DEZEMBRO
* Em Dezembro, descansa, mas não
durmas.
* Se os pepinos dessem em Dezembro,
ninguém os comeria.
* Dia de S. Silvestre, quem tem
carne que lhe preste
* Do Natal ao Entrudo come-se
capital e tudo.
* Nem no Inverno sem capa, nem no
Verão sem cabeça.
* Natal em casa, Páscoa na praça.
* Pelo Natal ao jogo e pela Páscoa
ao fogo.
* Inverno laborioso, Verão
venturoso.
* Natal à sexta-feira, por onde
andares semeia.
* Em Dezembro, treme o frio em cada
membro.
* Natal ao Domingo, vende bois e
compra trigo.
* Em Dezembro, lenha e dorme.
* No advento, lebre no Sarmento.
* No dia de Natal, têm os dias mais
um salto de pardal.
* Ande o frio por onde andar, no
Natal vem cá parar.
* Do Natal a Santa Luzia, cresce um
palmo o dia.
POESIA SOCIAL DO ALENTEJO (1)
Partir
Eu vou-me embora para além do Tejo,
não posso mais ficar!
Já sei de cor os passos de cada dia,
na boca as mesmas palavras
batidas nos meus ouvidos...
- Ai as desgraças humanas destas paisagens iguais!
Abro os olhos e não vejo
já não ando, já não oiço...
Não posso mais.
Grita-me a Vida de longe
e eu vou-me embora para além do Tejo.
Passa a ave no céu bebendo azul e diz: - Vem!
O vento envolve-me numa carícia,
envolve-me e murmura: - Vem!
As ondas estalam nas praias e vão mar fora,
as mãos de espuma a prender-me os sentidos
chamam do fundo dos meus olhos: - Vem!
Camaradas, eu vou, esperai um pouco...
Ai, mas a vida nunca espera por ninguém.
E a noite chega vingadora;
O vento rasga-me o fato,
as ondas molham-me a carne
e a ave pia
misticamente no ar;
abro os olhos e não vejo,
já não ando, já não oiço,
- e fico, desgraçado de ficar.
Manuel da Fonseca