6.8.25

OPINIÃO: Banidos. E depois?


Tome nota. É a primeira proibição mundial de quase todas as redes sociais para jovens. O Governo australiano decidiu que, a partir de 10 de dezembro, os adolescentes com menos de 16 anos vão ser impedidos de criar contas no TikTok, Facebook, Instagram, X e Snapchat.

Populismo? O primeiro-ministro Anthony Albanese assegura que não. Diz "basta". Argumenta que as redes têm uma responsabilidade social e não há dúvida de que estão a afetar negativamente as crianças. À lista juntou-se agora também o YouTube, mesmo que a plataforma de partilha de vídeos garanta que não é uma rede social. Corta na mesma, responde o regulador da Internet do país.

A opinião pública acolhe a medida, aplaude, mas a questão que se levanta é se será eficaz, quer do ponto de vista social, quer do ponto de vista técnico. Além de não existirem dados científicos que estabeleçam uma relação direta entre as redes sociais e a saúde mental, há especialistas que temem que, perante estas proibições, as crianças passem para o lado mais obscuro e desregulado da Internet. Um estudo realizado em 2023, que analisou dados de 72 países, não encontrou uma relação direta entre as redes e danos psicológicos nos jovens.

De resto, faltará conhecer a eficácia da implementação técnica da medida. Mas, sejamos pragmáticos, dificilmente uma lei impedirá menores nascidos no digital de contornarem regras desta tipologia. Acresce que as plataformas não vão poder usar documentação emitida pelo Governo e terão de ter métodos para verificação de idade.

Proibir é sempre mais fácil, rápido e popular. Educar é mais exigente, demora muito mais tempo. E custa mais dinheiro.

`Manuel Molinos – Jornal de Notícias - 1 de agosto, 2025