Mais
de sessenta caminheiros, entre crianças, jovens e adultos, de ambos os sexos, participaram,
sábado, dia 23, no 3º passeio "À Descoberta do Património",
organizado pela associação
Nisa Viva e pelo Jornal de Nisa, desta vez num percurso pelo território da freguesia
de Alpalhão.
Numa
manhã fresca e com a ameaça de chuva - que não se concretizou -, sessenta e
cinco caminheiros
responderam ao convite da organização e aproveitaram para percorrer os sete quilómetros
do roteiro "Do Carvalhal à Senhora da Redonda pelo Vale Joaninho" que integrava
exuberantes paisagens rurais e não menos valioso conjunto patrimonial.
Transposto
o ribeiro e por caminho rural - o antigo Caminho de Santiago - o passeio prosseguiu
com passagem pelo Poço Janeiro, onde se colocaram hipóteses sobre a toponímia
do local e daqui a Alpalhão pela Rua da
Cabine Eléctrica.
A
visita à Casa Museu, repositório da memória rural e social da vila, surpreendeu
e encantou muitos dos participantes do
passeio, grande parte naturais ou residentes em Nisa e que não conheciam esta
pequena maravilha, aqui tão perto. Surpresa e encantamento maior tiveram ainda
com a subida ao primeiro andar do antigo Hospital, no Largo do Terreiro, onde
funciona o Museu de Arte Sacra da Misericórdia, que recebeu visita atenta. A
Igreja do mesmo nome na rua da Carreira surgiu no percurso para o Poço Novo,
depois de atravessado o IP2.
Alpalhão
ia ficando para trás e as esculturas das Bienais da Pedra, como "A
loba" (nome popular)
faziam soltar exclamações de admiração. Caminhava-se pela estrada, numa curta extensão,
paralela, à aprazível e bonita "Quinta dos Ribeiros" ou
"Rombeiros" que se contornou
por caminho rural. A partir daqui, começaram a deitar-se as vistas para a
Senhora da Redonda. Estamos na planície e a imagem é a de campos verdejantes
(apesar de tudo) o gado a pastar, e sentimos como é belo tudo o que a natureza
cria, como o campo dá beleza e sentido à vida. Para mais,
"descoberto", "vivido" assim em grupo, num passeio.
Há
poesia, beleza, no Vale Joaninho que percorremos. Pelo nome, pela anta, pelo
bucolismo.
Visitada
e apreciada a "Anta do Vale Joaninho" e não como, erradamente, é
designada, voltámos
ao caminho rural até atingirmos a estrada municipal entre Alpalhão e a Senhora
da Redonda. A ermida está a dois passos, mas recuamos pela estrada e vamos ao
encontro de uma escultura natural, a do "Focinho do Porco". É uma
rocha, granítica, que está ali há centenas
de anos, mas desconhecida da maior parte dos caminheiros. A surpresa e admiração
são quase generalizadas. Mais à frente, nova escultura natural, a "Pedra
dos Cinco Dedos". A zona é um autêntico parque geológico, que bem merece
ser divulgado, num cenário um tanto rude e agreste, que o escultor turco, Kemal
Tufan, quis simbolizar numa escultura monumental a que chamou "Navegando a
Alma".
Rumo
à capela da padroeira dos alpalhanenses, são múltiplas e variadas as
"navegações". O padre
Caetano espera-nos para, na derradeira estância deste passeio, nos convidar a
uma visita
guiada ao templo rural. É uma lição de história de arte, onde se entrelaçam o
popular e o erudito, o sagrado e o profano, a realidade e a lenda. E um
"remate" feliz e cheio de significado
para esta caminhada à descoberta do património.
A
Junta de Freguesia de Alpalhão procurou, também estar à altura desta iniciativa
e o que podemos
dizer é que excedeu tudo o que esperávamos, numa recepção a todos os títulos acolhedora
e hospitaleira, proporcionando a todos os caminheiros um almoço que tão cedo não
irão esquecer, pelo convívio, realizado ali mesmo, paredes-meias com a ermida,
em pleno campo.
Findo
o almoço, houve tempo para a foto de grupo, a distribuição de lembranças por
parte da Junta e as inevitáveis - e justas - palavras de agradecimento ao
executivo alpalhanense e se estenderam aos caminheiros, ao senhor padre Caetano
e à Câmara de Nisa que cedeu o autocarro
em que regressámos ao ponto de partida. A próxima jornada de convívio com a natureza
está marcada para o dia 21 de Maio na freguesia de S. Simão. Estão todos convidados.
Mário
Mendes – Jornal de Nisa – 27.4.2005