2.11.13

NISA: "Dêem-nos a Esmolinha dos Santos"



"Parecem bandos de pardais, à solta", canta o Carlos do Carmo n´Os Putos e eis que, parecendo "índios capitães da malta" deambulam pelas ruas, sacos na mão e olhar gaiato, irreverente, a pedirem meças aos "haloweens" que vieram da estranja. "Dêem-nos a Esmolinha dos Santos", vão dizendo, de casa em casa, reavivando uma tradição que se julgava, definitivamente, perdida.
Diz o povo que "cada terra com seu uso e cada roca com seu fuso", para explicar como numas regiões esta tradição se chama "pedir o santoro ou santorino", noutras "o pão de Deus" e em Nisa, simplesmente, a Esmola ou Esmolinha dos Santos.
É um costume antigo e nos anos 60 e 70 quando havia ainda alguma actividade agrícola digna de registo, os lavradores ou as casas mais ricas, davam ordens para se contemplar as crianças (os putos) com aquilo que tinham de mais fartura: o feijão preto, as romãs, as passas de figo, rebuçados, marmelos, enfim, uma variedade de produtos alimentares que, em tempo de pobreza eram sempre recebidos com grande alegria.
Hoje, talvez por influência dos professores de português (suponho) o reavivar desta tradição contribui para levar um pouco de magia, de animação e alegria, a cada rua da vila e das aldeias, onde ainda há crianças.
- Quantos são? Tomem lá a "esmolinha dos Santos" e pró ano voltem outra vez, está bem?"
 Mário Mendes