Segundo um comunicado da organização da delegação portuguesa na
iniciativa, a partida está prevista para esta semana e a jornada pelo mar
Mediterrâneo deverá durar cerca de duas semanas, com a chegada a Gaza prevista
para meados de setembro, com ajuda humanitária.
"Reconhecendo a crise humanitária em curso na Faixa de Gaza - não
só devido aos sucessivos ataques contra o povo palestiniano, mas também à
obstrução no acesso à ajuda humanitária -, os participantes da Flotilha pela
Liberdade assumem o compromisso de tentar fazer chegar mais auxílio à região.
Mas transportam também uma mensagem: o genocídio deve acabar, o cerco marítimo
a Gaza deve terminar e deve ser aberto um corredor marítimo para ajuda
humanitária", refere-se na nota.
A organização defende que os navios que participam na missão têm o
direito à liberdade de navegação e à passagem humanitária, ao abrigo do direito
internacional, estando os participantes protegidos pela Convenção de Genebra.Atendendo
ao "historial de intervenções anteriores das forças israelitas contra este
tipo de ações humanitárias, a delegação portuguesa deu conhecimento desta
missão ao ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português".
"O cerco marítimo a Gaza é ilegal. A entrega de ajuda humanitária
é um imperativo moral", afirmam.
A ativista sueca Greta Thunberg integrou a Flotilha da Liberdade
intercetada em 8 de junho pelo exército israelita quando tentava levar ajuda
humanitária a Gaza.
Dos 12 ativistas que viajavam a bordo do Madleen, um navio da Frota da
Liberdade que pretendia quebrar o bloqueio israelita sobre Gaza e entregar uma
quantidade simbólica de ajuda humanitária no enclave, quatro (entre eles
Thunberg) aceitaram ser deportados após a interceção do navio pelo exército
israelita.
Os restantes ativistas recusaram-se a assinar a deportação voluntária e
foram detidos e levados a tribunal para ratificar ordens de expulsão, uma vez
que, ao abrigo da lei israelita, quando uma pessoa recebe ordens de deportação,
é detida durante 72 horas ou mais antes de ser expulsa do país.
Segundo afirmou esta terça-feira a organização, a Flotilha Humanitária
integra ativistas e voluntários de vários países, em dezenas de embarcações
provenientes de diversos portos no mar Mediterrâneo, "numa ação não
violenta que pretende demonstrar que a sociedade civil se recusa a sucumbir ao
silêncio perante o genocídio em curso em Gaza".
A Global Sumud Flotilha associa coordenadores, organizadores e
participantes da Flotilha da Liberdade, da Flotilha Sumud do Magrebe, do
comboio Sumud Nusantara e do Movimento Global Para Gaza, bem como de outras
organizações internacionais.
Outro navio da Frota da Liberdade, o Handala, também foi intercetado
pelo exército israelita em 27 de julho.
Uma das tripulantes do Handala, a deputada franco-sueca no Parlamento
Europeu Emma Fourreau, escreveu então na rede social X que o navio foi abordado
pelo exército israelita a 115 quilómetros da costa de Gaza e que a tripulação
atirou os seus telemóveis para a água como medida de segurança.
Israel tem em curso uma ofensiva militar na Faixa de Gaza desde que
sofreu um ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1200
mortos e 250 reféns.
De acordo com dados divulgados pelas autoridades do enclave palestiniano, a ofensiva lançada por Israel em Gaza já fez cerca de 62.700 mortos.
ONU declarou fome em Gaza
Foto: HAITHAM IMAD/EPA