2.5.25

MARVÃO: V Colóquio "Diálogos em Marvão - O tempo das mulheres


9 de Maio de 2025

IV edição dos Diálogos em Marvão

Auditório da Quinta dos Olhos d'Água - São Salvador da Aramenha - Marvão

·        Ana Rita Baltazar – Subdiretora-Geral de Política de Defesa Nacional

·        Aura Miguel – Jornalista da Rádio Renascença

·        Béatrice Guion – Professora na Universidade de Estrasburgo

·        Christine Dezaunay – Diretora do Património em Bougival

·        Gilda Oswaldo Cruz – Pianista e escritora

·        Susana Peralta – Professora associada na Nova SBE

 “Não temos saída que não passe pelo humano nem pelo existencial”, pondera a atriz brasileira Fernanda Montenegro.

Ao encontro anual “Diálogos em Marvão” interessam (e muito!) existências como as de Hannah Arendt, que morreu há 50 anos, em 4 de dezembro de 1975, deixando incompleta a obra The Life of the Mind. A vida e a obra desta extraordinária mulher servem de inspiração para alguns dos temas e das perspetivas a explorar na IV edição dos Diálogos em Marvão, que decorrerá no próximo dia 9 de maio.

Desenvolvendo-se fora das grandes Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto, “Diálogos em Marvão” realiza-se pela quarta vez consecutiva desde 2022 e tem como objetivos produzir conhecimento e reflexão, dando visibilidade a uma área periférica longe dos grandes centros, situada a 265 quilómetros a nordeste de Lisboa.

No sopé da Serra de São Mamede e junto às ruínas arqueológicas da cidade romana de Ammaia, a Quinta dos Olhos d’Água acolhe uma vez mais um seminário de ideias, o local ideal para o público assistente participar na magia das palavras de seis conferencistas.

Sempre foram as palavras e as narrativas que conseguiram operar as mudanças que as sociedades exigiram. A linguagem transforma as sociedades e, sobretudo, a maneira de pensar e de ver o mundo.

Na IV edição dos “Diálogos em Marvão”, seis investigadoras, jornalistas, curadoras e gestoras irão apresentar as suas comunicações sobre arte, filosofia, gestão, política e representação das mulheres na sociedade.

Podíamos nomear centenas de mulheres que, com as suas vidas e obras, marcaram os séculos XX e XXI, mas referiremos apenas seis personalidades: Simone de Beauvoir, Elisabeth Badinter, Angela Davis, Naomi Klein, Susan Sontag e Marina Abramović, pela forma como, em graus tão diversos, retiraram a tranquilidade acerca da ‘imutabilidade’ das sociedades, refletindo sobre as fronteiras entre sexos e géneros e também sobre as estruturas ancestrais e os meios de controle social criados para dominar as mulheres.

Apontando o dedo ao caos produzido pela violência das guerras e pela destruição de tudo quanto até aí tinha sido poupado, Hannah Arendt escreveu em 1950, na introdução da trilogia que se tornou conhecida como Origens do Totalitarismo:

“Duas guerras mundiais no espaço de uma geração, separadas pelo encadear ininterrupto de guerras regionais e de revoluções que não foram sucedidas por nenhum tratado de paz assinado por vencidos e vencedores, faz-nos estar à espera de uma III Guerra Mundial entre as potências que subsistem. Este tempo de espera parece aquele tempo de calma que se instala quando toda a esperança desapareceu. Não estamos à espera da restauração da antiga ordem das coisas com todas as tradições que lhe estão associadas. Temos assistido, nas situações mais diversas e em contextos heterogéneos, à amplificação do fenómeno numa escala sem precedentes em que as pessoas ficam desenraizadas num grau extremo, tendo perdido as suas casas. Jamais foi tão impossível predizer o nosso futuro.”

No ensaio sobre Walter Benjamin (Homens em Tempos Sombrios), Hannah Arendt alude ao anjo da história com as mãos colocadas sobre os olhos, horrorizado com o espetáculo das ruínas que se empilham a seus pés.

Não queremos tapar os olhos como o anjo nem queremos mergulhar num ceticismo radical relativamente ao funcionamento das instituições da nossa sociedade.

Esperamos que o público que assiste gratuitamente às seis sessões partilhe a nossa paixão pelo conhecimento e pela crítica.