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13.6.25

SOS RACISMO CONDENA: Violência da extrema-direita e inoperância do Governo


1. O SOS Racismo está solidário com todas as vítimas da extrema-direita, do racismo e da  xenofobia – em especial, com o ator Adérito Lopes e com a equipa do teatro A Barraca.

2. Estamos ao lado das pessoas que sofrem na pele a violência de grupos organizados de  extrema-direita, sobretudo imigrantes e pessoas racializadas, sempre e a qualquer hora. E  tudo faremos para as proteger e para que os criminosos racistas e xenófobos sejam levados  a Tribunal e julgados pelos crimes cometidos.

3. Ontem, 10 de junho de 2025, 30 anos depois do assassinato cruel e cobarde de Alcindo  Monteiro, a extrema-direita voltou a assaltar as ruas, em manifestações de apelo explícito ao  ódio e de incitamento à violência, agredindo várias pessoas que se atravessaram pelo seu  caminho.

4. Em Lisboa, um grupo de elementos de extrema-direita espalhou mensagens de ódio racista e  xenófobo pela cidade e atacou, com violência, atores e atrizes da companhia de teatro A  Barraca.

5. Este não foi um ato isolado – o Governo, o Ministério da Administração Interna, o Ministério  Público, a PSP, a GNR e a Polícia Judiciária têm conhecimento dos crimes que têm sido  diariamente praticados.

6. Sabe-se perfeitamente quem são muitos destes criminosos que propagam mensagens de  apelo ao ódio e à violência, que convocam manifestações, que intimidam, perseguem e  agridem pessoas.

7. Sabe-se também que estes grupos de extrema-direita não se escondem – anunciam  publicamente as suas intenções, quer na internet, quer em eventos presenciais.

8. Sabe-se que estes grupos têm bases de dados ilegais, com dados pessoais de imigrantes, de  anti-fascistas e de ativistas de organizações anti-racistas, de imigrantes, de esquerda ou  LGBTQI+, e que partilham estes dados pessoais para perseguir, intimidar, ameaçar e violentar  estas pessoas.

9. Sabe-se que esses grupos odeiam a liberdade e a cultura, e que se organizam para boicotar,  insultar e agredir quem participa em peças de teatro, em debates, em lançamentos de livros,  em concertos e palestras.

10. E sabe-se também que o aumento da violência da extrema-direita se tem acentuado desde  que este setor passou a estar representado na Assembleia da República: temos assistido à  proliferação do discurso de ódio e de mensagens violentas sobre imigrantes e minorias  étnicas, à apologia da violência para lidar com estas pessoas e a insultos constantes  perpetrados pela extrema-direita, quer no parlamento, quer nos espaços que ocupam.

11. Ao mesmo tempo, verificamos que aquele discurso e práticas racistas e xenófobas são  permitidos e legitimados pelas instituições – nomeadamente, pelo Presidente da Assembleia  da República; são permitidos e legitimados por outros partidos, com especial destaque para  a coligação AD que mimetizou grande parte da agenda política da extrema-direita; e são  permitidos e legitimados pela comunicação social.

12. São muitos, são demasiados os casos de violência racista e xenófoba – e não acontecem no  vazio. Estes grupos atuam de forma concertada, porque se sentem protegidos pela atual  configuração do Parlamento e instituições ditas “democráticas”, com uma Lei e instituições  ineficientes e esvaziadas de competência (Comissão para a Igualdade, AIMA ou entidade  Reguladora para a Comunicação Social), um Ministério Público que arquiva mais do que acusa  e tribunais lentos e complacentes".

13. A normalização do ódio a imigrantes, a minorias étnicas e a pessoas LGBTQI+, a obsessão pela  segurança, a perseguição politica a ativistas anti-racistas e o culto nacionalista que a presença  da extrema-direita na Assembleia da República veio trazer, é o principal combustível para a  violência que se sente nas ruas e nos espaços públicos.

14. E a conivência e inoperância do governo é assustadora: o capítulo e informações sobre  violência de grupos terroristas e de extrema-direita desapareceu do Relatório Anual de  Segurança Interna referente a 2024.

15. Nos anos anteriores, o Relatório Anual de Segurança Interna conteve sempre informação a  este respeito – mas, em 2024, toda a informação desapareceu.

16. E o ano de 2024 foi aquele em que se registaram o maior número de incidentes deste tipo – desde a invasão e destruição de casas e agressões bárbaras a imigrantes no Porto, às múltiplas  ofensivas a eventos e agentes culturais por todo o país.

