A vereadora Fátima Dias, eleita pela CDU - Coligação Democrática Unitária, votou contra uma proposta da maioria PS, na reunião camarária realizada no dia 6 de Dezembro e sobre a qual apresentou a Declaração de Voto que a seguir transcrevemos.
DECLARAÇÃO DE VOTO CONTRA – PONTO 16
- Considerando que, e passo a citar a Informação/Proposta Nº 4520/2022, “O Natal é a Festividade da Família, e da valorização dos princípios da fraternidade e solidariedade (…); Nos dias de hoje, em Nisa, ainda se preservam tradições ancestrais resultantes do reencontro familiar, como a Ceia de Natal, a Missa do Galo, o Lume de Natal, alegria do Natal ao desembrulhar as prendas…” ;
- Considerando que celebramos Dezembro como o Mês dos Direitos Humanos e que a Assembleia da República reconheceu a Declaração Universal dos Direitos Humanos ao aprovar, em 1998, a Resolução que vigora até hoje, e que implementou o dia 10 de dezembro como o Dia Nacional dos Direitos Humanos; - Considerando que a data pretende ser uma homenagem a todos os cidadãos defensores dos direitos humanos e promover o fim de todos os tipos de discriminação;
- Considerando ainda que vivemos um momento particularmente marcado pelo aumento da inflação galopante, uma constante nos últimos meses, com sérias repercussões na vida das famílias, particularmente das mais vulneráveis, afirmo que é absolutamente inaceitável que surja uma proposta, vinda da maioria PS neste executivo, claramente discriminatória para a população do Concelho de Nisa, que dificilmente compreenderá por que motivo há munícipes que têm direito a lembrança natalícia, só pelo facto de viverem no centro histórico da sede de Concelho.
Não misturemos o que não pode ser misturado. Sendo certo que o centro histórico de Nisa simboliza a nossa história e a nossa memória e que é uma preocupação garantir que seja um território vivo e habitado por diferentes gerações, multifuncional, que assegure respostas necessárias à população que decide ali viver, trabalhar e visitar, contrariando o despovoamento e abandono, não é admissível misturar o que não pode ser misturado.
Se queremos falar de espírito natalício e de justiça social, deveríamos começar por aprovar a distribuição de um cabaz social, pelas famílias em situação de vulnerabilidade social. Um cabaz social de Natal composto por géneros alimentares, adquirido no comércio local, sim, em colaboração com as Juntas de Freguesia, que podem ajudar a identificar as famílias que vão receber os referidos cabazes bem como a fazer a respetiva distribuição, possibilitando, assim, às famílias mais vulneráveis do Concelho usufruir de uma ceia de Natal condigna.
Clarificando, voto CONTRA o ponto 16 da Ordem de Trabalhos, “Lembrança de Natal - Centro histórico”, porque a revitalização do centro histórico e o espírito natalício não podem ser usados como bandeira demagógica, revestindo-se a proposta agora aprovada pela maioria PS de total insensibilidade social.
Nisa, 6 de dezembro de 2022
A Vereadora eleita pela Coligação Democrática Unitária
(Fátima Dias)