3.7.24

SAÚDE: Dezenas de habitantes de Avis protestam em Portalegre contra falta de médicos

Dezenas de habitantes do concelho de Avis manifestaram-se hoje em frente ao hospital de Portalegre contra a falta de médicos e serviços de saúde naquele município alentejano, nos últimos anos, exigindo a resolução do problema.
O protesto, promovido pela Câmara de Avis e juntas de freguesia daquele concelho, no distrito de Portalegre, terminou com a entrega de uma moção aprovada por todos os órgãos autárquicos locais à administração da Unidade Local de Saúde (ULS) do Alto Alentejo, a reivindicar mais médicos para a zona.
Empunhando cartazes, nos quais se podia ler "Avis em luta pelo direito à saúde", ou entoando cânticos como "Sem médico em Avis ficamos, por isso cá estamos", os participantes no protesto manifestaram-se em frente ao hospital, de forma ordeira.
João Gonçalves, de 74 anos, um dos manifestantes que rumou a Portalegre desde a freguesia rural de Alcórrego, em Avis, disse à agência Lusa que já não tem médico de família "há bastante tempo".
"Eu, felizmente, tenho um sistema de saúde, porque era funcionário dos CTT, mas a maior parte da população não tem como recorrer [a outros serviços de saúde] e não há médicos" no concelho, lamentou.
Inês Marques, reside naquela sede de concelho alentejana, relatou à Lusa que não tem médico de família "há meses" e que "é muito difícil" conseguir uma consulta no centro de saúde local.
Já Leonor Xavier, vinda também de Avis, explicou que "há mais de 2.000 utentes" no concelho, estando apenas ao serviço um médico a tempo inteiro e outro a meio tempo, uma vez que um outro clínico está de licença há vários meses.
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Avis, Nuno Silva, que marcou presença nesta ação, alertou que a população está "preocupada" com a falta de médicos.
E esta tem sido uma preocupação igualmente do município, "ao longo dos últimos anos", frisou.
"Temos vindo, junto das entidades, a mostrar a nossa necessidade desses mesmos profissionais", disse o autarca, indicando que a câmara tem manifestado disponibilidade e procurado "dar condições" a médicos para que se fixem no concelho, para darem resposta à população, mas sem sucesso.
A oferta de casas, com os encargos referentes a essas habitações suportados pelo município, é uma das medidas para captar médicos implementada pela autarquia, exemplificou.
No protesto de hoje, realçou Nuno Silva, foi entregue à administração da ULS do Alto Alentejo a moção aprovada "por unanimidade" por todos os órgãos autárquicos do concelho para que seja "encontrada uma solução" para este problema.
Contactado pela Lusa, o porta-voz da ULS do Alto Alentejo, Ilídio Pinto Cardoso, reiterou que aquela entidade "está a fazer tudo" para resolver todas as situações no distrito de Portalegre, apesar das "dificuldades com que se depara" para captar médicos para o território.
in Lusa -3 jul 2024 

