10.8.25

NISA: Conheça os poetas do concelho (XLV) - António BOrrego


Sou de Tolosa...(serei sempre)...

Serei sempre...

por mais mundo que conheça...ou que imagine...

por mais memórias que tenha...ou que imagine...

sou dessa terra...

onde descobri que a vida é um sopro

agora, sou um Homem só...

neste estrangeiro, (de cá) tão solitário

como aqueles que por cá e lá deambulam

tantas vezes invoco a infância e os amigos

mas, o tempo corre e não pára...

sou de Tolosa...(serei sempre)...

dessa Tolosa, das águas ainda puras e despoluídas

dessa ribeira, onde as mulheres iam lavar a roupa...

e a punham a corar, era também, deslumbramento das crianças...

agora, olhamos assombrados uma poluição galopante

calou-se-me a minha tentação...nem a imaginação já pulsa...

nem os moinhos já trabalham...(o do meu avô e outros)...

nestas cidades me fui consumindo

sem alguma vez, a verdade me ser revelada...

e, mesmo que me vão golpeando com saudades

farei com que, esta minha inquietação...agite as águas...

porque o tempo, corre, corre, corre...

e corria...mesmo quando escalávamos a "safra da moura"...

nós os tolosanos, espalhados pelos quatro cantos do mundo

tantas vezes arrancados à meninice...somos o enclave...

onde as dores da saudade...

sofrem os mais rudes golpes...de silêncios frios...

já merecíamos um telefonema, ou uma medalha de mérito

pela persistência, de enfrentarmos os dias...tantas vezes cinzentos...

e, sabemos que, o enclave de um menino...é não ser menino...

também sabemos, onde fica a varanda para o infinito

e, deliciamo-nos a admirar a lua que...

fica ali, à mão de semear...e, lá está ele...

o Homem com os chamiços às costas

sim!...não há céu como o nosso...

e, quando as estrelas jovens desmentem a escuridão

lançando um pólen no ar que...até parecem "confettis minúsculos"

depois, um dia claro e lavado de fresco...é anunciado pelo galo...

as nossas preces são enviadas ao "Doador Eterno"...

para que Zele pelos que emigraram...

e, pelos que cá ficaram...e que nos ajude a reescrever o destino...

os meus pensamentos e as minhas palavras...são ondas...

de uma "memória selada" que...

conserva gravados...os nossos ontem...

foi em Tolosa que aprendi...a mais profunda sede da vida...

e viver?

é ter fome!

sim!

sou de Tolosa...e serei sempre!

A.B 2021.