A educação e a instrução popular foram objectivos primordiais dos governos da 1ª República, implantada em 5 de Outubro de 1910.
Mau grado as sucessivas crises e disputas políticas que foram tomando conta do país e culminaram no golpe militar de 28 de Maio de 1926 e a instauração da Ditadura Militar, esse desiderato continuou, pesem embora as graves dificuldades económicas com que a governação se debatia.
A República tinha lançado as sementes da Educação e estas foram germinando, com tal impulso que, face à inacção dos poderes locais, eram os habitantes das aldeias e vilas que tomavam a iniciativa de tentar construir um futuro melhor e aspirar ao Ensino e Educação para todos, um direito que só com o 25 de Abril foi plenamente conquistado.
Os documentos que seguem, são extractos de actas da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Nisa, no governo da Ditadura Nacional e neles se dão alguns exemplos de iniciativas tomadas por associações e, o mais flagrante, pelos habitantes de Velada, na luta por uma Escola, pelo direito ao Ensino e no combate ao analfabetismo. Passados 85 anos, verificamos como tanta coisa mudou... Desertificação humana e física do interior, despovoamento das aldeias e vilas, edifícios públicos que foram "bandeiras", em ruínas, e sem que haja uma ou mais ideias para a sua reconversão e aproveitamento. A escrita vai longa. Apenas pretendíamos, aqui, dar o exemplo da população da Velada (como o deram a do Pardo, Chão da Velha e outros lugares) que se quotizaram para conseguir "aquilo" que era um dever público, do Estado: o direito à Educação e à Cultura.
Sessão 11/2/1932 – Comissão Administrativa – Tenente António Falcão – António Joaquim Fraústo
* Tomar conhecimento de um ofício da Direcção da Sociedade
Artística Nisense, pedindo subsídio ou livros para a sua Biblioteca, resolvendo
adquirir alguns livros na primeira oportunidade.
* Sessão 21/1/1932 – CA – Falcão – AJ Fraústo – M. Macedo
Tomar conhecimento de um ofício da professora de Tolosa em
que pede desdobramento para a criação de um 2º lugar de professora.
- Tomar conhecimento de uma representação dos habitantes do
Monte da Velada em que pedem a criação de um posto de ensino em conformidade
com o respectivo decreto recentemente publicado, tomando os mesmos o
compromisso das despesas a fazer com o posto, são requerentes: Júlio Correia,
comerciante; Manoel David, capataz de empresa; João Martins, moleiro; António
Louro, lavrador; João Pereira, jornaleiro, Joaquim Narciso, moleiro; José
Pereira, jornaleiro, João Patrício, proprietário; José António Pereira,
jornaleiro; António Correia Narciso, alfaiate, resolvendo oficiar neste sentido
ao sr. Ministro da Instrução.