“Fight, fight, fight”. O desafio lançado por Donald Trump, escassos minutos após ter ludibriado a morte no comício da Pensilvânia, cravou-se no peito de não se sabe quantos republicanos ou simples admiradores. O punho erguido, ao lado da face enraivecida e ensanguentada do candidato à presidência norte-americana, acompanha o slogan. A bandeira dos EUA compõe o cenário como pano de fundo. A história registará o momento. A fotografia, perfeita, e a frase são estampadas em t-shirts, “made in” país que mais incomoda os Estados Unidos. Da China para o Mundo, explica um criativo empreendedor nipónico que fez da tentativa de assassinato um negócio. Vende centenas por dia. Tem concorrência feroz no TikTok, na Amazon e também nas lojas de souvenirs de Nova Iorque. Há também as “Fight Fight Fight High-Tops”. São sapatilhas. Edição limitada a cinco mil pares. Brancas, adornadas com a bandeira norte-americana na zona do tornozelo e com a imagem de Donald Trump a erguer o braço após ter sido atingido numa orelha pela bala disparada por um jovem atirador que nem precisou de brincar às escondidas com os poderosos serviços de secretos. Fabricadas por uma empresa do império Trump, custam 273 euros. Dez delas serão autografadas.
“As lendas nunca morrem”, “Atingido, mas não abalado”, “Make America great again” são frases impressas também em chávenas e em outros objetos desta tática comunicacional pouco dada a questões éticas.
Donald Trump aceitou formalmente a nomeação do Partido Republicano para concorrer à cadeira do maior poder. Com 78 anos, surge qual Rambo nestas eleições presidenciais. Dos tempos modernos, com redes sociais e com estratégias de um verdadeiro influencer. À prova de bala, como se lê noutros produtos de merchandising.
* Manuel Molinos - Jornal de Notícias -19 julho, 2024