Este
vazio não é silêncio
encharco-me
em saudade…(às vezes raiva)...
fixando
sem ver, um sol que já não aquece
crispando
as mãos zangadas...de tanto não...
que
futuro terei?...saberei as palavras apropriadas?...
nesta
hora, de muros e vazio...
viajo
pelos sonhos, pelas memórias demolidas...
nem
um abraço recebo...por pequeno que fosse...
pergunto
se vale a pena persistir
manter
o ritmo, continuar...
oh
deuses a inércia quer dominar-me
como
se fosse um galo capado
ridículo
e comestível...
acorda!
não
deixes morrer a tua liberdade
acorda!...e
escreve...
ou
serás besta de tração, com orelhas compridas...
como
aquelas que te punham na escola
por
não saberes a tabuada…(crueldade)...
no
meu sentir, navega um barco iludido...que busca ilhas...
zarpou
do teu porto de abrigo
agora,
implora aos ventos para voltar
abraços,
acenos e despedidas…(detesto despedidas)...
exijo
do meu peito a emoção de uma chegada...
estar
vivo...é estar aqui...
e
sentir a fascinação das próximas curvas da estrada
sabendo
que foram e são muitas...
as
direções de partida...e nenhum ponto de chegada...
em
consciência deixo fluir as memórias
tento
serenar nos solavancos emocionais
nunca
soube de um rumo certo...
perco-me
nesta vastidão, nesta dimensão...
dos
sonhos que habito...
teria
que ver novamente...
a
chuva de verão a escorrer pela tua face...
escutar
o que não digo...
ou
então cobrir-me de tempo...envelhecendo-me...
opto
pela chuva de verão...
e
fazer do desejo...viagem.
A.B.
2019.