Durante a segunda quinzena de maio, no âmbito da terraplanagem do futuro Estaleiro Municipal, localizado no perímetro industrial de Vila Velha de Ródão, nas duas margens do ribeiro do Enxarrique, o Município de Vila Velha de Ródão, com o apoio da Associação de Estudos do Alto Tejo (AEAT), promoveu uma sondagem arqueológica de modo a caracterizar e preservar o património arqueológico em contexto de obras municipais.
Este tipo de intervenção é exigido por lei sempre que haja sítios arqueológicos nas proximidades, como é o caso dos terrenos da Navigator, onde, em 2014, aquando da ampliação da fábrica de papel, foi identificada a Estação Arqueológica de Cobrinhos, na qual se encontrou um vasto conjunto de artefactos datados do Paleolítico Médio, que documentam a presença do homem de Neandertal no território que é hoje o concelho de Vila Velha de Ródão.
Realizados pela AEAT, em estreita colaboração com os serviços técnicos do Município e em articulação com a Direção Regional de Cultura do Centro, os trabalhos agora efetuados permitiram identificar, na margem esquerda do ribeiro do Enxarrique, a existência de materiais superficiais dispersos do período do Paleolítico Médio, sobretudo núcleos e lascas em quartzito, que resultaram provavelmente da área de ocupação do sítio de Cobrinhos.
Nesta margem, foram ainda encontrados vestígios contemporâneos de uma horta e de estruturas de apoio à atividade agrícola, datados dos anos 30 a 50 do século XX, e de um palheiro assinalado na carta militar e sepultado por depósitos de terra resultantes de intervenções em outras unidades industriais.
Já na margem direita, foi possível identificar uma via murada contemporânea em mau estado de conservação, construída segundo a técnica tradicional de argila e blocos de quartzito e xisto. Após a sua caracterização, foi feito um levantamento fotogramético e duas sondagens perpendiculares à via, estando a ser equacionado o seu restauro e integração no novo Estaleiro Municipal.
Para além do acompanhamento diário com registo fotográfico e recurso a meios aéreos e topográficos, sempre que necessário, esta intervenção arqueológica permitiu a recolha de dados para memória futura, no sentido de compreender o potencial científico e patrimonial deste espaço, sem comprometer a construção do novo Estaleiro Municipal.