17. O Governo não dá nenhuma explicação para este apagão e não confere qualquer informação  sobre a violência da extrema-direita – mas ela existe e é cada vez mais forte e evidente.

18. A passividade do Estado no combate ao racismo e à xenofobia é outra constatação: aos  crónicos problemas da Justiça neste capítulo, acresce a inoperância da Comissão para a  Igualdade e Contra a Discriminação Racial, que está sem funcionar desde outubro de 2023.

19. As pessoas que são vítimas de violência racista e xenófoba não conseguem apresentar as suas  queixas, os processos estão parados e milhares deles já prescreveram ou estão em vias de  prescrever.

20. E há um silêncio ensurdecedor a este respeito – ninguém aponta o óbvio, ninguém reclama  por justiça, as objetivas focam-se inevitavelmente nas alarvidades que a extrema-direita  promove. 

21. O SOS Racismo condena esta onda de violência racista, xenófoba e homofóbica extrema, que  se tem vindo a intensificar nos últimos tempos. 

Exigimos:

- A todos os responsáveis políticos que condenem estes atos e que condenem todos os  discursos de ódio que os sustentam;

- Ao Ministério da Administração Interna, que intervenha de forma imediata, garantindo a  proteção policial necessária para salvaguardar as pessoas.

- Ao Ministério Público, que atue rapidamente para deter e levar a julgamento este bando de  criminosos;

- Ao Presidente da República, à Assembleia da República e ao Governo, que condenem inequivocamente toda esta violência e que tomem as medidas necessárias para que as Instituições democráticas funcionem, e, em especial, para que a Comissão Para a Igualdade e  Contra a Discriminação Racial funcione.

Mas apelamos sobretudo a todas as pessoas que não se conformam e não aceitam a violência racista  e xenófoba para estarem ao lado das vítimas dessa violência. E para combaterem a extrema-direita  em todos os espaços – nas escolas, nos locais de trabalho, nos cafés, nos espaços culturais, nas ruas.

Os próximos anos vão ser difíceis. Mas sabemos onde temos de estar - ao lado das pessoas  imigrantes, das pessoas racializadas, das minorias e dos excluídos. Ao lado da verdade, pela igualdade  e pela solidariedade.

Não desistimos. E não esquecemos, nem perdoamos a quem cometeu estes crimes e a quem os  legitima politicamente todos os dias.

11 de junho de 2025

SOS Racismo

sosracismo@gmail.com * www.sosracismo.pt

7.5.25

Carta da SOS Racismo ao Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal

Assunto: Condenação do Ataque Israelita à Missão Humanitária da Flotilha da Liberdade e Exigência de Ação Urgente

Exmo. Senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Rangel,

O SOS Racismo, vem expressar a sua mais veemente condenação pelo ataque  israelita contra a embarcação Conscience, integrada na Flotilha da Liberdade, ocorrido no dia 2 de maio de 2025, em águas internacionais próximas a Malta.  Este ataque, que visou uma missão humanitária destinada a desafiar o bloqueio  desumano e ilegal à Faixa de Gaza, representa mais um crime do Estado de  Israel contra a solidariedade internacional e os direitos humanos. 

Todas estas informações têm chegado por veículos de comunicação  internacional e meios independentes. E sustenta-se no testemunho dos próprios  tripulantes da embarcação Conscience.

Factos Atualizados e Contexto:

1. Ataque a uma missão civil desarmada na Europa: O navio Conscience foi  alvejado por drones israelitas em águas internacionais a 17 quilómetros de Malta  enquanto se preparava para zarpar, causando danos graves e impedindo a sua  partida. Entre os ativistas presentes estavam Thiago Ávila (Brasil) e Greta Thunberg  (Suécia), que se preparavam para embarcar na missão de entrega de ajuda  humanitária a Gaza. Felizmente, não houve vítimas mortais, mas o ato constitui  uma grave violação do direito internacional. 

2. Bloqueio genocida a Gaza: Há mais de dois meses ininterruptos (num total  mais extenso), Israel impede a entrada de alimentos, medicamentos e  combustível em Gaza, condenando mais de 2,3 milhões de palestinianos à  fome e a doenças evitáveis. Enquanto isso, bombas continuam a matar civis  diariamente, num conflito que já ceifou mais de 52 mil vidas palestinianas desde  outubro de 2023. 