OPINIÃO: Bardella ainda mais perigoso que Meloni

Pela primeira vez desde a Libertação, a extrema-direita está potencialmente às portas do poder no nosso país. No entanto, o último passo é sempre o mais difícil de dar e os dirigentes do Rally Nacional sabem muito bem que a vitória depende menos da mobilização dos seus mais convictos apoiantes do que da capacidade de induzir uma certa tolerância à chegada em função de tal um governo, para evitar a constituição de uma frente republicana que lhes seria fatal. Assim, há anos que nos dizem que a Assembleia Nacional mudou e que hoje seria perfeitamente capaz de governar, sem perigo para a vida democrática ou para as instituições. Este discurso contaminou efetivamente uma parte da sociedade, inclusive entre pessoas não particularmente favoráveis ​​ao Rally Nacional. Para ilustrar esta ideia, utiliza-se frequentemente o exemplo italiano: é um país vizinho, latino, culturalmente próximo e a extrema-direita governou-o durante cerca de vinte meses sem aparentemente causar quaisquer desastres. “Se funcionar à toa lá, quais são os riscos de tentar aqui? » é de fato uma frase que ouvimos. Mas o que é isso realmente? 
Gostaria de salientar desde já que a manifestação que se segue não deve de forma alguma ser interpretada como uma tentativa de reabilitar a política seguida pelo governo Meloni do outro lado dos Alpes. Nem mesmo como uma relativização dos seus delitos. A ação de Giorgia Meloni e a ideologia que a sustenta são a antítese dos valores que a Salve a Europa sempre defendeu e, particularmente no que lhe diz respeito, o diabo muitas vezes se esconde nos detalhes. Mas não é menos verdade que ela dá a sensação de governar mais como ultraconservadora do que como neofascista, que se alinhou num certo número de questões a ponto de ser abertamente considerada como uma potencial aliada por Ursula Von der Leyen . E, acima de tudo, que continua a ser muito popular no seu país, como demonstram as últimas eleições europeias, durante as quais foi uma das raras chefes de governo na Europa a ver o seu partido sair vencedor. 
Meloni “o experiente” versus Bardella “o novato”
Tal como o Rally Nacional com o seu antecessor, a Frente Nacional, os Fratelli de Meloni também têm uma origem muito controversa, cujas raízes remontam ao Movimento Social Italiano, fundado por aqueles que tinham saudades de Benito Mussolini. A sua institucionalização ocorreu, no entanto, na década de 1990, durante a qual, após anos de isolamento, os neofascistas juntaram-se à coligação de Silvio Berlusconi e, de cisma em cisma, diluiram significativamente a sua doutrina. Na altura da tomada de posse do governo Meloni em 2022, o seu partido, bem como os seus irmãos inimigos da Lega, acumulavam cerca de trinta anos de presença não só em alguns governos Cavaliere mas também, de forma mais constante, nos vários executivos regionais ao lado esse mesmo direito clássico.
Giorgia Meloni também foi ministra do terceiro governo Berlusconi durante quase três anos. É, portanto, difícil comparar com a Reunião Nacional que nunca liderou uma região nem, naturalmente, participou num governo e cuja experiência de poder é limitada a um punhado de cidades de tamanho médio, nas quais a sua gestão tem sido frequentemente limitada noutros locais. mostrado caótico. O Comício Nacional nunca concluiu a menor aliança real, exceto com micropartidos, quando Giorgia Meloni tem em seu governo pessoas como Antonio Tajani que, qualquer que seja o julgamento negativo que possa ser feito dele, é um político experiente, calmo e competente. 
O RN: um concentrado de gastos ilógicos e caros
Do lado do programa, as diferenças também são significativas. A política económica seguida por Giorgia Meloni é detestável para os progressistas que somos, mas tem uma certa consistência na sua abordagem neoliberal e conservadora, e não se destina particularmente a empurrar o país para a falência ou a desencadear a ira da Comissão em termos de do défice. A plataforma económica do Rally Nacional é um concentrado de gastos ilógicos e caros de mais de 100 mil milhões de euros, a grande maioria dos quais não financiados e isto num contexto de défice que já é muito preocupante. Ao nível da política externa, os Fratelli sempre foram atlantistas, pró NATO e, portanto, pró Ucrânia, o que Giorgia Meloni confirmou desde os seus primeiros meses de mandato: o apoio ao Presidente Zelensky é também a única área em que podemos saudar a sua acção. Este não é obviamente o caso do RN que está mais próximo da linha Salvini, nomeadamente uma admiração pelo ditador do Kremlin que era até recentemente o reconhecimento do estômago que devemos ao seu banqueiro. Finalmente, mesmo a nível migratório, o governo italiano abriu as comportas da imigração legal ao prever a emissão de mais de 400.000 autorizações de residência em 3 anos: a xenofobia não durou muito, face ao pragmatismo necessário num país com uma envelhecimento da população e uma taxa de natalidade muito baixa. O programa do RN continua a defender os velhos tempos da imigração zero ou a defender uma preferência nacional incompatível com os seus compromissos europeus. 
Obviamente, a extrema-direita, mesmo pragmática, continua a ser a extrema-direita e todos aqueles que destacam os pontos menos assustadores deveriam, no entanto, analisar um certo número de pontos altamente problemáticos em funcionamento em Itália, nomeadamente a supressão do RSA, as múltiplas ofensivas contra o direito ao aborto e os direitos das pessoas LGBTQIA+ ou mesmo ataques contra a liberdade de imprensa, bem como tentativas de alinhamento da mídia. E não há dúvida de que, especialmente neste último tema, Jordan Bardella faria questão de imitar Giorgia Meloni. Mas embora seja igualmente imoral, um governo Bardella seria sem dúvida muito mais destrutivo. Mesmo que a presença do Presidente Macron no Eliseu limitasse pelo menos as consequências na política internacional, a Constituição permanece bastante vaga quanto à partilha de poderes nesta área.

* Sébastien Poupon in savonsleurope.eu - 3.7.2024


SARDOAL: O teatro vai às aldeias!

