4.3.22

OPINIÃO: Criminosos de guerra

O mundo corre atrás do prejuízo e não pode ficar indiferente. Deve declarar-se antinacionalista e anti-imperialista. Temos de mostrar solidariedade para com o povo ucraniano e para com aqueles que lutam pela paz e pela liberdade e são presos na Rússia e em outros regimes autoritários.
Até os mais iludidos perceberam que Bolsonaro não tratou de coisa nenhuma, Macron, não tem o peso da Sr.ª Merkel, que andou distraída com a sua popularidade e Biden não fez sequer cócegas a Putin. Felizmente a China acabou por mostrar preocupação e mantem-se neutra, para surpresa de Putin. Enquanto a extrema-direita americana e alguma europeia, estão do lado de Putin, assim como o fascista sírio Bashar al-Assad, o doido norte-coreano e o vassalo autocrata bielorusso, Lukashenko.
Aconteceu e mais uma vez fica para a história da humanidade, a invasão a um povo soberano. A Rússia admitiu unilateralmente, que duas regiões do Donbass são independentes, enquanto Trump se vangloria, que com ele teria sido diferente. Ele diz-se amigo de Putin e nunca se manifestou em relação aos desenvolvimentos desde 2014 e não explica como resolveria a atitude imperialista, tanto russa como americana.
Podemos criticar o rumo político da Ucrânia, mas nunca colocar em causa a sua soberania, liberdade e autodeterminação. “Depois de portas arrombadas trancas na porta”; foi preciso deixarem a Rússia chegar ao ponto que queria, para serem aplicadas sanções ao capitalismo russo de extrema-direita. Veremos se algumas sanções serão as mais adequadas, como é o caso do Swift que pode afetar quem não tem culpa.
As sanções devem ser justas e honestas. Quando temos países europeus a quererem excluir os bens de luxo das sanções, algo não está bem. Por exemplo, o governo português devia revogar os vistos gold suspeitos, atribuídos aos milionários russos, já que suspendeu novas candidaturas. Enquanto for possível a passadeira vermelha às oligarquias e às máfias que escondem os frutos de negócios criminosos nas offshores, governantes como Putin e outros extremistas podem colocar em causa a paz no mundo.
Putin na sua propaganda, defendeu que quer afastar os neonazis da Ucrânia, mas ele acaba por ter uma atitude nazi e não fala do crescimento de neonazis na Rússia, tal como na Europa e em Portugal. O crescimento dos nacionalismos e da extrema-direita está a colocar em causa a estabilidade dos povos. Putin, diz temer a falta de democracia na Ucrânia, mas depois prende manifestantes russos contra a guerra. Putin ao estilo de Estaline, é por isso um grande crítico do internacionalista Lenine e para cumprir os seus desígnios não refreia a sua loucura e ataca inocentes para recuperar as políticas imperialistas dos czares.
Para aqueles que têm vistas grossas, pergunto qual seria a opinião se fosse a Rússia a “minar” países da NATO? Já agora, se o acordado foi a extinção dos dois blocos e o Pacto de Varsóvia foi extinto em 1991, porque se manteve a Aliança Atlântica (NATO) até hoje? Para dar pretextos a Putin? Porque se calam em relação à invasão de Israel na Palestina? E porque não se atua com sanções à Arábia Saudita, pelos crimes de guerra contra o Iémen, onde americanos e ingleses lucram com a venda de armas?
Como é bom de ver, os nacionalismos e os imperialismos servem o interesse de alguns e muitas pessoas consideram esta via como uma solução. Então assumam, também, a responsabilidade da morte de tantos inocentes por este mundo fora e agora na Ucrânia à beira de um desastre humanitário. A Rússia imita os EUA no seu pior ao querer impor as suas políticas a outros povos. Os Americanos servem-se da Europa para a sua agenda imperialista e a NATO acaba por sair reforçada nesta guerra que lesa a Europa.
Reforçados, também, saem os americanos, quando a União Europeia aprova financiamentos à Ucrânia via FMI, que infelizmente já sabemos no que resulta. Mas quando é que a UE deixa de servir os interesses económicos e militares dos EUA? E o preço a pagar pode ser terrível, se Putin ao ver-se encurralado, recorrer ao nuclear.
O maior desejo é que o povo russo e outros consigam destronar déspotas como Putin, que faz lembrar Salazar e a sua Pide. Ao longo dos anos, continuo a ficar chocado com o horror infligido a tantos inocentes devido a interesses criminosos. Se o mundo quer mesmo a paz, os invasores do Iraque, Afeganistão da Palestina e agora da Ucrânia, entre outros, devem ser exemplarmente condenados como criminosos de guerra.

* Paulo Cardoso -04-03-2022 - Programa Desabafos - Rádio Portalegre
Cartoons de Henrique Monteiro e Vasco Gargalo