16.11.13

Presidente da Câmara contra o encerramento do Tribunal de Nisa

Reunião sobre o encerramento e desqualificação dos Tribunais
 “Este é um ensaio para futuras extinções”, enfatizou o Bastonário António Marinho Pinto na abertura da sessão que reuniu Presidentes das Câmaras Municipais e Assembleias Municipais, e Delegações da Ordem dos Advogados, para a discussão do Mapa Judiciário e do Ante-Projecto de Decreto-Lei que estabelece o Regime de Organização e Funcionamento dos Tribunais Judiciais. A reunião teve lugar dia 14 de Novembro, na sede da OA, em Lisboa.
“É tão grave desqualificar um Tribunal como encerrá-lo”, sublinhou Elina Fraga, 1ª Vice-Presidente do Conselho Geral da OA. “Esta é uma luta que tem que ser travada e que pode ser vencida com a força da população”.
O descontentamento dos autarcas foi generalizado, que contestaram os critérios utilizados. “Não aceitamos nenhum argumento de proximidade. Quem tem de recuar é a Ministra”, enfatizou o Presidente da Câmara Municipal de Mondim de Basto. “O Município de Carrazeda de Ansiães não foi sequer contemplado com uma secção de proximidade, gostava que a Ministra nos explicasse porquê”, questionou o autarca daquele Concelho. A perplexidade foi partilhada pela autarca de Nisa. “O tribunal tem boas instalações. Gostávamos de saber porque é que não aproveitam as nossas valências. Se vão encerrando todos os serviços qualquer dia entregamos as chaves dos Paços do Concelho, pois na verdade ficamos a defender o quê?”.
No final da reunião Elina Fraga sublinhou que os advogados têm de assumir as suas responsabilidades e em conjunto com os autarcas informar as pessoas do impacto das medidas do Governo. “Será mais fácil mobilizar as populações se estas estiverem esclarecidas do que está verdadeiramente em causa, e perceberem que esta luta não é dos advogados mas das populações”. A 1ª Vice-Presidente enfatizou que apesar da tónica da discussão ser colocada nos Concelhos do interior pelas dificuldades nos transportes, o problema também se fará sentir nas áreas metropolitanas das grandes cidades, com a criação de tribunais de especialidade em Concelhos diferentes. “As pessoas vão ser martirizadas e vão ter de andar de um lado para o outro”.
“Devemos combater a perigosa ilusão daqueles que julgam que alguém vai beneficiar com estas medidas”, afirmou o Bastonário.
No final da reunião decidiu-se agendar uma “jornada de protesto” para dia 20 de Dezembro, cuja forma será decidida entre a Ordem dos Advogados e a futura direcção da Associação Nacional de Municípios Portugueses, logo após a eleição desta última. A proposta foi aprovada por maioria com uma abstenção.

 A reunião foi transmitida pela Justiça TV. http://www.justicatv.com/