17.7.18

OPINIÃO: Música ao luar

A presidente da Câmara de Nisa, o vereador José Leandro e o presidente da Assembleia Municipal, João Santana, foram assistir na sexta-feira, a um concerto no auditório da Fundação Gulbenkian e no qual actuou o clarinetista nisense, Carlos Alves.
Até aqui, tudo bem. Gostar de música (clássica, ligeira ou pimba) não é um defeito de ninguém, antes pelo contrário e a presidente da Câmara e os seus acólitos, enquanto cidadãos, podem (e devem) percorrer os festivais e concertos musicais que quiserem, por esse país fora. Vão nos seus popós (ou, como são “poupadinhos”, na Rodoviária ou no comboio) pagam as entradas do seu bolso e ninguém tem nada a ver com isso.
A conversa terminaria aqui, não fosse o caso de a iluminada autarca vir para o facebook do Município - que utiliza a seu bel-prazer e na promoção pessoal – tecer loas a si própria e acompanhantes, com esta prosa de bradar aos céus e que transcrevemos: “O Município de Nisa, mais uma vez, demonstra assim, o seu inequívoco apoio e reconhecimento dos valores artísticos a uma geração de ouro que tem conquistado palcos internacionais, e com formação inicial neste território, com especial incidência na verdadeira escola de artistas nisenses, a Sociedade Musical Nisense.”
O Município de Nisa? Espera aí! O executivo municipal é constituído, agora, por 2 elementos? Nem sequer o terceiro da maioria “rosa” faz parte? E os restantes, da oposição, não tiveram direito ao convite para o espectáculo, para mais sabendo-se que a “verdadeira escola de artistas nisenses” que a edil refere e com a qual nada teve a ver, foi criada em 1988, exactamente, pela acção e determinação de um executivo de “cor” diferente do actual?
E, já agora: em que reunião do executivo (para se poder falar em Município) foi decidido ou deliberado o “inequívoco apoio e reconhecimento dos valores artísticos...”? Qual o objectivo desta publicação no facebook? Tornar institucional (e legal, com os consequentes pagamentos de despesas de representação) um acto particular, da exclusiva responsabilidade da presidente da Câmara? Ou mostrar que a actual presidência tem outros gostos musicais que não apenas os festivais pimbólicos?
A meu ver, representa um acto gratuito (mais um) de aproveitamento político da imagem de um artista nisense de créditos e qualidades confirmadas, para a manipulação e a propaganda feita com a habitual dose de “banha da cobra”.
Inequívoco apoio? Não era incondicional, até há pouco tempo?
Mudou o disco e toca o mesmo? Ou será que a edil quer continuar a dar-nos música e a dançar à nossa custa?
Ridículos espectáculos nos dá a “Comissão de Festas” em que a edilidade se tornou...

Mário Mendes