O Dia Europeu da Insuficiência Cardíaca assinala-se a 3 de maio.
A insuficiência cardíaca (IC) é um problema
de saúde grave em que o coração não bombeia sangue de forma tão eficiente como
deveria. Devido a múltiplos potenciais mecanismos, o músculo cardíaco torna-se
menos capaz de contrair ou tem limitação na sua capacidade de relaxar e encher
com sangue.
A IC é atualmente um dos problemas de saúde mais comuns nos países desenvolvidos. É um problema grave de saúde pública, uma vez que, apesar de avanços no diagnóstico, no tratamento farmacológico e não farmacológico, e na gestão da doença, atinge um grande número de pessoas e está associado a elevada morbilidade e mortalidade. De facto, a IC é a causa mais frequente de internamento hospitalar acima dos 65 anos e a mortalidade associada pode atingir 50% aos 5 anos.
Em Portugal, o estudo PORTHOS (Portuguese
Heart Failure Observational Study), que foi desenvolvido para conhecer a
prevalência de pessoas que sofre de IC no nosso país, revelou que 1 em cada 6
portugueses com mais de 50 anos tem IC, e que, desses, 90% não estavam
diagnosticados, ou seja, não sabiam que tinham a doença. A prevalência de IC
foi estimada com base numa amostra de cerca de 6200 pessoas com mais de 50 anos
registadas no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Mais de 25 anos após a realização do último
estudo nacional que avaliou a prevalência de IC na população portuguesa,
verificou-se que o número das pessoas que vivem com a doença é bastante
superior ao esperado.
Confirmou-se ainda que a IC é uma síndrome
associada ao envelhecimento, com uma prevalência de 31 % nos maiores de 70
anos, sendo de 4% na faixa etária entre os 50 e os 59 anos. Apesar da
prevalência da doença aumentar com a idade, a IC pode surgir em qualquer
escalão etário, e exige cuidados ao longo da vida.
Os resultados deste estudo vêm alertar para a
necessidade de modificar a abordagem da IC na população portuguesa,
especialmente acima dos 50 anos. O avançar da idade associa-se a um aumento da
suscetibilidade para a IC, e, dado o envelhecimento da população, a IC
associada à idade representa um enorme desafio de saúde pública global na
atualidade.
Um dos pontos mais importantes na abordagem
da doença é o foco na prevenção, através da atuação nos fatores de risco que
podem conduzir à IC, como a Hipertensão Arterial, a obesidade, e a Diabetes
mellitus. Do ponto de vista individual, a melhor maneira de prevenir a IC é
evitar as condições que contribuem para o risco de IC, como não fumar ou deixar
de fumar, ter uma alimentação equilibrada, evitar o sedentarismo ou fazer
exercício físico, e seguir os planos de prevenção e tratamento de outras
doenças ou condições que constituem fatores de risco para a IC.
Outro foco importante é o diagnóstico precoce de quem já tem a síndrome, e não sabe, de modo a iniciar o tratamento e controlo da doença o mais cedo possível. Sinais de alerta são cansaço fácil, dificuldade em respirar, com limitação da atividade física ou necessidade de dormir com a cabeceira elevada, inchaço das pernas e pés e frequência cardíaca alta constante. Estes devem motivar uma consulta do seu médico assistente, que poderá pedir exames de diagnóstico que permitam fazer o diagnóstico de IC ou de outra situação clínica que cause sintomas semelhantes.
É possível prevenir a IC, diagnosticar mais
cedo, tratar mais eficazmente e melhorar a qualidade de vida de quem tem IC.
No Dia Europeu da Insuficiência Cardíaca
vamos estar alerta para a dimensão do problema e para o que podemos fazer para
Prevenir, Diagnosticar e Tratar de forma mais precoce e eficaz.
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Patrícia
Dias – Núcleo de Estudo de Insuficiência Cardíaca da SPMI