento de consternação pela morte do Papa Francisco. Mas foi vergonhosa a tentativa de a extrema-direita boicotar a tradicional e pacífica festa que se realiza todos os anos pela Av. da Liberdade. Esta gente é violenta, verbalmente ofensiva e não tiveram qualquer intenção de se manifestarem, mas sim, de criar conflitos.
O 25 de Abril continua por cumprir e os
ataques aos seus valores intensificam-se com o Iniciativa Liberal e o Chega a
atacarem direitos fundamentais sustentados pela Declaração Universal dos
Direitos Humanos. E a reboque, PSD e CDS já entram nessa deriva.
Quanto ao apagão, o mais grave foi o apagão na reação do governo que reuniu, mas não atuou; já entidades como forças de segurança, bombeiros incluídos, profissionais de saúde, autarquias e técnicos que restabeleceram a energia, merecem um bem-haja. Se muitas pessoas tiveram discernimento para manter a calma, outras agiram como se fosse um cenário de guerra, mas isto, também se deveu a declarações irresponsáveis e à falta de respostas.
O 1.º de Maio celebra-se na rua; não foi o da
campanha com Tony Carreira num ambiente que devia ser aberto a todos, mas que
foi limitado. Se festejamos as conquistas dos trabalhadores, também sabemos que
há muito por fazer, quando despedimentos e insolvências manhosas são
permitidas; quando as mulheres são penalizadas em relação aos homens e quando
os jovens enfrentam um mercado de trabalho assente na precariedade.
E quem sustenta estas políticas? Vão desde o
PS à extrema-direita. Por isso, são necessárias forças e políticas que defendam
as pessoas e não as grandes negociatas. Não me refiro aos negócios de
Montenegro, afinal são ou eram para gerir os bens de família e rechear contas
bancárias que tentou esconder; mas partimos do princípio que já não tem mais
nada para esconder, pois foi obrigado, à força a declarar a carteira de
clientes pendurados do Estado.
Cavaco Silva foi a pessoa mais “correta” para afiançar a ética de Montenegro; afinal, destruiu a economia, enganou quando afiançou que o BES estava sólido; deu pensões a dois PIDES que negou a Salgueiro Maia e ignorou o Nobel de Saramago… A lista de anormalidades é grande e foi neste senhor que muitos portugueses apostaram em maiorias absolutas e na presidência da república.
Não é de admirar que Albuquerque e Isaltino
sejam eleitos. Também não é de estranhar que depois de tudo, Montenegro esteja
a disputar as eleições. Já agora, depois do Chega eleger 50 deputados para a
A.R. e autarcas, muitos deles agarrados com contas à justiça, começo a
acreditar que existe uma miopia política generalizada e por isso já tenho muita
dificuldade em aceitar os queixumes de pessoas que votam neste tipo de
candidatos.
Acresce o problema pouco acautelado em
Portugal, que tem a ver com as sondagens que influenciam e bipolarizam as
eleições. Valem o que valem, mas são um ataque à democracia e Portugal não
acautela este fenómeno como acontece em vários países da União Europeia. Por
isso, temos pessoas que não votam porque se consideram intocáveis, inteligentes
e para estes “cegos” os partidos são todos iguais. Depois temos os calculistas que
vão na onda das sondagens e ainda temos os dos votos de protesto que votam
naquele partido que é contra tudo e todos, mesmo sabendo que dali não vem nada.
Mas como é que isto acontece?
Uma boa explicação está nas escolas. Ouvem-se alguns professores que votam em Montenegro porque descongelou as progressões e esquece-se de quem lutou por eles durante muitos anos; nem se lembram que ao seu lado estão os funcionários mal pagos que continuam a marcar passo… perguntem nas escolas como chegam muitos alunos no ponto de vista da educação; perguntem como reagem alguns pais a demonstrarem a razão do embrutecimento dos seus filhos. Perguntem sobre os níveis de vandalismo nas escolas e da violência entre alunos. Depois, têm a resposta e percebem como se elegem arruaceiros, interesseiros e mentirosos.
Ontem saiu fumo branco da chaminé da Capela
Sistina no Vaticano; o americano Prevost sucedeu ao argentino Bergoglio.
Esperemos que ajude a diluir os fumos negros que ensombram o mundo.
·
Paulo
Cardoso - 09-05-2025 - Programa "Desabafos" / Rádio Portalegre