14.7.17

António Mourato escreve sobre a violência no desporto no "Conviver-Reviver"

Saiu a público o nº 59 - Julho 2017 - do boletim "Conviver-Reviver", editado pelo Centro de Dia do Casal Popular da Damaia, instituição de solidariedade social presidida pelo nisense Dr. João José Dinis Caixado e a que dá assídua e valiosa colaboração, o cidadão montalvanense, Dr. António Cardoso Mourato, recentemente homenageado na sua terra natal.
Deste número do "Conviver-Reviver"  retirámos o artigo sobre a Violência no Desporto, justamente de António Mourato, reflexão acompanhada de algumas quadras do mesmo autor. Num momento em que o futebol, principalmente, volta a ter destaque (inusitado) em toda a comunicação social e a despertar paixões, quantas vezes exacerbadas e destituídas do elementar bom senso, vale a pena ler este pequeno texto de um professor norte-alentejano, nosso conterrâneo e com o saber de experiência feito numa vida dedicada ao ensino.
Violência no Desporto 
"De facto, estamos rodeados de VIOLÊNCIA por todo o lado, e toda a hora, em todos os lugares…
Há violência no desporto quando o meu clube ganha e quando perde; quando o arbitro é injusto e, quando faz uma boa arbitragem…
Antes, durante e depois dos jogos… Há pessoas que vão parar ao hospital gravemente feridas… E já têm morrido nestes!
Nos campos de futebol, o entusiasmo de muitos, leva a comportamento exaltados que PASSAM, muitas vezes, a batalhas campais, nas quais os beligerantes ou guerreiros raramente ficam ILESOS…
Quando o arbitro valida um golo que, que para alguns foi ilegal, temos o caldo entornado… O belo escacholo transforma-se em sangrenta batalha!
Não é apenas em Portugal… Só dois exemplos:
I - Em Manchester, à saída de um concerto musical. Em 23 de Maio de 2017, morreram 22 pessoas e 59 ficaram feridas, quase todas adolescentes;
II - Em 26 de Maio de 2017, no Egipto, 23 cristãos coptas foram mortos! Porquê?
Temos de modificar a nossa conduta e procurar evitar estas guerras. Um espetáculo desportivo ou não, tem de voltar a ser uma festa. Não pode ser transformado por alguns, em algo indigno do ser humano…
Quando novo, eu assistia a provas desportivas com entusiasmo e alegria. Era, de facto, uma festa. Hoje, já não ponho os pés num estádio há muito tempo! Tenho medo do que pode vir a acontecer de desagradável para mim e para os outros…
Todos mas todos, temos de proceder para que a festa, a alegria e a paz voltem aos campos de futebol. E não só…
Todos temos de saber perder e saber ganhar. Ninguém deve provocar o adepto do club rival. Deve ver no adversário alguém que tem o direito de ser respeitado. Não devemos achincalhar, e muito menos agredir com palavras, com os punhos, com os pés, (ou PATAS…) as pessoas que, individualmente, ou em grupo, vão aos estádios aplaudir o clube de que são adeptos.
Assim, é bonito, é festa, é alegria. Digamos não à guerra, à morte.
Talvez as quadras seguintes esclareçam melhor o meu pensamento:
Desporto com desportivismo
No desporto com prazer
Seja ou não nosso rival
Ganhas bem ou bem perdes
È assim que é leal.
II
Num espetáculo desportivo
Em grupo, em família
Vou com ela, vou contigo
Todos nós, com alegria.
III
Fardados ou à paisana
Vamos nós, a mão na mão
Alegria no coração
Num belo fim-de-semana
Alegria no coração.
IV
Não me atires com pedras
Porta-te como deve ser
Senão haverá refrega
Ambos ficamos a perder.
V
A ganhar ou a perder
Em boa competição
É luta bela de ver
Fornece a união.
VI
Nada de agressões
Portemo-nos como pessoas
Nem gritamos palavrões
Que vão do Porto a Lisboa.
VII
Jogar limpo e correto
E dá gozo ir à bola
Não sejamos “ chico esperto”
Não roubamos a camisola.
VIII
Alma sã em corpo é
Era assim, antigamente
Na Damaia ou em Montalvão
Ir e vir sempre contente.
IX
Em casa ou no desporto
Lutar bem e bem vencer
Não cair em saco roto
Jogo limpo eu quero ver."
Damaia, 27 de Maio de 2017.

António Cardoso Mourato