7.5.25

Carta da SOS Racismo ao Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal

Assunto: Condenação do Ataque Israelita à Missão Humanitária da Flotilha da Liberdade e Exigência de Ação Urgente

Exmo. Senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Rangel,

O SOS Racismo, vem expressar a sua mais veemente condenação pelo ataque  israelita contra a embarcação Conscience, integrada na Flotilha da Liberdade, ocorrido no dia 2 de maio de 2025, em águas internacionais próximas a Malta.  Este ataque, que visou uma missão humanitária destinada a desafiar o bloqueio  desumano e ilegal à Faixa de Gaza, representa mais um crime do Estado de  Israel contra a solidariedade internacional e os direitos humanos. 

Todas estas informações têm chegado por veículos de comunicação  internacional e meios independentes. E sustenta-se no testemunho dos próprios  tripulantes da embarcação Conscience.

Factos Atualizados e Contexto:

1. Ataque a uma missão civil desarmada na Europa: O navio Conscience foi  alvejado por drones israelitas em águas internacionais a 17 quilómetros de Malta  enquanto se preparava para zarpar, causando danos graves e impedindo a sua  partida. Entre os ativistas presentes estavam Thiago Ávila (Brasil) e Greta Thunberg  (Suécia), que se preparavam para embarcar na missão de entrega de ajuda  humanitária a Gaza. Felizmente, não houve vítimas mortais, mas o ato constitui  uma grave violação do direito internacional. 

2. Bloqueio genocida a Gaza: Há mais de dois meses ininterruptos (num total  mais extenso), Israel impede a entrada de alimentos, medicamentos e  combustível em Gaza, condenando mais de 2,3 milhões de palestinianos à  fome e a doenças evitáveis. Enquanto isso, bombas continuam a matar civis  diariamente, num conflito que já ceifou mais de 52 mil vidas palestinianas desde  outubro de 2023. 

3. Histórico de violência contra a Flotilha da Liberdade: Em 2010, Israel atacou  o navio Mavi Marmara, matando 10 ativistas turcos. Agora, volta a atacar quem  tenta romper o cerco ilegal e desumano a Gaza, confirmando um padrão de  repressão violenta contra a solidariedade internacional.

Impossibilidade de entrar em águas nacionais: a tripulação fez pedidos ao  governo de Malta para entrar em água maltesas, pedido recusado, forçando a que  a tripulação procure reparar o navio pelos seus próprios meios em alto mar.  Atitude vergonhosa e que se considera de pressão de natureza política contra uma  ação humanitária.

Exigências da SOS Racismo ao Governo Português 

- Condenação formal e inequívoca: Portugal, enquanto Estado-Membro da UE,  deve romper o silêncio cúmplice e condenar este ataque como um ato de  pirataria internacional, exigindo responsabilização perante a ONU e o Tribunal  Penal Internacional. Posição tomada por outros Estados, incluindo o Espanhol, e  por membros do Parlamento Europeu.

- Suspensão de acordos com Israel: A UE deve congelar imediatamente todos  os acordos económicos e militares com Israel até que este cesse o bloqueio a  Gaza e permita a entrada irrestrita de ajuda humanitária. 

- Proteção aos ativistas e solidariedade com Gaza: Exigimos que Portugal apoie  diplomaticamente os ativistas visados e pressione a comunidade internacional  para garantir passagem segura a futuras missões humanitárias. 

- Investigação Independente: apoiamos a exigência da parte Coligação da  Flotilha e várias entidades internacionais para uma investigação independente da  ONU. Especialmente, depois de o ataque ter sido classificado como potencial  Crime de Guerra pela relatora para a ONU Francesca Albanese.

Senhor Ministro, a Europa não pode continuar a ser cúmplice do apartheid  israelita. Este ataque contra civis que tentam levar ajuda a um povo sitiado é um  atentado à humanidade. Portugal deve agir já – não com silêncios cúmplices ou  declarações vagas, mas com sanções, pressão diplomática e ações concretas. 

Aguardamos uma resposta urgente, com as medidas que o Governo português tenciona tomar perante mais uma escalada de violência. 

SOS Racismo