12.5.17

NISA: A "Vila" em tempo de afectos

Não tem grande qualidade, a foto. A "máquina" era fraca e o fotógrafo com pouca experiência. Mas, ainda assim, o momento, o instante captado, é fabuloso. Mostra a "Vila" como sempre foi: ruas de gente e de vida. Artérias onde a fruição do espaço público era partilhada por novos e velhos. A rua Dr. Graça, nesta imagem, como espaço de brinca e de troca de experiências. Tanta coisa mais se poderia dizer, sobre esta e outras ruas da "Vila", mas há um nó na garganta, apertado, sufocante, que não se quer aliar à memória. Dói, revolta, magoa, fere-nos como o fio de uma lâmina ver, sentir, a transformação do coração da sede do concelho numa zona fantasma e fantasmagórica.
Houve até um "ilustre" político que tinha no seu "programa" a mudança dos Paços do Concelho para a "Avenida". Não explicava se o pelourinho iria também e a casa que foi sede da Fundação Lopes Tavares e que hoje alberga os serviços da Misericórdia.
Da vida ou da falta dela na "vila", não falam os políticos. É, dizem, o "Centro Histórico". Triste, abandonado, votado ao ostracismo, sem gente e sem a centelha de vida e bulício que fizeram dela, até meados dos anos 60, o principal núcleo habitacional de Nisa.