A asma é uma doença respiratória muito
frequente com impacto importante na qualidade de vida e potencialmente grave.
Afeta crianças e adultos e, embora não tendo
tratamento curativo, os tratamentos disponíveis atualmente podem e devem
permitir um bom controlo da doença. Isto é não ocorrerem sintomas
incomodativos, nem quaisquer limitações e não surgirem as “surpresas” das
crises de asma.
Estima-se que a asma afete 200 a 300 milhões de pessoas
em todo o mundo e cerca de 75 milhões de europeus. Em Portugal, mais de 10%
das pessoas tiveram ou virão a ter asma em algum período da vida e,
atualmente, 700 mil Portugueses têm asma ativa (6,8% da população).
Os sintomas de asma podem começar logo nos
primeiros anos de vida, mas também podem surgir na idade adulta ou mesmo na
3.ª idade. É uma doença crónica, mas com flutuações importantes dos sintomas
que criam a sensação de que só existe em períodos de agravamento. A asma
manifesta-se por falta de ar, chiadeira no peito, tosse irritativa, que surge
principalmente à noite ou com o exercício. Com frequência essas queixas surgem
após exposição a alergénios (pó da casa, gato, pólen, etc.), e após “viroses
respiratórias”, ou, por vezes, com exposição a ar frio ou a fumo de tabaco e
outros ambientes irritativos. A asma continua a ser uma doença subdiagnosticada
e subtratada, embora também já ocorram situações em que existe excesso de
tratamento e diagnósticos mal atribuídos.
Para vencer a Asma, é preciso mudar a
perceção das pessoas
Vencer
a asma significa não ter sintomas, não ter ataques nem crises de asma, não ter
limitações nem interferência da asma na qualidade de vida, na vida familiar e
social. Vencer a asma é hoje possível para mais de 95% das pessoas com a mesma,
e não podemos continuar a tolerar o impacto negativo que esta doença ainda tem
para tantos portugueses. O primeiro passo é que as próprias pessoas com asma
não se resignem, não aceitem como “sina” não poderem rir, dançar, pegar nos
filhos ou dormir sem serem incomodados pela tosse ou falta de ar. No Inquérito
Nacional sobre Asma (INASMA) observamos que 9 em cada 10 portugueses que não
tinham a sua asma controlada achavam que estavam controlados, talvez por
compararem com alturas em que estavam pior com uma agudização da asma. Ora isso
está longe de ser o objetivo! É mau controlo de asma ter sintomas mais do que
um dia por semana ou uma noite por mês, ou uma crise por ano. E sabemos que ter
mau controlo da asma aumenta o risco futuro de crises e de perda de função
pulmonar. Infelizmente, parece por vezes mais fácil desistir de fazer com que a
asma fique controlada, é preciso que cada pessoa com asma assuma como objetivo
vencer a asma. Hoje, com a medicação inalada que temos disponível é possível
viver sem o constante receio de ir ter uma crise, de evitar isto ou aquilo com
medo de desencadear sintomas. Para a grande maioria das pessoas com asma basta
fazer o inalador certo, de forma correta e continuadamente (ou seja, boa
adesão ao tratamento e correta utilização dos inaladores). E mesmo para as
pessoas com asma grave, que são menos 5% das pessoas com asma, existem já
terapêuticas biológicas inovadoras que podem melhorar muito a asma e reduzir o
risco futuro. Para estas pessoas com asma grave é necessário melhorar o
acesso a estas terapêuticas quer nos hospitais públicos, quer através dos
seguros de saúde privados ou públicos (como a ADSE). É que comparando o número
de doentes tratados em Portugal com o de países similares é cada vez maior a
diferença, o que parece indicar uma limitação desadequada do acesso a estes
tratamentos.
Às
pessoas que têm asma, queremos dizer que é possível vencer a asma, mas para
isso o tratamento continuado e adequado é fundamental. Queremos ouvir cada vez
mais “a asma já não é um problema para mim, há anos que não tenho crises,” e
também que “já não há nada que não faça por medo de ter sintomas de asma”. É
para contribuir para que cada vez mais portugueses com asma consigam estes
objetivos que está a decorrer a campanha “Vencer a Asma” em que juntamente com
a GlaxoSmithKline participam as mais importantes organizações relacionadas com
a asma em Portugal, como a SPAIC (Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia
Clínica), a APA (Associação Portuguesa de Asmáticos), a SPP (Sociedade
Portuguesa de Pneumologia), a Fundação do Pulmão, a ANF (Associação Nacional
de Farmácia) e GRESP (grupo de médicos de família interessados em patologia
respiratória da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar). No site
www.venceraasma.com pode ainda encontrar toda a informação sobre a doença.
* Artigo
de opinião de João A Fonseca, Imunoalergologista, Professor da Faculdade de
Medicina da Universidade do Porto, Investigador no CINTESIS e Vice-Presidente
da SPAIC