7.3.20

Morreu Rafael Correia, o algarvio que deu a conhecer este “Lugar ao Sul”

 As cerimónias fúnebres decorrem este domingo, 8 de Março, na Igreja de São Luís, em Faro
Rafael Correia, o algarvio que foi o criador e a voz do mítico programa “Lugar ao Sul”, da Antena 1, morreu esta sexta-feira, 6 de Março, aos 82 anos, em Faro, vítima de doença prolongada.
Reformado desde 2008, Rafael Correia fez, durante longas décadas, o programa “Lugar ao Sul”, um espaço de recolha – e divulgação – da cultura popular, não só do Algarve, como do Alentejo. Nele cabiam as tradições, as músicas e as gentes: no fundo, aquilo que conferia identidade a um território.
Numa crónica publicada no Diário de Notícias, aquando do fim do programa, em 2008, a jornalista Fernanda Câncio deu a conhecer a maneira peculiar de trabalhar de Rafael Correia:
«Passou décadas a percorrer o país à procura de pessoas, vozes, histórias, canções, usos e ofícios. A maior parte das vezes só, só ele e o seu gravador, só ele e o equipamento de som. Fez da solidão uma espécie de missão, talvez mesmo de fé. Dizem os colegas e os que o chefiaram que também no estúdio, a montar o programa, se fechava horas, só ele e o seu material».
 Para o histórico jornalista Adelino Gomes, o “Lugar ao Sul” foi mesmo «o mais belo programa da rádio jamais feito sobre a terra, as gentes, os costumes, a cultura do Sul do continente português».
Mesmo já tendo terminado há mais de 10 anos, numa suspensão polémica, este programa continua na memória de muitos ouvintes.
Disso mesmo deu conta João Paulo Guerra, hoje, aos microfones da Antena1. «Ainda hoje há ouvintes a escreverem para o provedor do ouvinte, a perguntar quando regressa o “Lugar ao Sul” e o Rafael Correia», disse o provedor do ouvinte.
Entre os muitos prémios que recebeu ao longo da sua vida, Rafael Correia, natural de Santa Bárbara de Nexe (Faro), foi agraciado, em 1994, com Prémio de Comunicação Social da Região de Turismo do Algarve.
As cerimónias fúnebres decorrem este domingo, 8 de Março, às 10h00, na Igreja de São Luís, em Faro.
Pedro Lemos • 6 de Março de 2020