19.11.23

SAÚDE: Vamos respirar fundo para falar de DPOC

As doenças respiratórias são patologias que preocupam seriamente os profissionais de saúde: são a terceira causa de morte na Europa! A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é responsável por 40% destas mortes. No entanto, numa sondagem realizada em 2022, mais de 70% dos portugueses nunca ouviram falar de DPOC.  
A DPOC leva a um estreitamento irreversível das vias aéreas mais pequenas, o que causa sintomas como a falta de ar ou cansaço, tosse, pieira (“chiadeira” ou “gatinhos”) e sensação de aperto no peito. Apesar do tabagismo ser a principal causa de DPOC, existem outros fatores como a exposição ao fumo de biomassa (lareiras ou fogões a lenha), poluição atmosférica e exposição a poeiras e químicos no ambiente de trabalho.  O diagnóstico de DPOC é simples. Baseia-se nos sintomas do doente em conjunto com testes de função respiratória.  
Habitualmente, esta doença vai piorando lenta e progressivamente ao longo de anos, mas podem existir episódios de agravamento rápido dos sintomas, designados de exacerbações. Estas exacerbações podem ser desencadeadas por infeções respiratórias, a causa mais frequente, mas também por exposição a fumos, poeiras e poluição. O problema destas descompensações é que levam a uma deterioração marcada do funcionamento do pulmão e a sintomas que frequentemente persistem mesmo após o tratamento adequado. Nem sempre o portador de DPOC volta ao “normal”. A cada exacerbação, o doente tem agravamento da sua qualidade de vida. Depois de uma exacerbação, o risco de voltar a ter outra é muito elevado, criando-se um ciclo vicioso difícil de controlar. Apesar de ser uma doença dos pulmões, sabe-se que o risco de enfarte do miocárdio e de AVC é muito elevado após uma exacerbação aguda.
Sabemos que esta doença pulmonar é progressiva e incurável, mas, a verdade, é que também pode ser prevenida e controlada. Se tem sintomas de DPOC deve procurar o seu médico para que possa ser diagnosticado e adequadamente tratado. O tratamento da DPOC passa pelas seguintes medidas: 
Deixar de fumar atrasa a progressão da doença e diminui os sintomas diários. 
A medicação inalada dilata e desinflama as vias áreas, reduzindo os sintomas; 
Uma vida ativa e a reabilitação respiratória com um fisioterapeuta melhoram a tolerância ao esforço e a qualidade de vida; 
As infeções respiratórias são a causa mais frequente de agravamento nos doentes com DPOC. Por este motivo, todos devem ser vacinados para a gripe e COVID-19 anualmente e para a pneumonia;
Se tiver sintomas de gripe ou constipação deve usar máscara e desinfetar as mãos com frequência. Deve estar atento e procurar o seu médico se desenvolver falta de ar ou expetoração amarelada.
Dia 17 de Novembro assinala-se o Dia Mundial da DPOC. Aproveite este dia para pensar em si e naqueles que conhece e que estão em risco. Respirar melhor depende de todos!  

* Dra. Eva FernandesNúcleo de Estudos de Doenças Respiratórias da SPMI