Muitos dos utilizadores de
carros elétricos deparam-se com um problema prático: querem carregar em casa os
seus veículos e a potência contratada é insuficiente para esse fim sem
comprometer o normal funcionamento da habitação. Se for num prédio e a ligação
tiver de ser feita ao quadro da garagem, a coisa complica-se, uma vez que o
aumento de potência, caso seja necessária, tem de ser aprovada pelos
condóminos. Se o quadro estiver no seu máximo, o imbróglio implicará um projeto
de um engenheiro e um pedido à E-Redes, dando conhecimento à Direção-Geral de
Energia. Estes procedimentos, aqui explicados de forma rudimentar, poderão ser
úteis aos responsáveis pelas prisões. A cerca elétrica não estava ativa há anos
porque deitava sempre a luz abaixo no estabelecimento prisional de Vale de
Judeus, em Alcoentre, uma prisão de “alta segurança”. Uma grande maçada.
Provavelmente, alguém se esqueceu de falar com a E-Redes e convocar uma reunião
de condomínio (o Governo), e todos sabemos como esses encontros podem ser demorados,
cansativos e polémicos.
Parece um sketch isolado dos
Monty Python, mas não é. A ineficácia do Estado é demasiado transparente em
detalhes caricatos. Há dias, a secretaria-geral do Ministério da Administração
Interna foi assaltada. Sim, estamos a falar de um organismo ligado à segurança
e às polícias. Os ladrões remexeram gabinetes e levaram oito computadores. E
não foi há muito tempo que um assessor, demitido horas antes, andou à luta
dentro do Ministério das Infraestruturas. Recuando ainda mais, quem não se
lembra de um roubo de armas nos paióis nacionais de Tancos?
Em conclusão, as falhas
caricatas do Estado não são culpa deste ou daquele Governo. Há uma impotência
contratada permanente que dá azo a episódios caricaturais.
* Pedro Araújo – Jornal de
Notícias - 09 setembro, 2024