16.11.20

NISA: Os 500 anos da Santa Casa da Misericórdia



Nota Histórico-Artística
A primeira instituição assistencial referenciada na história da vila de Nisa é a Albergaria, fundada em 1218 pelo mestre templário D. Pedro Alvitis, com o objectivo de "recolher e hospedar os passageiros, tratando os enfermos, fossem ricos ou pobres" (FIGUEIREDO, José, 1989, p. 132). Com a extinção da Ordem do Templo em 1312, a Albergaria de Nisa ficou entregue a uma confraria local, funcionando até ao início do século XVI.
Em 1520 um grupo de homens bons da vila fundou a Irmandade da Misericórdia local, seguindo o Compromisso da Misericórdia de Lisboa (União das Misericórdias Portuguesas, 2003, p. 295). Os bens da albergaria medieval passaram então para esta confraria, e os irmãos deram início à edificação do seu templo no primeiro quartel do século XVI.
Este templo apresenta uma estrutura exterior muito comum nas igrejas das irmandades de Misericórdia construídas na primeira metade do século XVI. O conjunto apresenta um modelo simples, em que se destaca o portal principal pela riqueza decorativa. De pano único, a frontaria apresenta ao centro um portal de arco de volta perfeita inserido num alfiz rectangular enquadrado por pilastras.
O arco é lavrado com motivos de grotesco, num efeito decorativo que se estende também à arquitrave do pórtico e às sineiras, colocadas nos remates superiores do pano da fachada. Sobre o conjunto do portal foi aberto um nicho com volutas e encimado por cruz, ladeada por duas frestas abertas na parede.
O espaço interior, de dimensões muito reduzidas, é composto por uma única nave coberta por abóbada. Nas paredes laterais, marcando um registo superior, foram colocadas as tribunas dos irmãos da Misericórdia. Edificadas em madeira, a do lado direito destinava-se aos irmãos que não faziam parte da Mesa da irmandade, e a do lado oposto, que permite a ligação ao púlpito, destinava-se ao provedor e aos mesários (FIGUEIREDO, José, 1989, p. 79).
A capela-mor, de planta quadrangular, apresenta um programa decorativo de gosto rococó, realizado no final do século XVIII. Tanto a cobertura do espaço, feita por tecto de madeira pintado, como o conjunto do altar foram executados e dourados em 1791 (Idem, ibidem, p. 80)
Catarina Oliveira - IPPAR/2006