Entre 12 e 14 de julho: "Dom Roberto", Teatro de Fantoches, vai percorrer algumas aldeias do nosso Concelho.
Capaz de divertir miúdos e graúdos, Dom Roberto, o herói destas histórias, luta contra gigantes, monstros, salva princesas e é capaz de derrotar até a própria morte!
O Teatro Dom Roberto, ou teatro de fantoches, faz parte do imaginário dos portugueses mais antigos, os que ainda se lembram dos robertos em feiras, romarias, praias e praças do país. Conta com cerca de quatro séculos de história e chega aos nossos dias revitalizado por diversas companhias nas quais se incluem os Valdevinos. 
Consciente da sua importância e relevância para a preservação das tradições e memória coletiva, o Município de Sardoal traz o Dom Roberto às aldeias do Concelho e ao centro da Vila, por forma a descentralizar as iniciativas culturais e permitir a todos os Sardoalenses momentos de diversão e alegria ao ar livre. 
Uma iniciativa deste Município com produção de Valdevinos Teatro de Marionetas, apoio de Associação de Moradores de Andreus, Associação de Melhoramentos de São Simão, ACD Valhascos, Comissão de Melhoramentos de Cabeça das Mós e Associação dos Amigos de Santiago de Montalegre - ASM e financiada pela Direção-Geral das Artes, ao abrigo do Apoio à Programação da RTCP.

CUBA: Apresentação do livro "Redes sociais, ilusão, obsessão, manipulação"

Sábado, 6 de julho, 18:00.
A Biblioteca Municipal de Cuba acolhe no próximo sábado, dia 6 de julho, o autor Joaquim Fialho, que vai estar por cá para apresentar o seu livro “Redes Sociais, Ilusão, Obsessão, Manipulação”, uma obra que “convida o leitor para uma viagem pelas transformações nas relações de sociabilidade provocadas pela penetração das redes sociais nas nossas vidas”. 
Neste livro, o autor “analisa e foca-se nos novos padrões de comportamento que daí emergem: a ilusão da felicidade, a obsessão por estar ligado e a ligeireza como somos manipulados pelos gigantes tecnológicos. Uma visão crítica sobre a ilusão, obsessão e manipulação que ocorre no mundo das redes sociais”.
Um tema interessante, útil e elucidativo, numa sessão a não perder, no próximo sábado, às 18:00, na Biblioteca Municipal de Cuba.


2.7.24

PORTALEGRE acolhe Festival Internacional de Cinema PERIFERIAS

 
12 e 13 JUL. SEX e SÁB. 18.30H
Festival Internacional de Cinema PERIFERIAS - 12º aniversário
Cinema | PA | 4€ | M/12 anos
Com uma aposta focada no cinema documental e de autor, o Festival Internacional de Cinema Periferias celebra este ano a sua 12ª edição, de 9 a 17 de agosto. Trata-se de um marco significativo, que será assinalado com a realização de duas sessões especiais no CAE Portalegre.
Dia 12 Julho - 18.30h
A FLOR DO BURITI - Joao Salaviza & Renée Nader Messora
2023 - Brasil/Portugal - Drama - 124 min.
Através dos olhos da filha, Patpro vai percorrer três épocas da história do seu povo indígena, no coração da floresta brasileira. Incansavelmente perseguidos, mas guiados pelos seus ritos ancestrais, pelo seu amor pela natureza e pela sua luta para preservar a liberdade, os Krahô reinventam diariamente novas formas de resistência.
 Dia 12 Julho - 22.00h
SOEMA MONTENEGRO – Concerto no Pátio da Casa – entrada livre
Pátio da Casa Café Concerto - Música Latino-Americana
Nascida na Argentina, a cantora, compositora e investigadora da voz latino-americana e ancestral reafirma a sua identidade musical, através do cruzamento de paisagens, sonoridades e experiências poéticas. Soema inspira-se nas tradições indígenas e na natureza, mantendo-se relevante e inovadora.
 Dia 13 Julho - 18.30h
DEBAIXO DAS FIGUEIRAS - Erige Sehiri
2022 - Tunísia, Suíça - Drama - 92 min.
Entre as árvores, os jovens que trabalham na colheita de Verão desenvolvem novos sentimentos, flertam, tentam compreender-se mutuamente, encontram (e fogem de) ligações mais profundas.


