Em Nisa,
sempre houve muitos e bons jogadores e até treinadores que passaram pelo
velhinho campo do Alto de Palhais e pelo campo do Sobreiro ou D. Maria Gabriela
Vieira, e muitos foram os derbys que se jogaram e viveram com grande alma e
intensidade.
Chegou a
haver em Nisa duas equipas, representando o Sporting e o Benfica. Jogadores
como os senhores Jaime Matutino e Joaquim Louro (ambos já falecidos), entre tantos,
faziam a alegria da população de Nisa, naquela época adepta do futebol.
Mais tarde
surgiram outras equipas já agregadas a um só clube, o Sport Lisboa e Nisa,
depois Sport Nisa e Benfica.
Quem não se
lembra de ver jogar o senhor António Louro (“Manhoso”), que chegou à 1ª Divisão
Nacional e jogou em clubes como o Lusitano de Évora e a saudosa CUF do
Barreiro? Ou os senhores Armando Casimiro (Caxamela) que jogou no Oriental e
José Casimiro (Conixa) não esquecendo outros valorosos jogadores que passaram
pelo clube?
Os
jogadores dessa altura já nasciam com qualidades inatas e com a apetência para
jogar. Jogava-se à bola nas ruas e nos largos públicos, com bolas feitas de
trapos, a maior parte das vezes sob a pressão da temível GNR. Brincar, naquele
tempo era quase um delito…
Esses
espaços e as renhidas pelejas entre zonas da vila faziam de “escolinhas” e com
naturalidade apareciam jovens determinados com grande capacidade, força de
remate, e excelente jogo de cabeça, factores que seriam determinantes para a
sua evolução futebolística.
Nisa tinha,
também, bons treinadores para a época, a nível local e pagos a “peso de ouro”:
recebiam palavras de conforto e estímulo quando a equipa ganhava, insultos e
desconsiderações quando não atingiam a vitória. Homens como o mestre Joaquim
Louro, o senhor João Francisco e outros, deram muito do seu trabalho, amor e
dedicação ao clube, elevando bem alto o futebol em Nisa.
Não posso
esquecer as várias passagens do clube da terra pela 3ª divisão nacional e pela
Taça de Portugal, com vitórias, brilhantes, nos campeonatos distritais,
conseguidas por equipas formadas à base dos jovens que aqui nasceram. Essas
passagens pelos campeonatos nacionais deram muito prestígio ao Sport Nisa e
Benfica e divulgaram o nome de Nisa por todo o país.
Hoje, o
futebol mudou. Para se atingir algum nível não basta ter o “dom” de jogar bem,
tem que existir um suporte de retaguarda muito forte, quer em termos físicos,
técnicos e tácticos. Actualmente, o jogador “faz-se” com muito trabalho, sério,
dedicação e alguma sorte pelo meio.
A nível
regional e em clubes pequenos, o tirar os miúdos do álcool, da droga e outros
vícios, e incutir-lhes o gosto pelo desporto, representa uma grande vitória e
mérito, sem ser preciso ter ideias megalómanas e interesses invisíveis, que
ninguém sabe onde começam e onde vão acabar.
A riqueza
do jogador nisense e a sua paixão pelo jogo de futebol é só por si um forte
adjectivo que muitas localidades do distrito gostariam de ter, mas que muito
boa gente com responsabilidades desportivas e políticas continua a não
entender, dando-se ao “luxo” de continuar a brincar aos futebóis.
O Fintas in "Jornal de Nisa"
* Texto de homenagem e evocação de José da Graça Gomes Bandarra, falecido no passado dia 18 de Outubro de 2013.
* Texto de homenagem e evocação de José da Graça Gomes Bandarra, falecido no passado dia 18 de Outubro de 2013.