3. Histórico de violência contra a Flotilha da Liberdade: Em 2010, Israel atacou  o navio Mavi Marmara, matando 10 ativistas turcos. Agora, volta a atacar quem  tenta romper o cerco ilegal e desumano a Gaza, confirmando um padrão de  repressão violenta contra a solidariedade internacional.

Impossibilidade de entrar em águas nacionais: a tripulação fez pedidos ao  governo de Malta para entrar em água maltesas, pedido recusado, forçando a que  a tripulação procure reparar o navio pelos seus próprios meios em alto mar.  Atitude vergonhosa e que se considera de pressão de natureza política contra uma  ação humanitária.

Exigências da SOS Racismo ao Governo Português 

- Condenação formal e inequívoca: Portugal, enquanto Estado-Membro da UE,  deve romper o silêncio cúmplice e condenar este ataque como um ato de  pirataria internacional, exigindo responsabilização perante a ONU e o Tribunal  Penal Internacional. Posição tomada por outros Estados, incluindo o Espanhol, e  por membros do Parlamento Europeu.

- Suspensão de acordos com Israel: A UE deve congelar imediatamente todos  os acordos económicos e militares com Israel até que este cesse o bloqueio a  Gaza e permita a entrada irrestrita de ajuda humanitária. 

- Proteção aos ativistas e solidariedade com Gaza: Exigimos que Portugal apoie  diplomaticamente os ativistas visados e pressione a comunidade internacional  para garantir passagem segura a futuras missões humanitárias. 

- Investigação Independente: apoiamos a exigência da parte Coligação da  Flotilha e várias entidades internacionais para uma investigação independente da  ONU. Especialmente, depois de o ataque ter sido classificado como potencial  Crime de Guerra pela relatora para a ONU Francesca Albanese.

Senhor Ministro, a Europa não pode continuar a ser cúmplice do apartheid  israelita. Este ataque contra civis que tentam levar ajuda a um povo sitiado é um  atentado à humanidade. Portugal deve agir já – não com silêncios cúmplices ou  declarações vagas, mas com sanções, pressão diplomática e ações concretas. 

Aguardamos uma resposta urgente, com as medidas que o Governo português tenciona tomar perante mais uma escalada de violência. 

SOS Racismo

 

3.5.25

SOS RACISMO denuncia: "Criminalizar os Imigrantes é Inaceitável: É Preciso Combater as Políticas Anti-Imigração."

Este sábado, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, afirmou, em conferência de imprensa na sede do Governo, que a AIMA vai notificar cerca de 18 mil imigrantes para abandonarem o país. Este responsável disse ainda que 4574 imigrantes serão notificados já na próxima semana para sair de Portugal nos 20 dias subsequentes.

Coincidentemente, ou não, o anúncio surge na véspera do arranque da campanha eleitoral para as legislativas de 18 de maio. Campanha esta que se adivinha contaminada com o discurso de ódio e de profunda desinformação da extrema-direita — tão carinhosamente apadrinhado pelo Governo — com a propagação de informações manifestamente falsas sobre o fenómeno migratório em Portugal.

Ao consultar a página de internet da AIMA, lê-se que esta “representa um novo patamar de integração e inclusão, que coloca os direitos, liberdades e garantias no centro da sua atuação”. Ora, é esta mesma agência que, com uma rapidez que contrasta, de forma gritante, com os crónicos, e ilegais, atrasos infindáveis na análise de pedidos de autorização de residência, de emissão ou renovação de títulos e de reagrupamento familiar, se prepara para liderar um processo de expulsão em massa.

Quando Leitão Amaro afirma que “as regras são para cumprir”, tentando fazer passar a imagem de que os imigrantes são os incumpridores, procura lançar areia para os nossos olhos e escamotear as numerosas e graves falhas sistémicas e os permanentes atropelos à lei por parte da AIMA, em desrespeito pelos mais elementares direitos humanos. Tal como o SOS Racismo tem vindo a denunciar, são inúmeras as atrocidades cometidas contra as populações imigrantes, existe uma total opacidade no que respeita aos procedimentos da agência e, por outro lado, uma total desproteção dos imigrantes.

Este anúncio da iminente expulsão de milhares de imigrantes, de pessoas que vivem e trabalham em Portugal, que enriquecem o país de tantas formas, merece o nosso total repúdio. Assim como merece uma resposta contundente por parte de todos aqueles e aquelas que querem viver num Estado Democrático e de Direitos, que pugnam pelo respeito pelos mais elementares direitos humanos e, inclusive, por parte de todos aqueles e aquelas que efetivamente, estão preocupados com a sustentabilidade da Segurança Social, com o engrandecimento do erário público, com a coesão territorial, com o desenvolvimento sustentado da economia do país.

