Santo Isidro, padroeiro dos lavradores, foi durante muitos anos, festejado em Nisa, a 15 de Maio, numa festa que levava muita gente em romaria até à Senhora da Graça. A festa terá terminado na década de sessenta do século passado, coincidindo com o movimento migratório para França, principalmente, e o paulatino abandono dos campos e das actividades agrícolas.
Em 1959, a par da festa e romaria ao Santo Isidro, realizou-se um concurso de poesia, bastante participado e de cuja iniciativa ficou um livrinho registando os principais poemas, no essencial, quadras populares alusivas ao santo e à lavoura. Deste livrinho, retirámos algumas poesias que gostosamente aqui deixamos, com os nomes dos seus autores e os pseudónimos que utilizaram .
Cantigas ao Santo Isidro (1959)
Santo Isidro, Santo Isidro,
Patrono dos lavradores,
Defendei nossos celeiros,
Livrai-nos dos roedores.
Ó meu rico Santo Isidro,
Ó meu santo lavrador,
Eu hei-de dar um carneiro
Ao meu santo protector
Ó meu rico Santo Isidro,
Ó meu santo lavrador,
Defendei nossas searas,
Ajudai nosso labor!
A festa do Santo Isidro
Encerra beleza e cor,
É festa muito bonita,
É festa do “Lavrador”.
Uma carroça enramada
A rodar pelo caminho:
Lá dentro queijos de ovelha
E um belo pipo de vinho.
Adelino Paralta Figueiredo Dinis
Vieira – Sustância
Vamos à festa do Santo Isidro,
- Não o pensei de repente –
Vamos fazer-lhe o pedido
Para nos dar melhor tempo.
Aníbal da Graça Mendes –
Angrandes
Ó Santo Isidro de outra era,
Usavas polainas e calções;
Com o arado lavravas a terra,
Com a grade desfazias os torrões.
Foste um santo de outrora
E homem de carne e osso;
Quando o trigo deitava a “chora”
Tu tornava-lo mais grosso...
Por isso em Nisa és louvado,
Como és em toda a Espanha;
E o lavrador sente-se orgulhado,
Quando olha para a sua
companha...
É por isso que te fazem uma
festa,
Em Nisa, ó bom lavrador:
Vê se dás uma seara superior a
esta
Para seres venerado com mais
ardor.
E que Deus dê saúde aos
lavradores,
Que este ano te festejaram,
E os que vêm para o ano te dêem
mais valores
Para os espanhóis em festa não
nos ganharem.
António Curado Mateus – Cartucho
Ao longo da fita branca,
Caminhando sem parar,
Homens, mulheres, crianças
Vão à ermida rezar.
Lá se encontra Santo Isidro
Do lavrador Padroeiro,
O qual lhe vai enviar
Rezas, prendas e dinheiro.
Ao longe, aquela terra
Revolta pelo arado,
- Que outrora era nada –
É mar de trigo dourado.
Lindas carroças floridas,
Caminhando ao deus dará...
Lá vão elas, mui bonitas,
Ver o que a sorte lhes dá.
António de Jesus Alfaia Tremoço –
Hudson
O meu Santo Lavrador,
Ó meu querido Santo Isidro,
Depois que vieste para Nisa
Só se come pão de trigo!
Bartolomeu Maia – Campeão