5.5.21

POLÍTICA: Luís Correia queria “cargo político remunerado” para desistir da candidatura independente. PS disse não

 

O ex-presidente da Câmara de Castelo Branco, Luís Correia, vai recandidatar-se como independente este ano, mas estaria disponível para não disputar a corrida autárquica. Bastava o PS nomeá-lo para um “cargo político remunerado”.
Na segunda-feira, a concelhia de Castelo Branco do PS revelou, numa conferência de imprensa, que “uma candidatura que se diz independente ‘de albicastrenses, pelos albicastrenses e com os albicastrenses’ não existiria se o PS tivesse satisfeito, no imediato, as condições impostas pelo agora candidato independente (isto é, a nomeação para um cargo político remunerado)”.
De acordo com o Público, Luís Correia pretendia que o PS interferisse para ocupar a vice-presidência da Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional Centro (CCDRC), cargo que se encontra vago desde janeiro.
O geógrafo Jorge Brito, ex-secretário executivo da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, demitiu-se cerca de três meses depois de ter sido eleito, a 29 de outubro do ano passado. O Público avança que, para o seu lugar, é apontado o nome de José Morgado, até agora presidente da Câmara de Vila Nova de Paiva.
Ao diário, Correia escusou-se a comentar o assunto, dizendo apenas que “a única coisa” que exigiu ao PS foi respeito. “Não tenho de estar a falar sobre isso porque não entro neste tipo de política.”
O PS decidiu esclarecer os albicastrenses sobre o processo “que resultou de uma candidatura dita independente do ex-militante do PS” e a conferência de imprensa serviu para abordar a perda de mandato do ex-autarca socialista e as razões pelas quais o partido decidiu não voltar a apoiá-lo num terceiro mandato.
“O ex-presidente da câmara foi condenado à perda do mandato de presidente em diversos tribunais. Essa condenação de perda de mandato decorre única e exclusivamente de atos por si praticados no exercício de funções enquanto presidente da Câmara de Castelo Branco. Durante todo o processo judicial que culminou com a perda de mandato, sempre o ex-presidente da câmara contou com a solidariedade das estruturas locais do PS, dos seus dirigentes e da maioria dos seus militantes”, afirma a concelhia em comunicado.
“A decisão de não apoiar o agora candidato independente decorre de uma questão de princípio ético e partidário​”, lê-se. “Não se trata de nenhuma questão pessoal, mas tão só de dar cumprimento ao princípio ético e partidário atrás enunciado: o PS não apoia candidaturas de ex-autarcas que tenham perdido o mandato por decisão judicial, por atos praticadas no exercício das suas funções.”
Luís Correia nega. “É mentira”
Ao final da manhã desta quarta-feira, Luís Correia reagiu à notícia avançada pelo Público, afirmando que as acusações são falsas.
“Perante as acusações falsas de que sou alvo por parte do Partido Socialista, cabe-me esclarecer que é mentira que alguma vez tenha imposto ao PS a nomeação para um cargo político. Se essa fosse a minha ambição, não me teria desvinculado do partido, até porque, aquando da apresentação do candidato do PS, o partido disse sobre mim: ‘é um importante quadro do Partido Socialista e conta com ele para futuros desafios'”, disse ao Expresso.
“Não sei fazer política deste nível. É uma candidatura de Albicastrenses, pelos Albicastrenses e com os Albicastrenses. É uma candidatura com ideias e projetos para Castelo Branco. É uma candidatura para dar continuidade a um trabalho que comecei e que está à vista de todos. O que me move é a afirmação do nosso concelho. É nisso que estou focado, não em manobras de distração”, rematou o ex-autarca.

Liliana Malainho - ZAP - 5/5/2021