É raro, mas pode acontecer. Os principais banqueiros
centrais de todo o Mundo preparam-se para aliviar as taxas de juro até ao
Natal, depois de anos de alta inflação e subida estratosférica do custo do
dinheiro provocada pela pandemia e pela crise energética devido à guerra na
Ucrânia e que nenhum deles previu.
É tradição no final de agosto os responsáveis máximos dos
bancos centrais reunirem-se em Jackson Hole, no estado norte-americano do
Wyoming, para discutir a agenda de política monetária. E as novidades que de lá
saíram podem alegrar muitos portugueses, a braços com o custo de vida e da
prestação da casa a subirem.
O presidente da Reserva Federal (FED) dos EUA, Jerome
Powell, confirmou que “chegou o momento” de seguir o caminho do Banco Central
Europeu e do Banco de Inglaterra, entre outros, para começar a baixar as taxas
de juro, que nos EUA é de 5,25%. Powell dá assim sinais de que a reunião que a
FED realizará nos dias 17 e 18 de setembro trará uma mudança de política, mais
centrada no crescimento da economia e não no controlo dos preços.
Nesta crise, a FED foi o primeiro banco central a começar a
subida das taxas de juro e deverá ser o último a baixá-las, ao contrário do
“nosso” Banco Central Europeu, que já deu o primeiro sinal com uma queda de
juros em junho. Mas existem perigos. Para além da guerra na Ucrânia e do
conflito no Médio Oriente, há ainda os mercados bolsistas, que podem abalar
devido ao elevado endividamento das empresas. No fundo, a estabilização da
economia pode andar de mãos dadas com uma maior instabilidade nos mercados
financeiros. Veremos o que o Pai Natal nos traz.
António José Gouveia – Jornal de Notícias - 02 setembro,
2024