Populismo? O primeiro-ministro Anthony Albanese assegura que não. Diz
"basta". Argumenta que as redes têm uma responsabilidade social e não
há dúvida de que estão a afetar negativamente as crianças. À lista juntou-se
agora também o YouTube, mesmo que a plataforma de partilha de vídeos garanta
que não é uma rede social. Corta na mesma, responde o regulador da Internet do
país.
A opinião pública acolhe a medida, aplaude, mas a questão que se
levanta é se será eficaz, quer do ponto de vista social, quer do ponto de vista
técnico. Além de não existirem dados científicos que estabeleçam uma relação
direta entre as redes sociais e a saúde mental, há especialistas que temem que,
perante estas proibições, as crianças passem para o lado mais obscuro e
desregulado da Internet. Um estudo realizado em 2023, que analisou dados de 72
países, não encontrou uma relação direta entre as redes e danos psicológicos
nos jovens.
De resto, faltará conhecer a eficácia da implementação técnica da
medida. Mas, sejamos pragmáticos, dificilmente uma lei impedirá menores
nascidos no digital de contornarem regras desta tipologia. Acresce que as
plataformas não vão poder usar documentação emitida pelo Governo e terão de ter
métodos para verificação de idade.
Proibir é sempre mais fácil, rápido e popular. Educar é mais exigente,
demora muito mais tempo. E custa mais dinheiro.
`Manuel Molinos – Jornal de Notícias - 1 de agosto, 2025