É preciso parar a criminalização dos imigrantes. "Criminosas" (com aspas) e inaceitáveis são as políticas anti-imigração que têm sido impostas e propostas! Criminosos são aqueles que propagam o ódio e se alimentam dele! Não passarão!

3 de maio de 2025

MOVIMENTO SOS RACISMO

22.10.24

COMUNICADO DO SOS RACISMO: Odair Moniz, mais um na longa lista de mortos às mãos da PSP. Mas, isto até quando?

Na madrugada de 21, Odair Moniz de 43 anos foi alvejado por um agente da PSP e acabou por sucumbir às suas feridas. Odair Moniz junta-se à longa lista de pessoas negras mortas às mãos da polícia de segurança pública. A sua morte acontece num contexto político de exacerbação do discurso de ódio e de um securitarismo estigmatizante dirigido às comunidades negras. A leitura do comunicado da PSP suscita mais dúvidas do que traz esclarecimentos sobre as condições da morte de Odair Moniz. Como é que alguém que se despistou num carro em fuga pode sair em condições de querer agredir agentes armados? Tendo sido a tentativa de agressão com arma branca segundo a PSP, supõe-se isso então ter existido uma efetiva proximidade com o agente atirador? Se sim, porque não alvejou a vítima na parte inferior do corpo para imobilizá-lo, em vez de atirar para a axila, uma zona mais propensa a resultar em morte? Em todos os casos de brutalidade policial que resultou nas mortes de cidadãos negros, racializados, a PSP nunca foi convincente sobre as condições e motivos destas mortes. Portanto, num país cuja polícia está inegavelmente infiltrada pela extrema-direita racista, as mortes de pessoas negras às mãos de agentes policiais levantam as maiores dúvidas e preocupações sobre as reais motivações das intervenções policiais que acabam nestas mortes. Para que a morte de Odair Moniz não se resume a mais um caso, mais um número da macabra estatística mortífera da intervenção policial nos territórios e nos corpos habitados por pessoas negras, há que se abrir um inquérito para apurar com a maior das celeridades todas as responsabilidades dos agentes envolvidos neste assassinato, incluindo as da própria cadeia de comando. Enquanto decorrem as investigações para o apuramento das responsabilidades dos envolvidos, exige-se a sua suspensão imediata de funções. O SOS Racismo lamenta mais uma morte que se junta à longa lista de mortos às mãos da PSP, denunciando o laxismo e a impunidade que têm caracterizado a intervenção das tutelas e da direção da PSP nestas circunstâncias. O SOS Racismo denuncia um padrão de intervenção policial que opta por uma espécie de exceção jurídica em que a violência e a morte nos territórios e corpos habitados por pessoas negras passam a ser uma regra. O SOS Racismo apresenta as condolências e manifesta a sua total solidariedade à família de Odair Moniz e a toda a comunidade enlutada, disponibilizando-se a acompanhá-las em tudo o que necessário para o apuramento da verdade sobre deste assassinato. SOS Racismo

