21.7.18

OPINIÃO: Eucaliptal: Há que dizer Não!

Tem-se assistido, desde há alguns anos, a uma verdadeira corrida à plantação de eucaliptos no nosso concelho, em especial na nossa freguesia em que atingiu grandes proporções, correndo o risco de atingir mesmo um nível drástico, beirando a calamidade e pondo em perigo não só o equilíbrio ecológico (a paisagem natural de Amieira está irreconhecível para quem a deixou há algum tempo) mas também a existência da própria Amieira.
Os extensos olivais, motivo de riqueza para os Amieirenses não foram protegidos. Com efeito, a principal cultura de Amieira tem sido ao longo dos tempos a Oliveira. Os próprios Amieirense eram conhecidos em todo o distrito de Portalegre como “Os Bagaceiros”.
Não havendo indústrias, vivendo do trabalho agrícola, que resta agora à grande maioria da população de Amieira?
Estamos já a assistir e a sofrer as primeiras consequências: a crise de trabalho.
Para a plantação e o corte as companhias trazem os seus trabalhadores.
Não foram, no entanto, só os olivais que sofreram esta invasão. Os próprios solos de aptidão agrícola foram ocupados. Resta saber se as pequenas hortas poderão resistir. A ser permitida esta assombrosa escalada de eucaliptais, duvidamos muito.
Há ainda outros factores a ter em conta e de não menor importância: os incêndios.
Amieira é já como que uma pequena ilha no meio de um mar de eucaliptos. No Verão os incêndios são um flagelo. Por enquanto, pequenas hortas têm sido sacrificadas pois se encontram ao lado de eucaliptais. Mas Amieira, com a sua situação é vítima fácil destes sinistros.
Sem culturas cerealíferas, quase sem olivais, perigo constante no Verão, que esperamos ainda?
Há que dizer Não!
Jorge Pires – “O Amieirense” – Dezembro 1983