Dia Mundial da Música assinalado em Nisa
O
Dia Mundial da Música (1 de Outubro) foi assinalado em Nisa, no passado sábado,
numa iniciativa promovida pela Sociedade Musical Nisense.
Com
um dia de antecedência, a SMN trouxe até esta vila norte-alentejana, a banda da
Associação de Cultura Musical Cetense, de Cête (Paredes), fundada em 1835.
A
Banda desfilou, com garbo e simpatia, por alguma ruas da vila, executando peças
de um repertório que primou pela música alegre, festiva e popular, como era
próprio do Dia.
Seguiu-se
um concerto no Cine Teatro de Nisa, pleno de qualidade e brilhantismo, a
assinalar um Dia Mundial, o da Música, que deveria ser apanágio de todos os
dias, povos e gerações.
Esta
iniciativa contou com o apoio da Câmara Municipal de Nisa e do Inatel.
Grupo de Jovens da Paróquia
Disponíveis para ajudar
o próximo
São
cerca de vinte jovens, católicos e disponíveis para a ajuda ao próximo. Têm um
nome e encontram-se, regularmente, de modo quase informal, sem rigidez de horas
ou de organização, pelo prazer de conviverem e de discutirem entre si, temas e
problemas que dizem respeito ao seu universo de jovens e ao mundo que os
rodeia.
Na
Paróquia, dão o seu contributo na animação de algumas cerimónias religiosas e
recentemente colaboraram numa experiência que não deixou de os sensibilizar:
foram os “olhos” , os guias e acompanhantes, de um grupo de associados da
ACAPO, invisuais, que passaram uma semana, para eles, inolvidável, de férias no
nosso concelho.
A
ajuda, o amparo, dos Jovens da Paróquia e do Grupo de Escoteiros de Portalegre
tornou-se preciosa e nós pudemos constatar o interesse, a alegria, a
sensibilidade com que responderam a este apelo.
Registamos
o grupo em foto e o texto é o pretexto para perpetuar uma experiência que, sem
dúvida, vão querer repetir.
9º Encontro Convívio de
ex-combatentes na Guiné
Os naturais
ou residentes no concelho que cumpriram o serviço militar na Guiné Bissau,
reuniram-se no passado dia 23 de Setembro em mais um encontro convívio,
assinalando a sua passagem por aquela ex-colónia portuguesa. Foi o nono
Encontro de uma iniciativa que teve a sua primeira realização em 1997, no local
onde até hoje se tem mantido, o Café Manso, na Devesa, cujo proprietário foi
também um ex-combatente na Guiné.
Como
habitualmente, o Encontro decorreu sob o signo da alegria e da sã camaradagem.
Vieram as histórias, as aventuras, recordaram-se locais e personagens, camaradas
de armas, alguns daqueles que já não estão entre nós e que tombaram na luta ou
morrerem em acidentes, cumprindo o seu desígnio que, naquele tempo, se chamava
dever para com a Pátria.
A evocação
de uma época, sem falsos temores de nostalgia, as peripécias, as viagens, a
lembrança dos usos e costumes de um povo, o guineense que, apesar das
vicissitudes da guerra continua a estar presente, sem ódios nem rancores, no
coração de todos aqueles que pisaram o chão de balantas, fulas, mandingas e de
tantas outras etnias.
A África e
a Guiné, em particular, marcaram a vida de quem lá esteve. A uns, infelizmente,
de forma trágica, violenta e dolorosa. A outros, mesmo nas agruras de uma
guerra que não desejaram e para a qual não contribuíram, deixou o travo amargo
de uma passagem, o “salto” abrupto do jovem para o homem. Há os que foram,
estiveram e combateram em África e aqueles que não foram e não conheceram. E os
que foram, sabem, lá bem no fundo, que tendo regressado mais “pobres”, física e
psicologicamente, “enriqueceram” em termos de consciência, de contacto e
solidariedade humana. Este é o “segredo” de África: o regresso às origens e a
lição de que o homem e as comunidades tidas como primitivas são, afinal, mais
ricas e mais puras, na sua dimensão social e humana.
Esta é a
razão, também, por que tantos homens, de norte a sul do país, que num dado
momento compartilharam alegrias e perigos, se juntam todos os anos em
convívios, levando consigo os filhos e os netos.
A injustiça
de uma guerra e a teimosia de um regime, serviu, para fortalecer o espírito de
amizade e camaradagem entre alentejanos e madeirenses, açorianos e beirões,
algarvios e transmontanos, entre europeus e africanos.
A “guerra”,
neste campo, perdeu. E o que ficou são estes convívios que não irão acabar,
mesmo que o ministro os faça taxar com IRS.
A
concertina arranca com uns acordes, haja música que tristezas não pagam
dívidas. Da Salavessa e pela primeira vez, veio um ex-combatente. Integra-se
facilmente no ambiente geral e mal se dá por ele atira-nos com uma versão
pungente do “Adeus, Guiné”. É a versão “subversiva” que fala da guerra e da
tristeza de quem está (esteve) longe daqueles que ama.
Está tão
longe e tão perto, a Guiné. Encurta-se a distância, em cada mês de Setembro e
em cada convívio. Foi assim este ano uma vez mais. A música, as conversas, a
gastronomia, o convívio e a confraternização.
Para o ano,
cá estaremos outra vez. Nem que seja para lembrar aos mais cépticos que,
afinal, a guerra colonial existiu.
Melhor fora
que não tivesse acontecido e que a Guiné de hoje fosse, sempre, uma Guiné
melhor. Livre e independente.
Mário Mendes