Saiu a público o nº 59 - Julho 2017 - do boletim "Conviver-Reviver", editado pelo Centro de Dia do Casal Popular da Damaia, instituição de solidariedade social presidida pelo nisense Dr. João José Dinis Caixado e a que dá assídua e valiosa colaboração, o cidadão montalvanense, Dr. António Cardoso Mourato, recentemente homenageado na sua terra natal.
Deste número do "Conviver-Reviver" retirámos o artigo sobre a Violência no Desporto, justamente de António Mourato, reflexão acompanhada de algumas quadras do mesmo autor. Num momento em que o futebol, principalmente, volta a ter destaque (inusitado) em toda a comunicação social e a despertar paixões, quantas vezes exacerbadas e destituídas do elementar bom senso, vale a pena ler este pequeno texto de um professor norte-alentejano, nosso conterrâneo e com o saber de experiência feito numa vida dedicada ao ensino.
Violência
no Desporto
"De facto, estamos rodeados de VIOLÊNCIA por todo o lado, e toda a hora, em todos
os lugares…
Há
violência no desporto quando o meu clube ganha e quando perde; quando o arbitro
é injusto e, quando faz uma boa arbitragem…
Antes,
durante e depois dos jogos… Há pessoas que vão parar ao hospital gravemente
feridas… E já têm morrido nestes!
Nos
campos de futebol, o entusiasmo de muitos, leva a comportamento exaltados que
PASSAM, muitas vezes, a batalhas campais, nas quais os beligerantes ou
guerreiros raramente ficam ILESOS…
Quando
o arbitro valida um golo que, que para alguns foi ilegal, temos o caldo
entornado… O belo escacholo transforma-se em sangrenta batalha!
Não
é apenas em Portugal… Só dois exemplos:
I
- Em Manchester, à saída de um concerto musical. Em 23 de Maio de 2017,
morreram 22 pessoas e 59 ficaram feridas, quase todas adolescentes;
II
- Em 26 de Maio de 2017, no Egipto, 23 cristãos coptas foram mortos! Porquê?
Temos
de modificar a nossa conduta e procurar evitar estas guerras. Um espetáculo
desportivo ou não, tem de voltar a ser uma festa. Não pode ser transformado por
alguns, em algo indigno do ser humano…
Quando
novo, eu assistia a provas desportivas com entusiasmo e alegria. Era, de facto,
uma festa. Hoje, já não ponho os pés num estádio há muito tempo! Tenho medo do
que pode vir a acontecer de desagradável para mim e para os outros…
Todos
mas todos, temos de proceder para que a festa, a alegria e a paz voltem aos
campos de futebol. E não só…
Todos
temos de saber perder e saber ganhar. Ninguém deve provocar o adepto do club
rival. Deve ver no adversário alguém que tem o direito de ser respeitado. Não
devemos achincalhar, e muito menos agredir com palavras, com os punhos, com os
pés, (ou PATAS…) as pessoas que, individualmente, ou em grupo, vão aos estádios
aplaudir o clube de que são adeptos.
Assim,
é bonito, é festa, é alegria. Digamos não à guerra, à morte.
Talvez
as quadras seguintes esclareçam melhor o meu pensamento:
Desporto com desportivismo
No
desporto com prazer
Seja
ou não nosso rival
Ganhas
bem ou bem perdes
È
assim que é leal.
II
Num
espetáculo desportivo
Em
grupo, em família
Vou
com ela, vou contigo
Todos
nós, com alegria.
III
Fardados
ou à paisana
Vamos
nós, a mão na mão
Alegria
no coração
Num
belo fim-de-semana
Alegria
no coração.
IV
Não
me atires com pedras
Porta-te
como deve ser
Senão
haverá refrega
Ambos
ficamos a perder.
V
A
ganhar ou a perder
Em
boa competição
É
luta bela de ver
Fornece
a união.
VI
Nada
de agressões
Portemo-nos
como pessoas
Nem
gritamos palavrões
Que
vão do Porto a Lisboa.
VII
Jogar
limpo e correto
E
dá gozo ir à bola
Não
sejamos “ chico esperto”
Não
roubamos a camisola.
VIII
Alma
sã em corpo é
Era
assim, antigamente
Na
Damaia ou em Montalvão
Ir
e vir sempre contente.
IX
Em
casa ou no desporto
Lutar
bem e bem vencer
Não
cair em saco roto
Jogo
limpo eu quero ver."
Damaia,
27 de Maio de 2017.
António
Cardoso Mourato