O
IMIGRANTE (I)
A minha terra deixei
Deste Alentejo profundo!
Um saco de ideias levei
Procurando um novo mundo!...
Minha terra, minha gente
Minha flor de madrugada!
Sou homem e fui semente
Tudo fui, e não sou nada...
Atravessei longas fronteiras
No peito a luz da esperança
Com sonhos nas algibeiras
Como se fosse criança!...
Conheci muitas cidades
Espalhando o meu suor!
Chorei raiva com saudades
De uma vida melhor!...
Ganhei "francos" de mão cheia
Com rosas abrindo em flor!
Fiz da vida uma epopeia
Com risos, choros e dor!...
Regressei do estrangeiro
Voltei ao torrão natal!..
Da alma fiz um luzeiro
E vim beijar meu Portugal!
* João da Graça Silva
Portalegre - 6/11/1998
IMAGEM: Foto de Gérard Bloucourt