Desarranjos no Relógio "Hércules"
Carta à firma Andrade Melo (Porto) – 30/9/1927
"Permita-me Vª Exª que lhe venha expor, ainda que muito
sucintamente, o estado de mau estado, digo, funcionamento, do relógio
“Hércules” colocado na torre desta Câmara em Dezembro do ano passado.
No mês de Abril ou Maio começou com umas pequenas
irregularidades que se nos afiguravam passageiras e por isto nada comunicamos a
V.ª Exª. Durante este Verão chegou a parar-se algumas vezes em um terço da
corda consumida. Presentemente no bater das horas também com a irregularidade
de quando são 2 da tarde bate 12 e vice-versa. Quer-nos parecer que não será da
máquina, porque qualquer, digo à simples vista vê que é uma peça bem trabalhada
e que deve trabalhar bem. Será por ventura defeito da sua montagem?
Esta hipótese também me custa a admitir visto que V.ª Exª só
para aqui mandaria um empregado da sua inteira confiança. Devo frisar que os
relógios de Montalvão e de Alpalhão estão regulando bem. São da mesma marca,
mas de tamanho mais pequeno. Todos estas circunstâncias se apresentam a V.ª Exª
que certamente com a longa práctica e auctoridade no assunto saberá explicar
este desarranjo no relógio e consequentemente a solução do assunto.
(Peliquito)