Tem-se assistido, desde há alguns
anos, a uma verdadeira corrida à plantação de eucaliptos no nosso concelho, em
especial na nossa freguesia em que atingiu grandes proporções, correndo o risco
de atingir mesmo um nível drástico, beirando a calamidade e pondo em perigo não
só o equilíbrio ecológico (a paisagem natural de Amieira está irreconhecível
para quem a deixou há algum tempo) mas também a existência da própria Amieira.
Os extensos olivais, motivo de
riqueza para os Amieirenses não foram protegidos. Com efeito, a principal
cultura de Amieira tem sido ao longo dos tempos a Oliveira. Os próprios
Amieirense eram conhecidos em todo o distrito de Portalegre como “Os
Bagaceiros”.
Não havendo indústrias, vivendo
do trabalho agrícola, que resta agora à grande maioria da população de Amieira?
Estamos já a assistir e a sofrer
as primeiras consequências: a crise de trabalho.
Para a plantação e o corte as
companhias trazem os seus trabalhadores.
Não foram, no entanto, só os
olivais que sofreram esta invasão. Os próprios solos de aptidão agrícola foram
ocupados. Resta saber se as pequenas hortas poderão resistir. A ser permitida
esta assombrosa escalada de eucaliptais, duvidamos muito.
Há ainda outros factores a ter em
conta e de não menor importância: os incêndios.
Amieira é já como que uma pequena
ilha no meio de um mar de eucaliptos. No Verão os incêndios são um flagelo. Por
enquanto, pequenas hortas têm sido sacrificadas pois se encontram ao lado de
eucaliptais. Mas Amieira, com a sua situação é vítima fácil destes sinistros.
Sem culturas cerealíferas, quase
sem olivais, perigo constante no Verão, que esperamos ainda?
Há que dizer Não!
Jorge Pires – “O Amieirense” – Dezembro 1983