LIBERDADE: Continuamos a celebrar Abril no Arquivo Fotográfico

 
Até 24 de agosto o Arquivo Fotográfico continua a assinalar os 50 anos do 25 de Abril com diversas iniciativas.
 A exposição Manifestações de Liberdade conjuga linguagens artísticas e sociais expressas em manifestações e murais, na presença de figuras proeminentes da cultura e intervenientes políticos, provando a proximidade entre a esfera intelectual e a popular do pós 25 de Abril, entre 1974 e 1980 e registadas em diversas coleções de fotografia e vídeo do Arquivo Municipal de Lisboa.
 Nos dias 6 de julho às 11:00 e 06 de agosto às 15:00, decorrerão visitas guiadas à exposição destinadas ao público com deficiência visual, sendo possível o agendamento de outras datas. Todas as visitas são de entrada livre, mas necessitam de marcação prévia através do email arquivomunicipal.se@cm-lisboa.pt.
 Em simultâneo, decorrem a projeção Diretos da Revolução, que permite ver os filmes 'Portugal, La Délivrance' e 'Milagro en la Tierra Morena' gravados durante aqueles dias de Abril de 1974 pelo jornalista belga Josy Dubié, e pelo cineasta cubano Santiago Álvarez, respetivamente, e a instalação Ordem às Palavras de Ordem, que evoca ideias de participação e de liberdade de expressão, inspiradas nas palavras e nos slogans que fazem parte da herança da Revolução de Abril.
 A exposição 'Manifestações de Liberdade' é também o mote para as conversas "Manifestações pela palavra", a ter lugar a 27 de julho e 24 de agosto, pelas 15:00, e que irão contar com os testemunhos do escritor Hugo Gonçalves e do fotógrafo Luís Pavão, respetivamente. (...)


COMUNICADO SOS Racismo: "Condenação de Claúdia Simões prova que a justiça portuguesa tem cor"

"Em janeiro de 2020, numa paragem de autocarro no concelho de Amadora, Claúdia Simões foi selvaticamente agredida em frente à sua filha menor pelo agente da PSP, Carlos Canha. As agressões continuaram dentro de um carro-patrulha com insultos racistas contando com a cumplicidade dos agentes João Gouveia e Fernando Rodrigues. 
Os agentes agressores beneficiaram do apoio corporativista dos sindicatos da polícia e do beneplácito da sua própria hierarquia. O então diretor da PSP, Magina Da Silva, mesmo perante imagens que revelavam o agente Carlos Canha sentado em cima do corpo da vítima e ferimentos evidentes na face de Cláudia Simões, vem a público desmentir o uso desproporcional de violência e declarar não ter visto “nada de anormal” na sua detenção. Este apoio de que Carlos Canha e os seus colegas beneficiaram prova que a força do racismo estrutural está nas instituições. 
Após quatro longos anos de espera na angústia, ansiedade e dor, a justiça portuguesa resolveu sancionar a vítima e poupar os carrascos. Neste julgamento, o sistema tomou um lado e duplicou a força da violência e racismo institucional a que Cláudia Simões foi sujeita, naturalizou e legitimou as práticas de violência racistas das forças políciais e, assim, voltou a desproteger e, pior ainda, a sancionar mais uma das suas vítimas. Se o direito restituísse sempre justiça, serviria para reparar os danos provocados à vítima e aplicar as devidas e porporcionais consequências ao agente agressor e aos seus cúmplices, que teriam sido os pesadamente condenados por terem gratuita e barbaramente agredido a cidadã Claúdia Simões. Se as instituições da República fossem sensíveis à ideia de igualdade plena e de justiça racial, Claúdia Simões teria sido cuidada e amparada pelo Estado em vez de ver todas as dolorosas sessões do seu julgamento serem transformadas num tribunal dos horrores, onde ela foi sistematicamente achincalhada, humilhada e discriminada e psicologicamente violento. 
Pelo contrário, Claúdia Simões é mulher, negra e de condição social modesta e o racismo e a impunidade parecem continuar a grassar dentro das forças de segurança, nomeadamente na PSP, sob autorização dos tribunais. Em sala de audiência, o racismo esteve sempre presente na violência psicológica, humilhação, difamação e inomináveis pressões que a procuradora da república, os juízes e advogados dos agentes agressores exerceram sobre Cláudia Simões e as suas testemunhas. De facto, juízes, procuradora da república e advogados dos agentes da PSP orquestraram e colaboram num exercício de absoluta desumanização da Claúdia Simões. 
Todo o julgamento foi um exercício de tortura psicológica e moral contra Claúdia Simões. Um inaceitável e revoltante festival de indignidades vexatórias, com chacotas sobre a queda de cabelos da vítima, repetidas exigências de retirada da peruca em plena sala, correções ofensivas à forma desta se sentar einsinuações difamatórias sobre a mitomania e oportunismo da vítima. 
Ao longo do julgamento, os juízes, o ministério público e os advogados dos agentes reafirmaram insistentemente que não estavam a julgar um crime de racismo. Porém, não deixaram de julgar o antirracismo. Na leitura da sentença, voltou a juíza a atacar o movimento antirracista e as e os intelectuais que tiveram a coragem de denunciar a violência racista das agressões à Claúdia Simões e de apoiá-la. 
Face ao cenário a que se assistiu desde o início do caso, a expectativa de que perante um agente policial racista se viesse a fazer justiça por uma pessoa negra, mormente uma mulher negra, era quase nula. Porém, o que não se esperava era que o próprio tribunal se transformasse numa amplificação tão persistente da violência racial como se viu acontecer até ao fim do julgamento. 
A condenação da Claúdia Simões é a prova de que a justiça em Portugal tem cor e que o racismo goza de proteção institucional. Este veredito normaliza a violência policial racista. O SOS Racismo lamenta que, mais uma vez, a justiça tenha escolhido premiar a impunidade e legitimar a violência policial racista. 
O SOS Racismo manifesta a sua total solidariedade com Claúdia Simões e mostra-se totalmente disponível para estar ao seu lado para prosseguir a luta no sentido de reverter esta inaceitável sentença. 
O SOS Racismo condena a tentativa de silenciamento do movimento antirracista e de intimidação a ativistas e académicos que se mobilizam na luta contra o racismo e inerente violência. 
O SOS Racismo mantém-se empenhado em denunciar e combater a cada vez mais preocupante porosidade entre expressões do racismo e práticas de justiça. 
1 de julho de 2024 
SOS Racismo 
sosracismo@gmail.com * www.sosracismo.pt


