Da Idade Média, temos muitos registos de crueldades de figuras com poder. É o caso de Genghis Khan (ac. 1158 –1227) na Mongólia, responsável por 40 milhões de mortos e Tomás de Torquemada (1420–1498), o Grande Inquisidor, responsável por aproximadamente 20 mil pessoas queimadas na fogueira.
Já no século XX, tivemos Estaline (1878–1953) com os terríveis gulags, campos de trabalhos forçados, 700 mil executados e mais de um milhão de presos; o nazi Adolf Hitler (1889–1945), foi o responsável pelas duas maiores guerras no mundo com milhões de mortos; Hitler foi apoiado pelo fascista italiano Benito Mussolini (1883–1945) e estes dois apoiaram o ditador espanhol Francisco Franco (1892–1975) que, também, era apoiado pelo ditador português, António Salazar responsável pela morte de cerca de 10 mil portugueses, milhares de feridos e deficientes na guerra colonial.
Podemos ainda nomear o romeno Ceausescu (1918–1989), que perseguiu dezenas de milhões de pessoas e foi responsável pela morte de centenas de milhares de pessoas; ainda Augusto Pinochet (1915–2006) no Chile com milhares de torturados e desaparecidos. E as guerras mais recentes como o Vietnam, Iraque, Kosovo, Afeganistão, Síria, assim como os conflitos em África, outros no Médio Oriente e agora na Ucrânia, mostram que a paz é um déjà vu.
As tiranias continuam e perante os interesses, até são toleradas; as guerras continuam e perante os interesses até são ignoradas. Desde os horrores no Darfur (Sudão), ao que a Nato fez com a ex-Jugoslávia e o que a Rússia já tinha feito na Tchetchénia e agora na Ucrânia, são a prova de que as Nações Unidas, infelizmente têm servido de capa ao imperialismo russo e americano.
Além dos conflitos, a história recente, mostra-nos as grandes potências mundiais na origem das maiores dores de cabeça para o mundo. Depois de uma crise financeira em 2008, com o epicentro nos EUA, a seguir fomos atacados por uma pandemia que parece ter vindo da China. Quando ainda não estamos refeitos, a limpeza étnica no Donbass feita por neonazis ucranianos contra ucranianos russófonos, também serviu de desculpa a Putin para esta guerra hedionda que abraçou.
O desastre humanitário está em curso e um dos exemplos mais relatados à parte dos que fogem da guerra, tem a ver com Mariupol sem eletricidade, água, comida e medicamentos. O frio, a fome e as pessoas a adoecerem, revela um cenário desolador impróprio do século XXI. As guerras têm provocado milhões de refugiados, umas por motivos religiosos, outros étnicos, económicos e também, perigosos interesses ideológicos.
Zelensky tem pedido ajuda para defender a Ucrânia da bárbara invasão e o Ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano (Dmytro Kuleba) anunciou a formação de uma Legião Estrangeira Ucraniana, uma ambição de uma parte da extrema-direita ucraniana. E está a atrair um pouco por todo o mundo, militantes de extrema-direita, o que dá alento ao batalhão terrorista Azov, milícia neonazi ucraniana, acusada de crimes de guerra.
Esta gente é contra a União Europeia e depois desta guerra, quem lhes tira as armas e o treino militar? E quem é que responde pelos milhões de euros que França, Alemanha e Itália entre outros encaixaram pela venda de armamento à Rússia nos últimos anos? Acreditem, a solução para a guerra não é a guerra e estes nacionalismos de extrema-direita que fomentam o ódio conseguem opor povos irmãos, perante a impotência da ONU. A solução passa por políticas unificadoras e internacionalistas.
Os neonazis e a extrema-direita de leste estão ao rubro, indianos e negros que querem sair da Ucrânia são obrigados a dar prioridade aos ucranianos. Na Europa a extrema-direita está dividida entre a supremacia branca na Ucrânia e na Rússia; Gandhi, teria vergonha disto tudo. E o povo russo? Quem lhes vai dar força para combater o tirano e mafioso Putin, a reedição de Salazar na Rússia? Não são só os russos, todos temos de combater estes crescentes nacionalismos personificados pela extrema-direita, que só promovem o ódio entre pessoas e povos.
Como se constata, da idade-média até hoje, assistimos ao aparecimento de pessoas e de políticas que causam muitas vítimas inocentes. O preço é alto e neste contexto, são sempre os mais vulneráveis a sofrer mais e a fome está aí à porta! Amanhã, é o dia do pai e devido à guerra, muitos pais estão afastados dos seus filhos, crianças que vivem cenários horríveis e muitas delas vão perder os seus pais numa guerra que não devia existir. Em nome dessas crianças, das mães e desses pais, FIM À GUERRA!
* Paulo Cardoso 18-03-2022 - Programa "Desabafos" / Rádio Portalegre