25.6.21

CULTURA: Museu do Oriente revela “Histórias de um Império”

Exposição inédita da Colecção Távora Sequeira Pinto
“Histórias de um Império” são contadas no Museu do Oriente, a partir do dia 2 de Julho, naquela que é a primeira exposição integralmente dedicada à Colecção Távora Sequeira Pinto, que documenta as relações artísticas entre Portugal e as culturas do império asiático.
Mais de 150 peças, das quais se destaca uma Pedra de Bezoar montada com coral vermelho (Índia e Europa, século XVII), retratam os últimos seis séculos de diálogo permanente entre Ocidente e Oriente, de que resultaram obras de arte e objectos que marcaram ambos os hemisférios.
Evitando uma leitura tradicional, cronológica e geográfica, a exposição revela, em oito núcleos temáticos, a riqueza, a complexidade e a surpreendente beleza da arte produzida nas redes comerciais criadas por Portugal, um pouco por toda a Ásia. Assim, a exposição desenrola-se em oito “histórias”, contadas em conjuntos de obras de origens culturais e materiais distintas: da porcelana chinesa aos marfins de Goa, do mobiliário indiano às delicadas lacas japonesas, numa narrativa visual de grande impacto e exuberância. 
A iniciar, “A Viagem das Formas” mostra a assimilação de tipologias europeias nos diversos pontos da Ásia, exemplificada em peças de mobiliário: cadeiras, mesas, escritórios, essenciais no quotidiano ocidental, mas surpreendentes aos olhos dos orientais. O carácter missionário da expansão portuguesa é ilustrado por obras de arte sacra em madeiras preciosas, filigrana, marfim e outras matérias-primas requintadas, no segundo núcleo, ou história: a “Religião”.  Segue-se “Poder”, que reúne iconografia e heráldica associadas à presença portuguesa na Ásia, patente em porcelanas e outros objectos de encomenda. Já “Um Mundo Precioso” revela a materialização de uma imagem mítica, a de um Oriente de opulência e maravilha, em peças de execução delicada em ouro, filigrana de prata, prata dourada, cristal de rocha, marfim e pedras preciosas.
No núcleo seguinte, “Coleccionismo e Ciência”, destaca-se a importância do fenómeno do coleccionismo e da constituição dos primeiros Gabinetes de Curiosidades ainda no século XVI, naquilo que viria a ser, no período moderno, o embrião do espírito científico. Em exposição, presas de narval e de outros animais exóticos à época, ou ainda, as enigmáticas pedras de bezoar, com poderes curativos ou mágicos, que suscitavam estudo, partilha, especulação e fascínio. A história de “Quando Éramos Exóticos” foca a representação dos portugueses e dos europeus nas artes plásticas e decorativas na Ásia, privilegiando a visão destas culturas sobre os ocidentais. Esculturas, pinturas ou peças de arte namban, como um surpreendente par de sapatos, são testemunhos singulares destes primeiros contactos e do olhar externo em que eram os ocidentais o “outro”.
A exposição conclui com dois núcleos dedicados a materiais marcantes ligados à presença portuguesa na Ásia. “O Mundo do Marfim” integra peças de arte sacra e devocional cristã, trabalhadas por artífices japoneses, cingaleses, goeses e chineses. “Na Busca da Laca” conclui a série de oito histórias, com um dos materiais que mais impressionaram os viajantes e mercadores portugueses, em peças luxuosas e altamente decoradas.            
A Colecção Távora Sequeira Pinto começou a tomar forma na década de 1980 acompanhando, de forma muito particular, a própria evolução do conhecimento face à cultura material que nos deixaram os contactos culturais estabelecidos com a expansão marítima portuguesa, sobretudo no Oriente.
Ao invés de outras colecções focadas no período dos Descobrimentos, geralmente mais especializadas numa ou noutra expressão plástica, esta colecção documenta uma diversidade muito alargada de origens, tipologias e materiais. O diálogo permanente entre o Ocidente e o Oriente, e a subsequente busca por testemunhos materiais, são as principais características identitárias da Colecção Távora Sequeira Pinto.
Apesar do vasto reconhecimento da colecção, como o provam empréstimos a museus de renome em todo o mundo, “Histórias de um Império” é a primeira exposição unicamente focada nas obras da Colecção Távora Sequeira Pinto. Esta iniciativa, que inclui também algumas das obras mais importantes das colecções do Museu do Oriente, pretende reforçar o entendimento dos primeiros séculos da presença de Portugal na Ásia e as suas relações com a Europa ao longo do tempo.
Comissariada por Nuno Vassallo e Silva, “Histórias de um Império” está patente até Outubro de 2022 e conta com a publicação de um catálogo que reúne textos de vários investigadores nacionais e estrangeiros, especialistas nas temáticas abordadas. Disponível já na abertura da exposição, o catálogo pretende ser mais um contributo de referência para o estudo das Artes Decorativas luso-orientais em Portugal.
Datas: 2 de julho 2021 a 2 de outubro 2022
Piso 1, Ala Nascente
Horário: Terça a Quinta-feira - 10.00-18.00 | Sexta-feira - 10.00-20.00, com entrada gratuita a partir das 18.00 | Sábado e Domingo - 10.00-18.00
Preço: 6 €
Lotação máxima de 20 pessoas. Recomendações da Direcção-Geral da Saúde em contexto pandémico.