10.5.23

AMIEIRA DO TEJO: As flores do jardim - Texto de Jorge Pires

Quando no jardim da nossa casa desabrocha uma flor, fruto do amor e do carinho que lhe é dedicado por mãos delicadas, logo os nossos olhos se alegram como se tivesse nascido uma criança, mas quando passados alguns dias essa flor começa a desmaiar, não podemos deixar de sentir uma certa nostalgia e pensar que também nós, somos fruto do amor e do afecto, como a flor do nosso jardim e também como ela, vamos pela vida fora passando por várias metamorfoses, que no fundo, não são nem mais nem menos aquilo que se passa com tudo o que nos rodeia.
Também no jardim da vida, tal como no jardim das flores, existem as mais variadas espécies, umas de melhor qualidade e outras que, como diz o povo, não são flor que se cheire. Pode dizer-se que hoje, as flores que menos abundam no nosso mundo são sem dúvida os amores perfeitos, o que é pena, pois sem eles, cada vez mais se desmembrará o mundo em que vivemos, isto porque ao contrário, há cada vez mais rosas com espinhos que quer queiramos quer não, se irão cravando nas mentalidades mais desprotegidas.
Antigamente, isto é, até 1970, eram os “cravo/as” os inimigos nº 1 dos comerciantes devido ao dano que causavam às suas prateleiras e simultaneamente às suas economias; hoje, aquela espécie pelo menos cá no “nosso jardim”, está praticamente extinta, o que não deixa de ser um alívio para quem gosta de plantar e... colher!
Que bom seria que um dia, aqueles que vivem no meio de um jardim imenso, se lembrassem de tanta gente que nem uma pétala possui... Virá esse dia?
* Jorge PiresO Amieirense – nº 133 – Maio/ Junho de 1997