9 de Setembro assinala o Dia
Mundial da Grávida
A Medicina Física e de
Reabilitação (MFR) ou Fisiatria é uma especialidade médica centrada no
indivíduo que possui algum grau de incapacidade e tem como objetivo principal a
otimização da sua função física, psicológica e social e desta forma, da sua
qualidade de vida.
A gravidez associa-se a
múltiplas alterações na vida de uma mulher, uma grande parte delas, físicas,
mas também emocionais, psicológicas e relacionais.
Dentro destas alterações,
destaco as que mais habitualmente poderão ser sede da intervenção da MFR: a
fadiga, as alterações provocadas no pavimento pélvico, as alterações
musculoesqueléticas e posturais.
O pavimento pélvico
corresponde ao conjunto de músculos, articulações e ligamentos que fazem o
suporte dos órgãos pélvicos, em particular do útero, bexiga e reto. As
alterações impostas pela gravidez e o parto podem condicionar problemas como
incontinência urinária e anal, disfunção sexual, dor pélvica e cicatrizes
dolorosas pós-parto.
Relativamente às alterações
musculoesqueléticas e posturais, devido a maior laxidez dos ligamentos e
articulações, sobretudo da região pélvica, a postura da gestante sofre
alterações, podendo conduzir ao aparecimento de dores, sobretudo lombar e
pélvicas.
A MFR poderá ter um papel
fundamental no bem-estar da mulher durante o período da gravidez e pós-parto,
sendo fundamental a avaliação médica e posterior integração num programa global
de reabilitação.
Este programa poderá incluir
uma ou várias intervenções, como aconselhamento de medidas gerais, medidas
posturais e de ergonomia, exercício físico, tratamento farmacológico, programa
de exercícios de fortalecimento muscular do pavimento pélvico (FMPP) e
fisioterapia.
De forma geral (excetuando
raros casos em que há contra-indicação médica), está recomendado o exercício
físico regular, que deve ser individualizado, de acordo com a preferência e
capacidade física da grávida (a fadiga poderá exigir pausas frequentes). Os
mais frequentemente recomendados são a caminhada, pilates ou natação e os
desaconselhados, os desportos de elevada intensidade, de impacto e contacto.
A grávida deve evitar
posturas desadequadas e prolongadas, transportar e manipular cargas pesadas e
se necessário, deve fazê-lo cumprindo medidas de ergonomia (fletir os joelhos e
não fletir a coluna); e usar calçado confortável sem salto e com bom suporte
plantar.
Estas estratégias, ao
conduzirem a uma melhor postura, permitem por si só a prevenção e redução da dor
lombar. Quando não são suficientes, deverão ser implementadas medidas para
alívio da dor como o tratamento farmacológico e a fisioterapia.
As intervenções no pavimento
pélvico estão também recomendadas. As grávidas devem realizar um programa
diário de exercícios de FMPP (os exercícios de Kegel) e exercícios de
fortalecimento e flexibilização lumbopélvicos, que podem ser feitos no
domicílio após orientação médica ou em contexto de programa de fisioterapia ou
programas supervisionados em classes.
Outra área fundamental é o
tratamento de cicatrizes dolorosas (por exemplo da cesariana e episiotomia) e
dor pélvica pós-parto, podendo estar indicadas a fisioterapia, tratamento
farmacológico e outras intervenções mais recentes como a aplicação de toxina
botulínica e outras técnicas de intervenção.
A gravidez e o pós-parto são
etapas da vida de uma mulher desafiantes e a MFR, ao contribuir para a melhoria
da qualidade de vida global, poderá ser um aliado importante e diferenciador.
Feliz dia da Grávida.
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Artigo de Inês
Táboas, fisiatra na ULS de Entre Douro e Vouga e coordenadora da Unidade de
Reabilitação do Pavimento Pélvico do serviço de MFR