3.10.24

SOS Racismo: Solidariedade com Mariana Carneiro

Ativista do SOS Racismo Mariana Carneiro é alvo de ataques infames e de uma queixa-crime por parte de Madalena Natividade, presidente da Junta de Freguesia de Arroios. 1. Desde o início do ano, a ativista do SOS Racismo Mariana Carneiro, com muitas outras pessoas e associações, tem estado a apoiar os migrantes que se encontram em situação de sem-abrigo e que pernoitam nas imediações da Igreja dos Anjos. 2. O apoio prestado compreende ajuda na alimentação, no acesso a medicamentos e serviços de saúde e na obtenção de documentos destinados aos respetivos processos de regularização. 3. Com este apoio, tem sido possível contrariar os inúmeros obstáculos que os migrantes enfrentam diariamente, permitindo que alguns consigam abandonar as tendas e organizar as suas vidas - é exatamente isso que as pessoas pretendem: sair da rua, ter um trabalho, uma vida digna. 4. Estas associações e ativistas não recebem um cêntimo pelo trabalho que fazem e prestam auxílio na medida do que lhes é possível, sempre com dedicação e empenho. 5. Assistimos, porém, ao falhanço absoluto das entidades públicas, a quem compete resolver os problemas das pessoas. Os processos administrativos de regularização são lentos, complexos e burocráticos, eternizando a precariedade dos migrantes. 6. As entidades locais – em especial, a Câmara Municipal de Lisboa e a Junta de Freguesia de Arroios – não têm cumprido a sua função de encontrar respostas para as pessoas que se encontram em situação de sem-abrigo. 7. São do conhecimento público as tentativas de expulsão dos migrantes que se encontram acampados nos Anjos, sem que lhes sejam dadas quaisquer alternativas. 8. São também do conhecimento público as várias recusas do executivo da Junta de Freguesia de Arroios em emitir atestados de residência a migrantes. 9. Nos últimos dias, o Presidente da Câmara de Lisboa e a Presidente da Junta de Freguesia da Arroios, sem assumirem quaisquer responsabilidades pelas suas falhas, entenderam atacar todas as pessoas que têm vindo a prestar apoio aos referidos migrantes. 10. Em particular, a Presidente da Junta de Freguesia de Arroios entendeu perseguir especialmente a ativista Mariana Carneiro, imputando-lhe falsidades e violentando a sua honra e consideração, anunciando, através de jornais e dos próprios meios de comunicação da Junta de Freguesia, ter apresentado uma participação criminal contra a referida ativista. 11. As acusações proferidas pelo Presidente da Câmara de Lisboa e pela Presidente da Junta de Freguesia da Arroios são inaceitáveis, totalmente irresponsáveis e desprovidas de fundamento. 12. São, claramente, atitudes persecutórias com o propósito de desviar atenções do falhanço das respetivas intervenções enquanto autarcas, e destinadas a intimidar quem procura defender migrantes da violência a que estão a ser expostos, à semelhança do que já tem sido feito contra outros ativistas, como aconteceu com Mamadou Ba. 13. Esta é uma campanha violenta contra o ativismo antirracista e contra todas e todos que defendem os direitos das pessoas migrantes. O SOS Racismo, manifesta a sua total solidariedade com a ativista Mariana Carneiro e tudo fará para que sejam salvaguardados os direitos de quem, de forma incansável, tem pugnado pela dignidade dos que fogem de situações limite e procuram refúgio em Portugal. Lisboa, 2 de outubro

2.7.24

COMUNICADO SOS Racismo: "Condenação de Claúdia Simões prova que a justiça portuguesa tem cor"