IN MEMORIAN: Fausto Bordalo Dias (1948-2024)

Morreu esta segunda-feira o cantor e compositor que marcou a música popular portuguesa no último meio século.
Nascido a bordo do navio Pátria numa viagem entre Portugal e Angola, Fausto era um dos últimos grandes cantautores do movimento associativo em tempo de ditadura, ao lado de nomes como Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira, José Mário Branco e Manuel Freire. O seu primeiro EP data de 1969, com o nome “Fausto”, incluía a música “Chora, Amigo, Chora” que lhe valeu nesse ano o prémio Revelação da Rádio Renascença.
Filho de pais beirões, de Trancoso, Fausto viveu no Huambo até aos 18 anos e veio para Lisboa, onde se licenciou em Ciências Políticas no antigo Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina, integrando a direção da Associação de Estudantes e participando nas Reuniões Inter-Associações. Após a Revolução foi em sua casa que em maio de 1974 se fundou o Grupo de Acção Cultural - Vozes na Luta (GAC), com José Mário Branco, Tino Flores e Afonso Dias -, que ao longo de meses promoveu dezenas de sessões de canto por todo o país, tendo Fausto abandonado o projeto em setembro. Nesse período lançou “Pró que Der e Vier” (1974) e “Beco sem Saída” (1975)
Em 1978 colaborou na banda sonora do filme A Confederação com José Mário Branco e Sérgio Godinho, com quem viria a juntar-se em palco 31 anos depois no espetáculo “Três Cantos ao Vivo”, gravado em disco.
Ao longo de cinco décadas de carreira, Fausto gravou 12 discos, dez dos quais de originais, destacando-se a trilogia “Lusitana Diáspora” sobre a História portuguesa da expansão, iniciada com o duplo álbum “Por este Rio Acima” em 1982, baseado na Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, e prosseguida com “Crónicas da Terra Ardente” em 1994 e “Em Busca das Montanhas Azuis” em 2011, todos vencedores de vários prémios e considerados dos discos mais importantes da música portuguesa.
Diz que começou a trilogia “porque me divertia imenso ler Fernão Mendes Pinto, era o meu livro de cabeceira”, mas também porque “me cansei das canções de intervenção, já não faziam sentido nenhum, já ninguém as queria ouvir, estávamos a falar para o boneco”.
Tendo as obras mais aclamadas da sua carreira o tema das viagens, Fausto assumia que não gostava de viajar. “Eu viajo de cabeça. Viajo à força de fazer concertos, mas sem gosto. Não me agrada o avião. Não tenho nenhum fascínio pela viagem. Prefiro ler o que os outros dizem e viajar por eles”, contava em entrevista a Ana Margarida Carvalho na Visão.
No último capítulo da trilogia, diz ter procurado explorar a ideia de que “muita gente viajou pelo sonho, pela vontade de descoberta, pelo contacto com outros povos e outras culturas”.
Na carreira de Fausto, os concertos eram sempre uma ocasião especial, pela sua raridade. Não apreciava as luzes da ribalta do showbiz, mas não abdicava de intervir cívica e politicamente, nomeadamente apoiando as campanhas presidenciais de Otelo e por várias vezes as candidaturas do Bloco de Esquerda, como voltou a suceder nas legislativas deste ano.
Dizia ver o mundo sempre “com um certo otimismo, ainda que constate os seus recuos”. E que “nós vivemos um período do capitalismo financeiro mais barato que há, mas enquanto vejo os especuladores marchando, também se veem manifestações contra essa mesma especulação, por toda a Europa”.
Na mesma entrevista referiu que “uma pessoa da minha geração que tivesse pensado que, com o 25 de Abril, se alterariam profundamente as coisas, está desiludida, sabe perfeitamente que o 25 de Abril não conseguiu atingir os seus objectivos. E que até houve uma regressão”. Mas rejeitava que o regresso da canção de protesto fosse uma saída “porque é absolutamente reabsorvido pelo sistema”.
De acordo com a família, na terça-feira as cerimónias fúnebres serão na Voz do Operário entre as 18:00 e as 23:00. O funeral, na quarta-feira, será reservado à família
Tristeza e pesar
Ao longo do dia sucederam-se as mensagens de tristeza e pesar pela morte de Fausto. Em nota à imprensa, o Bloco de Esquerda destaca que além da intervenção musical, "Fausto Bordalo Dias empenhou-se em diversas lutas. Assumiu a defesa da escola pública, opôs-se ao nuclear, criticou a humilhação pelas praxes académicas, lutou pela memória da resistência ao fascismo, defendeu a despenalização da morte assistida" e que "desde 1999, apoiou as candidaturas do Bloco de Esquerda em diversas eleições, incluindo nas legislativas de março deste ano".
No site da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa afirma que "recebeu com tristeza a notícia da morte de Fausto Bordalo Dias, que ao longo de décadas deixou um legado musical que se confunde com a própria história de Portugal". Acrescenta que "Fausto pertencia a uma constelação de músicos que traduziu para as canções de intervenção o sentimento do povo português, e é por isso inevitável associar o nome de Fausto aos nomes maiores da música portuguesa, como José Afonso, José Mário Branco ou Sérgio Godinho".
Em declarações à agência Lusa, Sérgio Godinho afirmou que Fausto “era um grande criador, intérprete, criador de letras e músicas e criou um universo próprio, muito pessoal e muito personalizado. A gente consegue dizer aquela canção é do Fausto porque de facto ele tinha um carimbo”. Sérgio Godinho recordou os tempos em que privou com o músico a seguir à Revolução e o momento que os reuniu em 2009 em Lisboa e Porto com José Mário Branco. “Havia uma intensidade ali muito particular, porque eram os nossos três universos a cruzarem-se”.
De Angola, o jornalista Viriato Teles lamentou a morte do velho amigo, sublinhando que “o Fausto tem uma dimensão ética e estética que é incomparável, que mais nenhum músico se calhar tem com todo o respeito pelos outros”. “A música dele, que me tem feito companhia frequentemente aqui em Angola, transformou a música portuguesa. Ou melhor: a obra dele transformou a música portuguesa”, disse o jornalista, frisando a noção de "obra".
in www.esquerda.net 01 de julho 2024

