16.10.17

MEMÓRIA DE NISA: Tumultos na Feira do Espírito Santo (1907)

Na feira do Espírito Santo, realizada em 9 de Junho de 1907, houve desordem turbulenta entre ciganos, que deu origem a grave tumulto popular.
Quando os desordeiros fugiam à fúria da multidão, uma cigana refugiou-se no quartel da Guarda Fiscal, ao tempo no Largo do Espírito Santo.
O quartel foi então apedrejado e alguns populares chegaram a invadi-lo, sem que a tal pudessem obstar os dois únicos guardas que nele se encontravam.
Como cabeças de motim foram presos muitos nisenses e entregues ao poder judicial. Por ser a cadeia comarcã insuficiente para contê-los, fez-se a remoção de alguns para a de Portalegre pelas seis horas da tarde de 4 de Julho.
Só em 10 e 11 de Março de 1908 os julgou o Tribunal de Nisa, ao qual presidia, como Juiz, o sr. dr. Damião de Meneses, representando o Ministério Público o sr. dr.João Carlos Ribeiro de Melo. O advogado dos réus foi o sr. dr. Bernardo Lima. O escrivão do processo, sr. Aníbal Machado, foi substituído, por motivo de doença, pelo sr. António G. Paralta. Na bancada dos advogados assistiram à audiência os srs dr. Fonseca Pestana e dr. Mourato Peliquito e, no último dia, o sub-delegado, sr. dr. José Pequito Crespo.
A defesa foi brilhante. De harmonia com o veredicto do júri,, o presidente do Tribunal absolveu todos os réus, que eram os seguintes: António Júlio Guerra, Albertino Bizarro, João da Piedade Pires, João Correia Rasteiro, João Matias, António da Graça Caldeira, José da Cruz Carrapiço, Carlos Bizarro, António Maria, José António do Nascimento, Francisco Lobato, Luiz da Silva e António Diniz Samarra.
O julgamento terminou cerca das quatro horas da madrugada, havendo nessa ocasião na Praça, onde estava instalado o Tribunal, mais de mil pessoas.
in "Correio de Nisa"- 1945