“ O
IMPORTANTE SÃO AS BASES” - Garante
João Miguel Semedo
Da
matemática se diz, enquanto disciplina, que é “terrível”. O João Miguel Dias
Marques Semedo, de 17 anos, desmonta, liminarmente, esta ideia. E por isso, não
estranhou, os óptimos resultados que alcançou no exame nacional daquela
disciplina: 19,3 valores. Motivo por que o fomos procurar.
O que faz
um estudante, qual o “segredo” para ter quase vinte valores (ou cem por cento)
num exame nacional de um prova e de uma disciplina escolar que muitos
consideram “aterradora”?
À
pergunta, o João Miguel Dias Marques Semedo, responde com um sorriso. Não
esconde que é uma disciplina difícil, como o são, aliás, todas as outras para
quem estuda no 12 º ano de escolaridade.
O João
Miguel não tem segredos, nem estratégias a desvendar para os bons resultados
que alcança.
“Trabalho,
dedicação e estudo. E não esquecer que as bases são o fundamental”,
explica-nos.
Curiosamente,
é no Português, que tem alguma dificuldade. E, à partida, tendo a mãe como
professora de História, não devia ser assim, se no estudo e nos resultados,
houvesse alguma lógica.
Quanto
aos exames, adopta um procedimento não muito diferente da generalidade dos
estudantes portugueses.
“Estudo
sempre de véspera, nunca frequentei explicações, procuro estar com muita
atenção nas aulas e que o professor seja claro naquilo que ensina. Quando não
percebo, pergunto, uma e outra vez, até ficar esclarecido.
As aulas
são o mais importante e o estudo apenas tira uma ou outra dúvida e consolida
aquilo que se aprendeu.”
Gosta de
praticar desporto, o futebol e a natação, no topo das preferências, ouvir
música, “agora estou a aprender a tocar guitarra”, enfim, faz aquilo de gosta,
tal como a maioria dos jovens. Não está enclausurado e dependente do estudo
para mostrar “notas”, não deixando de reconhecer como outro dos factores
benéficos, o bom ambiente familiar
O João
Miguel nasceu em Nisa e foi aqui que fez todo o seu percurso escolar.
Completou
o 12º ano na área das Ciências e Tecnologias, o estudo e a carreira na
medicina, nas ciências bio-médicas ou bio-tecnológicas despertam-lhe,
naturalmente as maiores apetências.
No alto
da sua juventude, o tempo é, ainda, de algumas indefinições. Para já concorreu
para o curso de Medicina da Universidade Nova de Lisboa.
O futuro
nos dirá se vamos ter um médico a tocar guitarra ou um guitarrista a exercer
medicina.
Mário Mendes in "Jornal de Nisa" - nº236 - 18/7/2007
NOTA: O passado e o futuro num percurso brilhante
Há dez anos atrás (Julho 2007) elogiávamos, no "Jornal de Nisa" como exemplo e estímulo para os alunos de Nisa e das escolas do interior tão menosprezadas pelas figuras (retóricas) dos rankings nacionais, o percurso do estudante nisense, João Miguel Dias Marques Semedo. Hoje, no ano da graça de 2017, já sem "Jornal de Nisa" mais ainda com um blog e redes sociais, inúmeras, para noticiar o acontecimento, é-nos grato colocar nesta e noutras páginas, o registo brilhante do percurso académico do João Miguel.
No final de 2016 e após concluir o Doutoramento numa prestigiada universidade dos EUA, o João Miguel foi contemplado, viu reconhecido o mérito do seu trabalho com a obtenção de uma Bolsa de Estudos no valor de 20 mil dólares.
A notícia, completa, deste êxito de um jovem que deve orgulhar toda a comunidade nisense, virá na próxima semana num jornal regional. Será, igualmente, reproduzida, aqui nesta página, na 4ª feira, apenas e tão só, porque são estes exemplos que nos levam a acreditar que o interior do país, os concelhos como o de Nisa, não estão condenados a uma morte anunciada e que a esperança continua a prevalecer, haja ou não "rankings" nacionais (como se estes dissessem alguma coisa sobre a vida das pessoas e os tempos que as crianças e jovens passam entre a casa e a escola, por exemplo).
É preciso cimentar esta ideia: no interior, os nossos jovens estudantes são tão bons como os do litoral, mesmo com condições adversas. Exemplos não faltam para o comprovar. O João Miguel é, apenas, um deles.
Mário Mendes