Foi há cerca de um mês que o primeiro-ministro explicou o impacto de
antecipar, ainda este ano, a meta de investimento de 2% do PIB (a riqueza anual
produzida no país) em Defesa: mais 1300 milhões de euros, que somam aos mais de
quatro mil milhões que já se gastam todos os anos. Ou seja, o que Luís
Montenegro propôs ao país é que o Orçamento do Estado reserve, todos os anos,
mais de cinco mil milhões de euros dos impostos dos portugueses para a Defesa.
Acresce que há um compromisso de chegar a 5% do PIB até 2035, ou seja, e a
"preços" atuais, uma escalada de custos até aos 14 mil milhões de euros
por ano.
Não há dúvida de que se vive um período de incerteza e
confrontação. E que União Europeia (Portugal incluído) não pode continuar
dependente de uma potência pouco fiável (os EUA de Trump) ou incapaz de se
defender perante a ameaça de autocratas imperialistas (a Rússia de Putin). Mas,
como em tudo, é preciso fazer as contas. Racionalizar, integrar, cooperar, até
fundir, se necessário, o poderio militar europeu, antes de começar a gastar. E
estabelecer prioridades para o combate. Começamos pelos caças, mísseis e
navios, ou por garantir que há algo mais do que ramos de giesta, alguidares e
mangueiras de jardim?
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Rafael Barbosa – Jornal de Nisa - 21 de agosto,
2025