A criação do Poder Local teve como objectivo garantir
uma maior eficácia na resolução dos problemas
das populações porém, nos últimos anos, muitas autarquias tornaram-se
“Comissões de Festas”. Uma parte
significativa do seu orçamento vai para a organização de festanças, festas e
festinhas avulsas sem objectivos estratégicos para o desenvolvimento integrado
e sustentado dos municípios.
Hoje, lamento dizê-lo, mas os cidadãos tornaram-se muito
pouco exigentes com os seus autarcas satisfazendo-se com pouco mais que “pão e
circo”. As pessoas necessitam de se divertirem – completamente de acordo – mas precisam sobretudo que as autarquias
resolvam os seus principais problemas.
Mas vamos ao caso em concreto da minha terra, o Marco de
Canaveses.
Nos últimos anos fui um crítico da gestão autárquica de
Manuel Moreira não partilhando daquelas que foram as suas prioridades que
tiveram como consequência a paralisação do desenvolvimento do Concelho.
Nas últimas horas li nas redes sociais elogios ao primeiro
dia das Festas do Concelho. Agora pergunto quanto vão custar estes cinco dias
de festança? Não sei mas estou convicto que ajudariam na resolução de alguns
problemas que afectam o quotidiano das pessoas.
Por exemplo: como está a resolução do problema da água e
saneamento que se arrasta há longos anos? Em que fase está a implementação do
programa Marco Investe que prometia atracção de investimento para o concelho,
fixação dos jovens na sua terra e criação de emprego? Quando vamos ter a
prometida e tão ansiada substituição do pavimento das ruas do centro da cidade?
A função de uma autarquia é muito mais que organização de
eventos. Nunca percebia porque Manuel Moreira gastava tanto dinheiro em festas
e festinhas, tal como não entendo porque este novo executivo socialista vai no
mesmo caminho. Moreira subia para o palco para discursar nestes momentos para
sua promoção pessoal política. Não concordava. Parece que a nova autarca está a
cometer a tentação de lhe seguir as pisadas. Parece que a diferença reside no
facto dos discursos agora serem mais curtos.
Infelizmente este não é apenas um problema do Marco de Canaveses.
Paulo Vieira da Silva – www.insonias.pt
– 12/7/2018