5.5.17

EFEMÉRIDE: A visita do general Carmona a Nisa (Maio de 1932)

 António Óscar de Fragoso Carmona (1869-1951), foi o primeiro Presidente da República a visitar, oficialmente, Nisa, em Maio de 1932, com o fim de inaugurar diversas obras de iniciativa da Comissão Administrativa da Câmara Municipal, presidida pelo tenente António Falcão, nomeadamente, a celebérrima Fonte do Rossio (a “puta” da fonte, como lhe chamou o actual presidente da Assembleia Municipal), o Jardim Público, as canalizações de águas e a cadeia civil (comarcã).
Estava-se em regime de Ditadura Nacional, designação que sucedeu à de Ditatura Militar instaurada com o golpe de 28 de Maio de 1926 e antecedeu a do Estado Novo, que oficializou o regime salazarista após a promulgação da Constituição de 1933.
Em 11 de Fevereiro de 1932, a Comissão Administrativa, apenas com dois elementos, António Falcão e António Joaquim Fraústo, decidiu contratar com Jacinto de Matos, do Porto, a construção de um jardim na Praça da República desta vila mediante as seguintes condições.
Passagem de ida e volta a um seu empregado e ordenado de 18 escudos diários
10% de comissão de passagens e hospedaria caso a sua vinda a esta vila seja necessário, sendo as plantas fornecidas pelo proponente em igualdade de preços a outras casas congéneres.
Nomear a seguinte Comissão para elaborar de harmonia com a Câmara municipal o programa das festas de inauguração da canalização de águas para esta vila:
Dr. José Augusto Fráusto Basso, Dr. João Augusto Garcia, Dr. Jorge Luís Caldeira Miguéns, Dr. António Granja, Dr. Carlos Bento Pestana, Dr. João de Sousa carita e senhores José Vieira Esteves da Fonseca, Fernando Carita Matutino, Jerónimo Pires Barreto, Silvestre Costa, Adriano Dias Roldão, Carlos da Cruz Nunes, Artur Silva Dias e Avelino Ramos Marques Ferreira.
PROGRAMA DAS FESTAS
Na sessão de 18 de Fevereiro, a Comissão Administrativa com António Falcão e João da Cruz Carita Canhoto aprovou o programa das festas de inauguração da canalização de águas para esta vila, elaborado pela Comissão nomeada em 11 do corrente e que consta do seguinte:
1º DIA (7 Maio de 1932)
12h – Chegada do Presidente da República à Estação do Peso
13h – Chegada a Nisa, seguindo-se o almoço
15h – Recepção na Câmara Municipal
16h – Inauguração da canalização de águas e Cadeia Civil
18h – Visita aos edifícios públicos e distribuição de um bodo aos pobres
20h – Banquete oferecido pela Câmara
23h – Concerto e fogo de artifício
2º DIA (8 Maio de 1932)
10h – Visita às Barragens
13h – Almoço
16h – Tourada de Gala com assistência do PR e ministros
20h – Jantar
21h – Récita de Gala
3º Dia (9 Maio 1932)
12h – Almoço e saída do PR
15h – Gincana de automóveis
20h – Concerto
23h – Fogo de artifício e baile
Mais decidiu a CA organizar um orçamento suplementar reforçando a verba para despesas a fazer a inauguração das águas com mais 15 mil escudos.
A FONTE DO ROSSIO
A Fonte do Rossio, de tantas histórias e polémicas, “saiu” de uma deliberação da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Nisa, em 3 de Dezembro de 1931, na qual se explicita:
- Pôr a concurso por espaço de 20 dias, a contar de hoje, a construção de uma fonte pública, em mármore, nas seguintes condições:
Caderno de Encargos
- A proposta, acompanhada de uma planta na escala 1/10, indicará o preço total da obra, colocada e pronta a funcionar;
- A fonte terá duas torneiras em metal amarelo;
- Sistema de pressão
A obra deverá estar concluída e colocada no seu logar até 20 de Março próximo futuro e por cada dia que for além desta data pagará o empreiteiro, à Câmara, uma indeminização de 50$00.
- O empreiteiro fará um depósito de 5% sobre o valor total da obra, na tesouraria da Câmara.
- O pagamento será realizado até 15 dias depois da obra assente.
Não deixa de ser curiosa, uma outra deliberação da mesma sessão da CA, apostada em dotar a vila de água canalizada (obra que se veio a revelar quase ineficaz) na qual trata de “dar de empreitada a abertura de uma vala a António Maria Mourato, residente nesta vila, para a canalização de água entre o Poço de captação e o reservatório de cimento armado, à razão de setenta centavos ($70 – sete tostões) cada metro linear com oitenta centímetros de profundidade e sessenta de largura”.
Trabalho duríssimo e mal pago. E era para quem queria...