2.9.24

ALPALHÃO: Um passeio da Nisa Viva em Abril de 2005

DO CARVALHAL À SENHORA DA REDONDA
Mais de sessenta caminheiros, entre crianças, jovens e adultos, de ambos os sexos, participaram, sábado, dia 23, no 3º passeio "À Descoberta do Património", organizado pela associação Nisa Viva e pelo Jornal de Nisa, desta vez num percurso pelo território da freguesia de Alpalhão.
Numa manhã fresca e com a ameaça de chuva - que não se concretizou -, sessenta e cinco caminheiros responderam ao convite da organização e aproveitaram para percorrer os sete quilómetros do roteiro "Do Carvalhal à Senhora da Redonda pelo Vale Joaninho" que integrava exuberantes paisagens rurais e não menos valioso conjunto patrimonial.
Iniciada a marcha no Carvalhal, junto a um antigo telheiro, seguiu-se em direcção ao pontão do "Ribeiro do Castelo" ou do Ribeiro Chão, magnífica construção medieval, em granito, com pequena paragem para a explicação sobre a importância desta obra.
Transposto o ribeiro e por caminho rural - o antigo Caminho de Santiago - o passeio prosseguiu com passagem pelo Poço Janeiro, onde se colocaram hipóteses sobre a toponímia do local e daqui a  Alpalhão pela Rua da Cabine Eléctrica.
A visita à Casa Museu, repositório da memória rural e social da vila, surpreendeu e encantou muitos  dos participantes do passeio, grande parte naturais ou residentes em Nisa e que não conheciam esta pequena maravilha, aqui tão perto. Surpresa e encantamento maior tiveram ainda com a subida ao primeiro andar do antigo Hospital, no Largo do Terreiro, onde funciona o Museu de Arte Sacra da Misericórdia, que recebeu visita atenta. A Igreja do mesmo nome na rua da Carreira surgiu no percurso para o Poço Novo, depois de atravessado o IP2.
Alpalhão ia ficando para trás e as esculturas das Bienais da Pedra, como "A loba" (nome popular) faziam soltar exclamações de admiração. Caminhava-se pela estrada, numa curta extensão, paralela, à aprazível e bonita "Quinta dos Ribeiros" ou "Rombeiros" que se contornou por caminho rural. A partir daqui, começaram a deitar-se as vistas para a Senhora da Redonda. Estamos na planície e a imagem é a de campos verdejantes (apesar de tudo) o gado a pastar, e sentimos como é belo tudo o que a natureza cria, como o campo dá beleza e sentido à vida. Para mais, "descoberto", "vivido" assim em grupo, num passeio.
Há poesia, beleza, no Vale Joaninho que percorremos. Pelo nome, pela anta, pelo bucolismo.
Visitada e apreciada a "Anta do Vale Joaninho" e não como, erradamente, é designada, voltámos ao caminho rural até atingirmos a estrada municipal entre Alpalhão e a Senhora da Redonda. A ermida está a dois passos, mas recuamos pela estrada e vamos ao encontro de uma escultura natural, a do "Focinho do Porco". É uma rocha, granítica, que está ali há centenas de anos, mas desconhecida da maior parte dos caminheiros. A surpresa e admiração são quase generalizadas. Mais à frente, nova escultura natural, a "Pedra dos Cinco Dedos". A zona é um autêntico parque geológico, que bem merece ser divulgado, num cenário um tanto rude e agreste, que o escultor turco, Kemal Tufan, quis simbolizar numa escultura monumental a que chamou "Navegando a Alma".
Rumo à capela da padroeira dos alpalhanenses, são múltiplas e variadas as "navegações". O padre Caetano espera-nos para, na derradeira estância deste passeio, nos convidar a uma visita guiada ao templo rural. É uma lição de história de arte, onde se entrelaçam o popular e o erudito, o sagrado e o profano, a realidade e a lenda. E um "remate" feliz e cheio de significado para esta caminhada à descoberta do património.
A Junta de Freguesia de Alpalhão procurou, também estar à altura desta iniciativa e o que podemos dizer é que excedeu tudo o que esperávamos, numa recepção a todos os títulos acolhedora e hospitaleira, proporcionando a todos os caminheiros um almoço que tão cedo não irão esquecer, pelo convívio, realizado ali mesmo, paredes-meias com a ermida, em pleno campo.
Findo o almoço, houve tempo para a foto de grupo, a distribuição de lembranças por parte da Junta e as inevitáveis - e justas - palavras de agradecimento ao executivo alpalhanense e se estenderam aos caminheiros, ao senhor padre Caetano e à Câmara de Nisa que cedeu o autocarro em que regressámos ao ponto de partida. A próxima jornada de convívio com a natureza está marcada para o dia 21 de Maio na freguesia de S. Simão. Estão todos convidados.
Mário Mendes – Jornal de Nisa – 27.4.2005