ÉVORA: Desfile-Concentração pela Paz

"O Movimento Évora pela Paz" desafia todos os que se queiram juntar a nós, no dia 5 de Julho, para um Desfile-Concentração que começará no Largo Luís de Camões e terminará na Praça 1º de Maio, com a leitura do nosso Manifesto.

1.7.24

OPINIÃO: A democracia não é um jogo

As imagens de um Emmanuel Macron isolado, perdido no labirinto em que lançou a França ao dissolver o Parlamento na noite das eleições europeias, têm dominado o espaço mediático. A revista “The Economist” lançou na capa uma bandeira tricolor em que o branco central desapareceu, substituído por nuvens: o centro está condenado a cair. A aproximação às urnas, nesta primeira ronda das legislativas, agigantou a incompreensão pela arrogância do presidente francês, na sua incapacidade de lidar com a ruína do seu próprio espaço político.
Nas últimas semanas multiplicaram-se as análises às causas da atração dos jovens franceses pela extrema-direita. O desempenho de Jordan Bardella, jovem líder da União Nacional (RN), no TikTok ajuda a explicar o fenómeno, mas é no cruzamento entre o difícil acesso à habitação, a imigração e a criminalidade que se encontra o principal detonador. Pouco importa que muitos dados objetivos desmontem os fantasmas em torno dos estrangeiros. A xenofobia tornou-se cada vez mais clara e assumida em posições públicas, tanto em ações de campanha como em vídeos e declarações de cidadãos anónimos.
Ainda que obrigados por razões profissionais e éticas à neutralidade, muitos jornais assumiram o posicionamento de barreira à extrema-direita. É fácil de explicar porquê: olhando para trás, para as votações antissociais, antiecológicas e antifeministas da União Nacional, e perspetivando o que possa ser uma França dominada pela intolerância e pelo clima de guerra civil, o momento é de mobilização cívica. Defender a democracia é uma missão essencial da informação e do jornalismo.
O que se passa em França, hoje e no próximo domingo, não diz respeito apenas aos franceses. Inquieta todos os que acreditam em valores como a igualdade e a equidade, a tolerância, a livre circulação num mundo em que todos temos direito a ser inteiros. A tentação do experimentalismo e a atração por discursos demagógicos, que simplificam o mundo dividindo-o, são um perigo. A democracia não é um jogo. E veremos até onde nos leva o veneno dos extremos.

