A presidente da Câmara de Nisa, o vereador José Leandro e o
presidente da Assembleia Municipal, João Santana, foram assistir na sexta-feira,
a um concerto no auditório da Fundação Gulbenkian e no qual actuou o
clarinetista nisense, Carlos Alves.
Até aqui, tudo bem. Gostar de música (clássica, ligeira ou
pimba) não é um defeito de ninguém, antes pelo contrário e a presidente da
Câmara e os seus acólitos, enquanto cidadãos, podem (e devem) percorrer os
festivais e concertos musicais que quiserem, por esse país fora. Vão nos seus
popós (ou, como são “poupadinhos”, na Rodoviária ou no comboio) pagam as
entradas do seu bolso e ninguém tem nada a ver com isso.
A conversa terminaria aqui, não fosse o caso de a iluminada
autarca vir para o facebook do Município - que utiliza a seu bel-prazer e na promoção pessoal – tecer
loas a si própria e acompanhantes, com esta prosa de bradar aos céus e que
transcrevemos: “O Município de Nisa, mais uma vez, demonstra assim, o seu
inequívoco apoio e reconhecimento dos valores artísticos a uma geração de ouro
que tem conquistado palcos internacionais, e com formação inicial neste
território, com especial incidência na verdadeira escola de artistas nisenses,
a Sociedade Musical Nisense.”
O Município de Nisa? Espera aí! O executivo municipal é
constituído, agora, por 2 elementos? Nem sequer o terceiro da maioria “rosa”
faz parte? E os restantes, da oposição, não tiveram direito ao convite para o
espectáculo, para mais sabendo-se que a “verdadeira escola de artistas
nisenses” que a edil refere e com a qual nada teve a ver, foi criada em 1988,
exactamente, pela acção e determinação de um executivo de “cor” diferente do
actual?
E, já agora: em que reunião do executivo (para se poder
falar em Município) foi decidido ou deliberado o “inequívoco apoio e
reconhecimento dos valores artísticos...”? Qual o objectivo desta publicação no
facebook? Tornar institucional (e legal, com os consequentes pagamentos de
despesas de representação) um acto particular, da exclusiva responsabilidade da
presidente da Câmara? Ou mostrar que a actual presidência tem outros gostos
musicais que não apenas os festivais pimbólicos?
A meu ver, representa um acto gratuito (mais um) de aproveitamento
político da imagem de um artista nisense de créditos e qualidades confirmadas,
para a manipulação e a propaganda feita com a habitual dose de “banha da cobra”.
Inequívoco apoio? Não era incondicional, até há pouco tempo?
Mudou o disco e toca o mesmo? Ou será que a edil quer
continuar a dar-nos música e a dançar à nossa custa?
Ridículos espectáculos nos dá a “Comissão de Festas” em que
a edilidade se tornou...
Mário Mendes