"Em janeiro de 2020, numa paragem de autocarro no concelho de Amadora, Claúdia Simões foi selvaticamente agredida em frente à sua filha menor pelo agente da PSP, Carlos Canha. As agressões continuaram dentro de um carro-patrulha com insultos racistas contando com a cumplicidade dos agentes João Gouveia e Fernando Rodrigues. 
Os agentes agressores beneficiaram do apoio corporativista dos sindicatos da polícia e do beneplácito da sua própria hierarquia. O então diretor da PSP, Magina Da Silva, mesmo perante imagens que revelavam o agente Carlos Canha sentado em cima do corpo da vítima e ferimentos evidentes na face de Cláudia Simões, vem a público desmentir o uso desproporcional de violência e declarar não ter visto “nada de anormal” na sua detenção. Este apoio de que Carlos Canha e os seus colegas beneficiaram prova que a força do racismo estrutural está nas instituições. 
Após quatro longos anos de espera na angústia, ansiedade e dor, a justiça portuguesa resolveu sancionar a vítima e poupar os carrascos. Neste julgamento, o sistema tomou um lado e duplicou a força da violência e racismo institucional a que Cláudia Simões foi sujeita, naturalizou e legitimou as práticas de violência racistas das forças políciais e, assim, voltou a desproteger e, pior ainda, a sancionar mais uma das suas vítimas. Se o direito restituísse sempre justiça, serviria para reparar os danos provocados à vítima e aplicar as devidas e porporcionais consequências ao agente agressor e aos seus cúmplices, que teriam sido os pesadamente condenados por terem gratuita e barbaramente agredido a cidadã Claúdia Simões. Se as instituições da República fossem sensíveis à ideia de igualdade plena e de justiça racial, Claúdia Simões teria sido cuidada e amparada pelo Estado em vez de ver todas as dolorosas sessões do seu julgamento serem transformadas num tribunal dos horrores, onde ela foi sistematicamente achincalhada, humilhada e discriminada e psicologicamente violento. 
Pelo contrário, Claúdia Simões é mulher, negra e de condição social modesta e o racismo e a impunidade parecem continuar a grassar dentro das forças de segurança, nomeadamente na PSP, sob autorização dos tribunais. Em sala de audiência, o racismo esteve sempre presente na violência psicológica, humilhação, difamação e inomináveis pressões que a procuradora da república, os juízes e advogados dos agentes agressores exerceram sobre Cláudia Simões e as suas testemunhas. De facto, juízes, procuradora da república e advogados dos agentes da PSP orquestraram e colaboram num exercício de absoluta desumanização da Claúdia Simões. 
Todo o julgamento foi um exercício de tortura psicológica e moral contra Claúdia Simões. Um inaceitável e revoltante festival de indignidades vexatórias, com chacotas sobre a queda de cabelos da vítima, repetidas exigências de retirada da peruca em plena sala, correções ofensivas à forma desta se sentar einsinuações difamatórias sobre a mitomania e oportunismo da vítima. 
Ao longo do julgamento, os juízes, o ministério público e os advogados dos agentes reafirmaram insistentemente que não estavam a julgar um crime de racismo. Porém, não deixaram de julgar o antirracismo. Na leitura da sentença, voltou a juíza a atacar o movimento antirracista e as e os intelectuais que tiveram a coragem de denunciar a violência racista das agressões à Claúdia Simões e de apoiá-la. 
Face ao cenário a que se assistiu desde o início do caso, a expectativa de que perante um agente policial racista se viesse a fazer justiça por uma pessoa negra, mormente uma mulher negra, era quase nula. Porém, o que não se esperava era que o próprio tribunal se transformasse numa amplificação tão persistente da violência racial como se viu acontecer até ao fim do julgamento. 
A condenação da Claúdia Simões é a prova de que a justiça em Portugal tem cor e que o racismo goza de proteção institucional. Este veredito normaliza a violência policial racista. O SOS Racismo lamenta que, mais uma vez, a justiça tenha escolhido premiar a impunidade e legitimar a violência policial racista. 
O SOS Racismo manifesta a sua total solidariedade com Claúdia Simões e mostra-se totalmente disponível para estar ao seu lado para prosseguir a luta no sentido de reverter esta inaceitável sentença. 
O SOS Racismo condena a tentativa de silenciamento do movimento antirracista e de intimidação a ativistas e académicos que se mobilizam na luta contra o racismo e inerente violência. 
O SOS Racismo mantém-se empenhado em denunciar e combater a cada vez mais preocupante porosidade entre expressões do racismo e práticas de justiça. 
1 de julho de 2024 
SOS Racismo 
sosracismo@gmail.com * www.sosracismo.pt


6.1.24

SOCIEDADE: SOS Racismo pede "justa condenação" por ataque a cidadãos brasileiros

 
No passado dia 30 de Dezembro, na área do Cais de Gaia em Vila Nova de Gaia, um casal de 2 jovens de nacionalidade brasileira foram brutalmente agredidos por um grupo de 10 indivíduos. As vítimas confirmam que após terem sido interpeladas por um pedido de dinheiro foram violentamente agredidas fisicamente, com lesões que incluíram a face e o crânio. A violência das agressões motivou a assistência das vítimas no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho. 
As vítimas, ainda no local, solicitaram a assistência da Polícia de Segurança Pública, que segundo as mesmas e perante sinais evidentes de agressão tardaram em responder com rapidez para alcançar os agressores, permitindo apenas a identificação de 6 destes. 
Este é mais um lamentável episódio de agressão violenta com motivações com provável teor racista, xenófobo e homofóbico. É importante não por ser isolado mas por se somar a frequentes relatos de agressão a elementos de comunidades migrantes, pessoas racializadas e LGBTQIA+ e que revela a presença do racismo, xenofobia e homofobia na nossa sociedade. 
Também gravosa nos parece a resistência transparecida pelos profissionais da força policial presentes, garantes do funcionamento do estado naquele contexto e protectores de todos os cidadãos em território nacional. 
O SOS Racismo solidariza-se com as vítimas deste episódio concreto e espera que a denúncia realizada e processo instaurado conduza a uma justa condenação. Espera ainda que este processo tenha eco na sociedade e dentro das forças policiais. 
Episódios como este concretizam que “Portugal não é seguro” para cidadãos como os agredidos, conforme expressaram as próprias vítimas. O SOS Racismo afirma que Portugal deve e tem de ser seguro para estes cidadãos e todos os que nele queiram viver de forma justa e igualitária, livres de racismo, xenofobia e homofobia. 
* SOS Racismo - 06 de Janeiro de 2024 
Foto: Jornal de Notícias