* Inês Cardoso - Jornal de Notícias -30 junho, 2024 


PORTALEGRE: Dança e Música para Bebés no CAEP

 
6 JUL. SÁB. 16.00H
LU.NA – Dança e música para bebes
Teatro e Dança | PGA | 5€ | Limitado a 20 lugares | Todas as idades
Norteados pela luz, partimos numa viagem, entre o nosso pequeno mundo e o longínquo e grandioso mundo das estrelas.
Num universo imaginário, descobrimos o animal mais feliz do mundo, o Quokka e conversamos com o pirilampo irrequieto.
Completamos uma volta ao mundo e adormecemos ao luar.
Viajamos no cometa, estendemos as mãos às estrelas e escutamos com atenção a mensagem do amigo cósmico.
Em família, valorizamos a magia da vida, partilhamos mimos e surpresas, que despertam os sentidos e oferecem momentos únicos e especiais, para guardamos com ternura nas memórias da 1ª infância.
A 11ª produção para bebés, propõe uma viagem mágica às estrelas.
Num universo luminoso, valoriza o mundo e a vida e convida a dança e a música a abraçarem a luz, o som, o cenário, os adereços, os figurinos e a imagem, para criarem uma experiência única em família.
Mais do que um espetáculo, LU.NA é um apelo à urgência de promover a amizade, o amor e a partilha, na educação e formação das gerações vindouras, que, ainda, podem alterar o curso da história.
Ficha Artística
Ideia e direção artística: António Machado e Sofia Belchior
Coreografia: Sofia Belchior
Composição musical: António Machado
Músicos: António Machado, Joana Machado e João Lopes
Cenografia: António Machado, Ricardo Mondim e Sofia Belchior
Adereços e Bonecos: Ricardo Mondim e Sofia Belchior
Desenho de luz: António Machado e Sofia Belchior
Figurinos: Sofia Belchior e Diana Pais
Design gráfico: Phorm
Design Web: João Belchior
Fotografia: Carlos Teixeira
Vídeo: João Bordeira
Consultoria e apoio à produção: Tiago Moreno
Interpretação ao vivo: DançArte – Companhia residente no Cine Teatro S. João, Palmela – Ricardo Mondim e Sofia Luz; Ária da Música – António Machado
Produção e apresentação: Sofia Belchior
Produção Passos e Compassos 2024
Apoio: Câmara Municipal de Palmela e República Portuguesa – Cultura/ Direção Geral das Artes.

PÓVOA E MEADAS integra projecto ‘Murais da Liberdade’

Recebe mural evocativo dos 50 anos de Abril e 80 anos do nascimento de Salgueiro Maia
🌹 A fachada lateral que dá acesso ao pátio do edifício do Museu de Póvoa e Meadas tem estado a ser intervencionada por forma a constituir um mural evocativo dos 50 anos de Abril que também queremos registar na freguesia. 
👉 Esta vibrante imagem feita a partir de uma icónica foto celebra a vitoriosa ação militar que o Movimento das Forças Armadas desenvolveu na Revolução de Abril levando à queda do regime fascista. Assinala os primeiros comunicados emitidos na madrugada de 25 de Abril de 1974 pelo Rádio Clube Português. 
📣 “Aqui Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas. As Forças Armadas Portuguesas apelam para todos os habitantes da cidade de Lisboa no sentido de recolherem a suas casas, nas quais se devem conservar com a máxima calma”. 
Foi com este texto, lido aos microfones do Rádio Clube Português pelo locutor de serviço Joaquim Furtado, que às 4 da manhã do dia 25 de abril de 1974 o povo português tomava conhecimento de que uma revolução estava em marcha, e que a ditadura do Estado Novo terminava. Cerca de uma hora antes, já as instalações da RTP no Lumiar haviam sido também ocupadas pelo MFA. A RTP seria mesmo uma das protagonistas desse dia histórico, primeiro através de serviços noticiosos que iam relatando a sucessão de acontecimentos, depois com reportagens de rua acompanhando os militares e o povo que se concentrava em frente ao Quartel do Carmo, e finalmente, já por volta da uma da manhã do dia 26, sendo o palco da comunicação ao país da Junta de Salvação Nacional. [...]»


JULHO, o mês das colheitas

O mês de Julho era anteriormente conhecido por Quintilis em latim, uma vez que era o quinto mês do calendário romano, que começava em Março.
Em 46 a.C., Júlio César, reformou o calendário romano, acrescentando dois meses, Unodecembris e Duocembris, no final do ano de 46 a.C., deslocando assim Januarius e Februarius para o começo do ano de 45 a.C. Os dias dos meses foram fixados numa sucessão de 31, 30, 31, 30... de Januarius a Decembris, à excepção de Februarius, que ficou com 29 dias e que, a cada três anos, teria 30 dias. Com tais mudanças, o calendário anual passou a ter doze meses que perfaziam 365 dias.
Em 44 a.C., Júlio César foi homenageado pelo Senado, que mudou o nome do mês Quintilis para Julius, visto ser o mês em que César nasceu.
Julho tem 31 dias e é o sétimo mês do calendário juliano e também do caledndário gregoriano, utilizado na maior parte do mundo e que foi promulgado pelo Papa Gregório XIII a 24 de Fevereiro do ano 1582, para substituir o calendário juliano.
É, em média, o mês mais quente na maior parte do Hemisfério Norte (onde é o segundo mês de Verão) e o mês mais frio em grande parte do Hemisfério Sul (onde é o segundo mês de Inverno). A segunda metade do ano começa em Julho. No Hemisfério Sul, Julho é o equivalente sazonal de Janeiro no Hemisfério Norte.
Julho começa no mesmo dia da semana que Abril de um ano comum e que Janeiro em anos bissextos. Num ano comum nenhum outro mês termina no mesmo dia da semana que Julho, enquanto que num ano bissexto, Julho termina no mesmo dia da semana que Janeiro.
Os Signos do Zodíaco que correspondem ao mês de Julho são:
- Caranguejo (21 de Junho a 22 de Julho;
- Leão (23 de Julho a 22 de Agosto).
A pedra zodiacal de Julho é o rubi.
Como noutros meses há datas especiais a assinalar. Temos Dias Internacionais (ONU):
- 1º sábado de Julho - Dia Internacional das Cooperativas;
- 11 de Julho - Dia Mundial da População.
Temos também outras datas comemorativas:
-  Primeiro Domingo de Julho – Dia Mundial do Salvamento.
- 1 de Julho - Dia da Região e das Comunidades Madeirenses;
                      Dia Mundial da Arquitectura;
                      Dia da Mulher Portuguesa;
                      Dia da Força Aérea Portuguesa;
                      Dia do Antigo Estudante de Coimbra;
                      Dia das Bibliotecas.
- 2 de Julho – Dia da Polícia de Segurança Pública.
- 4 de Julho - Dia Mundial do Salvamento.
- 7 de Julho - Dia das Cooperativas.
- 8 de Julho - Dia da Marinha.
- 11 de Julho - Dia Mundial da População.
- 12 de Julho - Dia Mundial contra o Trabalho Infantil.
- 13 de Julho - Dia do Agricultor;
                       Dia Mundial do Rock.
- 14 de Julho – Dia do Doente;
                       Dia Mundial da Liberdade de Expressão.
- 20 de Julho – Dia Internacional da Amizade.
- 22 de Julho – Dia do Cantor Lírico.
- 25 de Julho - Dia do Exército Português.
- 26 de Julho - Dia Mundial dos Avós.
- 28 de Julho – Dia Nacional da Conservação da Natureza.
Temos ainda datas patrióticas (Portugal):
- 25 de Julho (1139) - Trava-se a Batalha de Ourique. D. Afonso Henriques derrota os reis mouros da Península, o que se traduz na Reconquista Cristã de Portugal. A data é assinalada no Dia do Exército Português.
- 25 de Julho (1415) - Parte do Tejo a Armada de D. João I, para a conquista de Ceuta.
- 26 de Julho (1139) – Afonso, conde portucalense é aclamado rei de Portugal e proclama a sua independência face a Leão.
No calendário Mariano, Nossa Senhora, Mãe de Deus, é honrada com muitos e muitos títulos e festejada ao longo do ano. No mês de Julho temos:
- Dia 1 de Julho – Dia de Nossa Senhora do Bom Sucesso.
- Dia 13 de Julho - Dia de Nossa Senhora da Rosa Mística.
- Dia 16 de Julho - Dia de Nossa Senhora do Carmo.
- Dia 29 de Julho - Dia de Nossa Senhora da Ajuda.
* Hernâni Matos in https://dotempodaoutrasenhora.blogspot.com

IMAGEM: A ceifa no Alentejo. Alberto de Souza (1880-1961). Aguarela sobre papel (14x20 cm).